O preço da ingenuidade.

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- Que calor... - Abro os meus olhos já dizendo.

Estou em casa. Esse é o meu quarto.

Tiro meu cobertor de cima de mim, levanto-me da cama.

- Que estranho... Estranho - Repito.

A janela está fechada e as luzes apagadas.

Olho para o meu armário, meu computador, meu celular no chão, meus livros bagunçados sobre os meus contos de fantasia medieval.

Vou até a port... Onde está a porta?

Não a vejo aqui.

No seu lugar está outra coisa.

- É um espelho - Penso.

Me aproximo.

Vejo uma pessoa e me assusto um pouco de primeira, me Afasto.

- Que burrice. Sou eu.

Vejo os meus óculos (que servem como uma espécie de "alerta! nerd aqui"), os meus braços, minhas pernas. Meu abdômen... Meu abdômen... Meu abdômen! Meu abdômen!!

- Está normal. - Digo.

Até que não estou tão mal assim.

Meus amigos me diziam que eu "pegava" músculos mesmo sendo sedentário.

Até inventaram que eu me masturbava muito.

Como se isso desse algum músculo.

Mas eu não estou dizendo que faço isso, crianças ‾︿‾

Meu pai diz que é hereditário. Que ele também era assim.

Ouço o barulho de algo caindo atrás de mim.

Isso me espanta.

Me viro para olhar mas não vejo nada fora do normal.

Volto a olhar o espelho.

Dou um grito ao ver aquela coisa horrenda no espelho.

Ainda era eu... Ou se parecia comigo.

Mas agora eu estava horrível naquela imagem.

Meus olhos estavam enegrecidos somente com as minhas pupilas que agora estavam vermelhas. Minha pele anormalmente avermelhada.

Eu me vi na imagem sorrindo enquanto era abraçado pela Lorena. A vi mordendo a minha orelha, em seguida vi ela pronunciando palavras.

Aquela coisa aterrorizante no espelho começou então a se movimentar.

A atrevessar o espelho e caminhar em minha direção.

Grito de horror e medo.

Não quero essa coisa perto de mim! Eu realmente não quero.

***

Abro os meus olhos novamente.

Estou na minha cama.

Outra vez...

Olho para o teto, levo minha mão à testa apenas para confirmar se estou mesmo suando.

Mas... É um suor estranho.

Minha mão... Minha mão está se afundando em minha testa.

Está escorrendo água do meu braço...

Não... Essa água vem do meu braço!

Mas que merda é essa!

Eu estou... Derretendo!

O que está acontecendo?!

***

Novamente no meu quarto.

Deitado na minha cama.

Abro os meus olhos mas logo fecho e os mantenho cerrados.

Não quero saber o que vai acontecer agora.

***

Nada aconteceu...

Vou abrir os meus olhos.

- Mas não abri! - Digo logo depois de constatar que meus olhos não querem abrir.

Tento com minhas mãos abri-los mas nenhuma resposta.

Não abrem mesmo quando eu puxo os meus cílios.

Tento perfurar os meus olhos com os meus dedos mas também não consigo.

Tento gritar mas... Minha boca também se fecha. Agora nada quer se abrir.

Paro de escultar o som do ambiente.

Me debato em minha cama por sentir que algo está me puxando para baixo.

Quase posso ter certeza de que são mãos...

Sim! São mãos. Eu sinto dedos me agarrarem.

Ainda estou em minha cama?

Preciso sair daqui! Preciso viver.

O ar está diminuindo.

Não sei se é por causa das minhas incontáveis tentativas de escape ou porque o meu nariz também está se fechando.

Está tudo ficando mais fundo...

Eu preciso sair daqui! Preciso mesmo sair!

Algo me cutuca... Sinto sono...

***

Outra vez em meu quarto.

Com as mesmas cobertas.

Tudo está em seu lugar.

O que me aguarda?

***

Me demoro um pouco na cama...

Estou esperando.

- Esperando o que? - Me pergunto.

- Algo acontecer - Eu mesmo me respondo.

***

Nada acontece.

Devo estar na realidade agora...

Vou me movimentando devagar...

Ainda estou alerta para qualquer coisa que aconteça.

Nada dessa vez.

Posso levantar.

Posso mesmo levantar.

Dou um pulo.

Não sei porque fiz isso.

Quero sentir que meu corpo está normal...

Nada acontece.

Tudo mesmo no lugar.

Até a porta.

Irei sair antes que aconteça algo.

***

Abro a porta e sou surpreendido com uma grande quantidade de água.

Não vejo nada na minha frente só agu...

Não é água!

É sangue!

É sangue de quem?

Como tem tanto sangue?

Não para de vir!

Por quê é tão grudento?!

Eu não consigo respirar...

Não consigo mesmo respirar!

O sangue está me sufocando!

Não há pra onde escapar!

As janelas não abrem.

Pela porta só entra sangue.

Impossível nadar...

Não deveria ser assim.

Por quê está acontecendo isso comigo?

Zets - Uma Guerra Secreta Em Nosso Mundo.Onde histórias criam vida. Descubra agora