Capítulo 9

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Acordar com o Lucas abraçado a mim, começa a tornar-se um hábito. Não sei com é que de um plano semanal de encontros, acabamos a dormirmos abraçados todas as noite. Fico a olha-lo a dormir, é sempre tão pacifico, tão calmo. Sorrio, depois afasto os cobertores para me levantar. Sinto sua mão a segurar a minha puxando-me de volta para a cama.

-Fica aqui comigo... para sempre.

Um sorriso evadiu-me o rosto. - Quem me dera. Mas tenho de ir trabalhar. - dou-lhe um beijo e levanto-me.

Visto o robe de seda que estava no meio do chão, e sigo até a casa de banho, ligo a água para um duche rápido, enquanto ela aquece, desamarro o cabelo e tiro a pouca roupa que tinha no corpo. Entro no duche, e no momento que vou a fechar a porta, uma mão interrompe. 

-Posso ao menos tomar banho contigo?

Digo que sim com a cabeça e ele entra de seguida. A água morna caí sobre as minha costas, enquanto ele passa as esponja cheia de gel de banho sobre mim. Viro-me para ele e começo a beijar-lhe o pescoço. Ele pega em mim ao colo e encosta-me á parede enquanto me beija. A água caí sobre nos ao mesmo tempo que o clima aquecia...

A campainha... só podem estar a gozar. O som daquela insistência, faz-me sair apressadamente para ir abrir a porta. Só me pergunto que será a uma hora destas. A minha pergunta é respondida no momento que abro a porta.

-O que é que estas aqui a fazer?

-Eu só tinha de ter a certeza.- diz-me Mateus entrando, dando-me um ligeiro encontrão.- Onde é que ele está?

-Desculpa? Só podes estar a brincar comigo! Chegas a minha casa, entras sem ser convidado e ainda por cima achas que tens autoridade aqui? 

Ele chega-se para minha beira  agarra-me o braço com força. Por mais que me tentasse soltar, parecia cada vez mais difícil. Peço-lhe que me solte dizendo que me esta a magoar. No entanto ele puxa-me para si tentando me beijar á força.

-Tu és minha. MINHA! Ouviste?

O meu coração estava a mil, o medo do que me podia fazer deixava-me imóvel.  Vejo o Lucas a sair do quarto, gritando para que ele me largasse. Mateus ignora sua palavras agarrando cada vez com mais força o meu braço.

-Pensei que fossemos amigos. Mas roubares-me a namorada? Isso é muito baixo.

Dava para perceber que o nível de raiva do Lucas aumentava cada vez mais. Tenho medo que ele se magoe. Continuo a puxar o meu braço com intuito de me soltar mas sem sucesso. Olho para o lado e vejo Lucas a levantar o braço e a dar um muro na cara de Mateus. Nesse momento sinto uma liberdade no braço. Percebendo então que ele se encontrava no chão. O Lucas vem ter comigo abraçando-me. Agarrei-o com toda a força possível. Parecia que tinha acabado, mas como claro a vida não é como os filmes, e por isso quando olho em frente vejo o Mateus, novamente de pé, desta vez estava com uma navalha na mão. Tento avisar o Lucas, mas quando damos fé, a faca estava já espetada nas costas dele.

Uma lágrima corre pela cara a baixo, viro-me e pego no vaso que tinha atrás de mim e atiro-lo á cabeça. Voltando a cair no chão. Tento deitar o Lucas enquanto pego no telefone e chamo o 112. Tento reconfortar-lo dizendo que ia correr tudo bem, ainda que não achasse isso verdade.

A ajuda parecia demorara imenso tempo. Tento arranjar algo para amarrar o Mateus para que este não fugisse. Depois, vou até a cozinha arranjar panos para tapar a ferida de Lucas. Finalmente ouço a sirene. Um sentimento de alivio percorreu-me o corpo. 

O caos estava instalado nesta casa. Paramédicos de um lado a tentar cuidar do Lucas, policias do outro a levar o Mateus. No meio estavam uns peritos quaisquer a avaliar a situação, ou pelo menos era o que diziam. Uma agente vem ter comigo para me levar á esquarda prestar declarações. Peço-lhe que me deixasse vestir primeiro, pois contava sair de lá direta para o hospital. Mata-me por dentro saber que não posso ir já para a beira dele.

Finalmente saí daquele sitio horrível. Apanho um táxi e vou para o hospital. Durante o caminho um aperto no coração deixa-me cada vez mais nervosa. Penso como seria se eu tivesse dito que sim ao Lucas, que ficariam com ele para sempre. Eu sei que ele referia a ficarmos na cama, mas talvez devesse-mos ficar juntos em outros aspetos. Eu amo-o e tenho a certeza que ele me ama, talvez fosse a hora de dar o próximo passo. 

Depois de uns 20 min, finalmente chego, vou á receção e pergunto pelo Lucas. A menina, depois de alguma insistência, acaba por me indicar o quarto onde ele está. Sento-me junto á sua cama e fico a olha-lo. A médica disse-me que ele tinha acabado de sair da cirurgia e que podia ainda demorar algum tempo a acordar. Sinto um alivio no momento em que ela acrescenta que vai ficar tufo bem, que tinha sido superficial.

-Se quiser pode ir tomar um café. Ele não deve acordar em breve.- diz-me um enfermeira simpática colocando a sua mão sobre o meu ombro.

-Mas ele está bem? Não me minta por favor.- digo enquanto uma lágrima escorre pela cara a abaixo.

-Sim, só vai demorar a acordar porque o efeito do soro ainda não passou. Vá descansar e volte numa horinha.

Assim fiz, peguei na mala e saí do quarto do hospital, sempre a olhar para trás. Uma hora, é o tempo que tenho para me decidir. Para perceber se tenho coragem para o fazer. Saio do Hospital, passo por uma pastelaria para comer. Como sempre sento-me perto da janela, para apreciar a vista enquanto me delicio com um bolo muito calórico. Talvez fosse o destino, ou apenas coincidência, mas dos outro lado da rua estava lá exatamente o que eu precisava. Era uma ourivesaria. Talvez fosse cedo para o fazer, mas o acontecimento de hoje mostrou-me que é ele que eu quero para o resto da minha vida.

Termino o meu pequeno almoço e digiro-me á ourivesaria...  

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