Parte 8

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- Tia? Como assim? O Josh? Pai? eu estou passada amiga.

- Pois é. E eu fiz tantas recomendações à ele antes de vir pra cá, se bem que ele disse que estava usando camisinha, e que era provável que ela estivesse furada.

- E os seus pais, como reagiram à notícia?

- Eu acho que eles nem sabem ainda. Josh me contou anteontem depois que voltamos do shopping, e segundo ele, teria que criar coragem pra dar a noticia.

Faziam dois dias que Josh havia me dado a notícia de que eu (provavelmente) seria titia, e apenas algumas horas que ele havia confirmado: Treena fizera um teste digital que mostra a quantidade de semanas de gravidez. Três semanas.

Ao mesmo tempo que eu estava preocupada - eu não imaginava Josh cuidando de uma criança - eu estava animada em ser tia, afinal, eu amava crianças. Pensei também em como meus pais reagiriam à essa noticia: era provável que papai desse um sermão sobre responsabilidades e a falta da mesma.

Mamãe iria falar bastante também, mas logo se acostumaria com a ideia de ser vovó, ja que ela vivia falando nessa possibilidade (mesmo em todas as vezes o neto hipotético ser meu filho).

Na empresa, a situação não estava nada fácil. Sr. Jones estava irritado com alguns investidores que haviam cancelado uma negociação, e estava descontando seu estresse em mim. Eu estava uma pilha de nervos, e chegava em casa chorando quase todos os dias. Tudo bem que o drama ajudava um pouco, mas eu estava realmente sobrecarregada.

"Boa noite Sr. Jones, eu terminei os relatórios mas fiquei com dúvida em um da Onyon & co."

"Amanhã resolvemos isso. Chegue mais cedo"

Ah não. Não é possível. Ele não media esforços para ser insuportável. 

No outro dia, assim fiz: cheguei ás dez da manhã na empresa. Assim que cheguei perto da porta do escritório, comecei a escutar um choro ensurdecedor de criança. Quando fui até a sala do Sr. Jones entregar seu café, ele estava com um menino, que aparentava ter uns 2 anos, em seu colo, e com a outra mão, tentava falar ao telefone. 

Eu coloquei o café na mesa, e nesse instante, ele encerrou a chamada e se virou pra mim.

- Olá, bom dia.

Bom dia? Bom, naquele momento eu pensei que alguma coisa estava errada. Ele nunca me dava bom dia, nem sequer olhava na minha cara direito.

- Bom dia, Sr. Jones. Eu...

- Faça um favor pra mim? Esse é Jason, meu sobrinho. Minha irmã teve de viajar a negócio, minha mãe está na yoga e as babás dele estão de folga, então eu tive de ficar com ele. Tem como você olhar ele pra mim? Estou muito atolado de tarefas. Aqui está a mochila dele com as fraldas e o resto das coisas.

"Escuta aqui, qual é o seu problema? Como se ja não bastasse ter um milhão de tarefas, eu ainda tenho que pagar de babá do seu sobrinho. Toma vergonha na cara seu folgado, eu vou pedir aumento de salário."
Claro que eu só pensei, não tava afim de perder meu emprego.

Enquanto estava no meu escritório, Jason dormia. Ele chorou durante uma hora e meia sem parar, e foi um custo fazer ele parar de chorar. Eu dei mama, brinquedo, contei histórias, ninei, e nada adiantava, e só depois de muito tempo ele foi pregar os olhos. Ele dormia feito anjinho, e era uma das coisas mais fofas que eu ja tinha visto. Reparei que ele parecia com o Sr. Jones, os olhos e a boca eram idênticos. 

Mr. Stupid JonesOnde histórias criam vida. Descubra agora