Jimin.

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Park Jimin POV

JIMIN, VENHA LOGO TOMAR CAFÉ, VOCÊ VAI SE ATRASAR! — minha mãe grita da cozinha pela milésima vez e bufei impaciente, não posso nem me arrumar em paz para o primeiro dia de aula no colégio.

— já estou indo mamãe, não precisa ficar repetindo as coisas toda hora, eu hein. — eu preciso estar lindo, quero dizer, eu já sou lindo, mas preciso ir bem arrumado, primeiro dia de aula é como um desfile de moda, as pessoas não vão para rever os amigos ou matar as saudades dos professores, elas vão para exibir suas roupas e alimentarem o seu ego.

Terminei de retocar a minha maquiagem e de pentear meus cabelos, sorri satisfeito com o resultado, sem querer me gabar mas é bom demais ser dono de uma bela aparência física.

— por que tanta demora para se arrumar Jimin? — minha mãe pergunta enquanto colocava o café no copo para eu beber.

— mamãe você sabe, eu preciso estar lindo nas aulas, é sempre bom se preocupar com a aparência e causar uma boa impressão, é o primeiro dia de aula esqueceu? — ah finalmente o terceiro ano, o ultimo ano, eu já me encontrava ansioso para acabar o ensino médio de vez e não ter que lidar mais com aqueles outros alunos metidos.

— você deve se preocupar é com os estudos e com o seu futuro. — ela sorriu e eu revirei os olhos, não tinha um pingo de paciência para mais uma de suas lições de moral.

— sério que você vai brigar comigo só por eu querer estar bonito no primeiro dia de aula? Fala sério mamãe, já é difícil eu ter que lidar com o fato de eu ser pobre, deveria sentir orgulho de eu ser tão bonito. — terminei meu café e peguei minha mochila, eu estava um pouco atrasado então tenho que ir correndo para o colégio.

— eu tento sentir orgulho de você ser bonito, mas eu só consigo sentir medo.

— chega de drama, tchau mamãe eu tenho que ir. — sai antes que ela me respondesse, se deixasse a gente ficaria discutindo o dia todo.

Andei o mais rápido que pude, eu não gosto do lugar onde eu moro, muito menos desses vizinhos mal educados e repugnantes. Eu moro em uma pequena casinha com a minha mãe, somos apenas eu e ela já que meu pai faleceu uns anos atrás, a situação está cada vez difícil, minha mãe trabalha como costureira mas mesmo assim, as vezes nem sobra dinheiro para pagar as dividas, tudo o que eu quero é algum dia sair dessa vida e poder aproveitar uma vida luxuosa que eu tanto mereço.

Cheguei no colégio depois de uma boa e longa caminhada, espero ter perdido alguns quilinhos, botei um sorriso no rosto e comecei andar tranquilamente, enquanto eu sentia os olhares de todos os alunos em mim.

Se Deus me negou uma vida de luxo e uma boa condição financeira, pelo menos ele me deu uma boa aparência física, cabelos lisos e sedosos, pele pálida, lábios carnudos, um corpo escultural cheio de curvas, olhos pequenos, bochechas gordinhas, tudo em mim era extremamente perfeito.

Sempre chamei atenção por onde passava, muitos me desejavam, garotas querem uma chance comigo, metade dos garotos me invejavam enquanto a outra metade também sentia vontade de ficar comigo, se eu fosse rico minha vida seria mais perfeita ainda. Podem me chamar de metido ou de qualquer coisa, eu não me importo, qualquer um no meu lugar também iria agir como eu.

— uau Jimin, parece que a cada dia que passa fica ainda mais lindo. — meu amigo, Taehyung, diz rindo e me abraçou.

— você também não está nada ruim. — respondi e ele corou.

— como foram as suas férias? — ele pergunta enquanto entramos na sala de aula, por sorte caímos na mesma classe esse ano.

— foram mais ou menos, você sabe, fiquei em casa, queria tanto ter viajado mas minha mãe não tem condições.

— e as coisas na sua casa?

— estão ficando mais apertadas, o aluguel aumentou, tem as outras dividas incluindo a mensalidade aqui do colégio também. — me irritava só de ficar falando sobre o quanto a minha vida era difícil, a vida das outras pessoas parecia tão fácil, eu me sinto a pessoa mais do mundo.

— sabe que pode contar comigo quando precisar né?

— claro. — forcei um sorriso, Taehyung não era rico, mas tinha uma condição financeira melhor do que a minha, pelo menos ele vivia bem.

— por que não arruma um emprego?

— eu? Um emprego? Deus me livre. — nem pensar, um garoto lindo e jovem como eu trabalhando o dia todo por um salário miserável e ainda recebendo ordens dos outros? Eu não nasci para isso.

— você não tem condições de exigir nada Jimin, iria ajudar muito a sua mãe, na lanchonete onde eu trabalho abriu vagas e o salário até que é bom.

— servir as pessoas? Piorou. Prefiro passar fome.

— bom, pelo menos pense um pouco. — ele deu um tapinha em meu ombro e revirei os olhos.

[...]

Depois de um estressante dia no colégio finalmente cheguei em casa, estava exausto e morrendo de fome.

— mamãe, cheguei. — joguei minha mochila em algum canto e abri o armário procurando algo para comer.

Vazio.

Como sempre.

— como foi a aula filho? — ela pergunta sorrindo.

— o armário está vazio, o que eu vou comer hoje? Você não ia fazer as compras desse mês?

— o dinheiro que eu havia guardado eu usei para pagar a conta de luz.

— que droga. — minha mãe se aproximou de mim e me abraçou.

— tenha paciência Jimin, as coisas vão se resolver, eu posso pedir para os viz-

— nem pensar! — sai de perto dela. — eu prefiro passar fome do que comer o resto de outras pessoas, eu não sou cachorro. e acho bom você comprar algo para a gente poder comer, sem contar o dinheiro da mensalidade do colégio, não quero ter que abandonar os meus estudos por causa dessa vida miserável que eu tenho.

— Jimin, as coisas já são difíceis, com você reclamando só pioram, essa é a sua realidade e precisa aceitar ela.

— não, eu não me conformo mamãe, não tem um dia que eu não reclame disso, eu não aguento mais essa vida injusta, como pode um garoto tão lindo como eu ter uma vida tão horrível? — as lágrimas desceram pelo meu rosto, minha mãe me abraçou novamente.

— infelizmente a vida nem sempre é do jeito que queremos meu amor. Quando queremos muito uma coisa temos que lutar para conquistar, por que você não tenta arrumar um emprego? Você ganhando o seu próprio dinheiro iria ser muito bom.

— está bem mamãe, eu vou tentar. — sorri fraco.

— eu vou ver se tem um restinho de dinheiro no meu quarto para você comprar algo pra comer. — ela sorriu e foi para o quarto.

Respirei fundo e peguei meu espelho e encarei meu reflexo e limpei minhas lágrimas.

— você tem razão mamãe, quando a gente quer muito uma coisa, devemos lutar para conseguir, e eu vou fazer de tudo para conseguir ser rico, qualquer coisa para ter a vida que eu tanto mereço. Literalmente qualquer coisa.

Vaidade. (Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora