"O desejo de muitas pessoas é poder, simplesmente, pegar no carro e seguir sem destino. Conduzir até não poder mais, ou até chegarmos a um sítio que nos agrade. No entanto, sabemos que não o podem fazer, por várias e diversas razões. Este desejo torna-se mais intenso depois de um mau dia, ou melhor, um péssimo dia. Quando por exemplo, o trabalho corre mal, ou até mesmo quando o carro é rebocado, melhor, quando o nosso namorado acaba conosco. Agora suponhamos que estas situações, entre outras acontecem todas no mesmo dia e no espaço de uma hora. Sim é mesmo isso. Se alguém acha que teve um mau dia, então é porque não viveu na minha pele hoje. Existem pessoas com azar, depois existem pessoas como eu, que nem sorte nem azar, simplesmente não se deviam ter levantado da cama.
Por isto tenho mais um dos meus conselhos: se acordam com a sensação de que vai ser um mau dia, então não se cheguem a levantar, porque acreditem vai ser."-Ei, já acabaste o teu blog diário?- pergunta-me ao entrar no quarto
-Sim.- digo fechando o computador- mas sinto que hoje foi difícil de escrever. É como se estivesse bloqueada.
-O dia hoje foi mesmo mau, não foi?
-Foi. Nunca pensei que me fosse acontecer tudo hoje.- ela senta-se ao meu lado, enquanto eu deito a minha cabeça sobre suas pernas.- Eu não consigo entender Clara. O que é que fiz de mal?
-Ò minha linda, a culpa não foi tua. Eles é que não sabem apreciar o valor da tua escrita. Porque é que não começas a assinar o teu blog?
Levanto-me de repente, e olho-a com cara de negação, sendo minha irmã deveria saber que eu nunca faria tal coisa. Ela sabe que o que eu mais gosto neste blog é o facto de ser anónima, de poder escrever tudo o que quiser sem ser reprimida pois ninguém faz a mínima ideia de como eu sou em pessoa.
-Tu estás doida, só pode. Achas que alguma vez o faria?
-Não vejo porque não. Sabes lá se não eras contratada por algum jornal para uma coluna diária. Não é esse o teu sonho?
-Sabes muito bem que é, mas também sabes que este blog é como um desabafo. Eu sou uma inspiração para algumas pessoas, e sabes porquê?- ela abana com a cabeça dizendo que não- Porque quem lê não sabe quem sou.
-O que é que a pessoa que és tem haver com o blog? és tu que o escreves, logo independentemente da tua aparecia, as palavras e pensamentos são teus. - diz-me num tom irritado.
-Não me venhas com essa do "as palavras e pensamentos são teus"- repito num tom de troça- Sabes que eu escrevo sobre assuntos delicados, coisas que se os meus leitores me vissem iam achar que eu nunca passei por essas situações.
-Tu és uma exagerada- diz num tom mais desistente- Mas sabes que mais? Já não quero saber, a decisão é tua.
Sorrio-lhe com o sinal de agradecimento. A Clara é a minha irmã mais velha, é aquele tipo de pessoa em que eu posso confiar tudo, basicamente, a minha melhor amiga. Pessoas a que eu digo isto até acham estúpido, mas é o que eu sinto. Ela esteve sempre aqui para mim. Podia não me ter aceitado, afinal de contas não é toda a gente que aceita um irmão adoptivo. Desde que me lembro, os meus pais sempre disseram que ela foi a primeira pessoa que me conseguiu fazer integrar melhor na família. Não digo que os meus pais não gostassem de mim, ou que não gostem atualmente, mas ela, ela sempre me adorou, eu sinto-o.
Olho o relógio, 19h00, não acredito que me deixei estar até tão tarde. Hoje era suposto ir a um jantar de gala as 20h00, mas o meu apetite é pouco. Fui convidada para servir de para a um colega meu, pensei em recusar, ás vezes penso que ele possa sentir algo por mim e não o quero magoar, no entanto achei que fosse bom distrair-me um pouco da minha tese, e ao mesmo tempo era uma boa oportunidade de falar com grandes jornalistas. Mas o problema é que já nem sei se ele quer que vá, até porque fui despedida hoje.
"mensagem recebida: ei, então? espero que já te estejas a preparar. não quero que o facto de teres sido despedida arruine a nossa noite, ainda quero que venhas comigo á gala.
bjs. Mateus"
Há que admitir que o sentido de oportunidade dele é perfeito, porém agora só tenho uma hora para me prepara para um gala. Digiro-me para a banheira, numa situação normal, demoraria uns 20min no banho, mas como tenho pouquíssimo tempo, reduzi para 10min. Em seguida vou ao meu armário em busca de uma roupa interior discreta para o vestido, mas sexy. A proveito para tirar o vestido que o Mateus ma havia oferecido, este vinha embrulhado em plástico. Ele tinha me dito que apenas o podia ver no dia de hoje. Tiro então o plástico, o vestido é ainda mais lindo que tinha imaginado. De um cor avelã, que condiz com os meus olhos, comprido até aos pés, algo que combinava exatamente com a minha altura, e por fim com um decote vistoso que fazia os peitos (que são de tamanho médio) realçarem. Decidi deixa-lo de lado enquanto me maquilhava, não costumo ter muito jeito para isto, mas optei por algo não muito carregado para não exagerar, depois fiz um puxo desajeitado com alguns cabelos á solta na frente da cara, e enchi-o de laca para que este não se atrevesse a soltar durante a noite. Por fim, abri a caixa que vinha com o vestido, eram uns sapatos beje, se salto alto, que completava perfeitamente o look.
Olho-me uma ultima vez ao espelho para ver se não faltava nada. Ouço a campainha a tocar. Deve ser ele, pego na minha pochete, e digiro-me para a porta e abro-a.
-Uaw- diz-me de boca aberta.
-O que é que estás aqui a fazer?
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Mais Do Que Uma Atração
RomansaMalia acha que pode fugir à atração, mas talvez seja convencida do contrário... Uma pequena história de muito amor e paixão.