Pешение

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Quem lançou a ideia foi um carinha que eu havia conhecido num extra que fazia numa boate. Ele veio com um papo sobre um primo que havia descoberto um jeito de viver bem sem precisar de muito esforço. Eu já estava achando que ele ia tentar me vender alguma coisa dessas de pirâmide ou marketing digital, mas a coisa era outra. O tal primo era garoto de programa. Mas não do tipo que trabalhava pra uma agência. O negócio era ser autônomo, ele disse. Sem ter intermediários, diminuíam-se os riscos e aumentavam-se os lucros, foi o que comentou Sérginho, fazendo cara de entendido.

Eu não era mais inocente fazia tempo. Já sabia que esse tipo de coisa acontecia e já tinha feito a minha pequena quota de serviços extras para algumas patroas entediadas. Um ou outro agradinho aqui e ali. Mas nunca havia pensado em me profissionalizar. Curioso e desconfiado, questionei o meu amigo sobre o porquê de ele não ter entrado no esquema. Ele era boa pinta e provavelmente se daria muito bem, mas estava ali ralando o mesmo tanto que eu, ou até mais.

Foi então que ele falou dos contras do negócio. Dentre eles o fato de que a maioria dos clientes nesse tipo de negocio eram homens e ele não iria colocar em risco sua integridade masculina por dinheiro nenhum no mundo. Realmente, era um motivo justo. A ideia de ficar com homem por dinheiro também não me atraia.

Os dias se passaram, mas a ideia foi se fixando. Principalmente quando chegava época de pagar as contas e não sobrava dinheiro. E eu matutava e a cada vez a minha "integridade masculina" valia menos. Afinal, o que é que o orgulho tinha me trazido de bom até então? Isso era bobagem. Eu tava cansado dessa vida que levava e não via futuro nenhum nisso. Eu sei que algumas pessoas encontram felicidade em uma vida simples e comum, mas eu não. Nunca encontraria. Eu precisava de dinheiro e não ia deixar meu "orgulho hétero" interferir nisso.

Numa noite especialmente estressante eu cheguei em casa decidido, fiz uma limpa no apartamento que dividia com aquele porre do Vladimir. Disse adeus às suas regras idiotas e aquela vidinha medíocre e certinha e caí no mundo.

Enquanto embarcava em um ônibus em direção à uma nova cidade e uma nova vida, eu carregava tudo menos culpa. Vladimir que considerasse sua dívida com a minha família finalmente paga e me esquecesse. Aquele velho chato não ia mais me fazer a cabeça com seus ideiais ingênuos e ultrapassados. Eu tinha mais o que viver. E no que dependesse de mim, seria do melhor jeito possível.

 E no que dependesse de mim, seria do melhor jeito possível

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