VII - "Infelizmente não se pode voltar no tempo"

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Quando Miranda entrou no carro com Nigel e disse a Roy que os levasse até a casa de Andrea, o motorista soube instantaneamente que algo estava acontecendo e tratou de dirigir um pouco mais rápido que o habitual. Ele suspeitava que algo estivesse errado com a jovem, mas jamais comentou nada, não era seu papel fazer isso. Certa vez, criou coragem a perguntou se estava tudo bem. Ela esboçou um sorriso que não alcançou seus olhos, disse que sim e perguntou como estava a vida, a quantas ia o namoro, fazendo o possível para que o assunto não voltasse para si. Agora, a julgar pelas feições de Nigel e Miranda, Roy se perguntava se deveria ter insistido mais no assunto.

Infelizmente não se pode voltar no tempo.

Quando estava parando o carro, ele pela primeira vez ousou quebrar uma regra.

"Miranda, vou acompanhar vocês."

"Como?" Ela voltou o olhar para ele pelo retrovisor.

"Eu sei que tem algo acontecendo com a Andy. Posso ajudar?" A mulher abriu a boca e fechou algumas vezes, logo fez que sim com a cabeça e assim que ele estacionou em frente ao prédio todos desceram do veículo.

Miranda e Nigel se encaminharam para o prédio, rapidamente notaram que o motorista estava revirando uma caixa na mala do carro. Ele logo encontrou o que aparentemente estava procurando, duas chaves e um pé de cabra. "Acho que vamos precisar disso." Ele murmurou ao alcançar os dois.

Eles subiram as escadas e logo estavam na porta. Tocaram a campainha algumas vezes e nada. Tentaram ouvir através da porta, contudo, também não havia barulho nenhum.

A editora fez sinal para que Roy se utilizasse das coisas que havia pego. O homem se abaixou perto da porta com as chaves nas mãos. Minutos depois a tranca fez um clique e a porta se abriu.

Ninguém ousou perguntar como ele sabia fazer aquilo, Roy também não disse nada.

A primeira coisa que chamou atenção ao entrarem foi a sujeira. Haviam garrafas e latas de bebidas por praticamente todos os cantos. Os móveis estavam todos revirados de forma incomum. Aquilo não era uma simples bagunça, algo estava muito errado. Ao se aproximarem da janela, notaram cadeados impedindo que fossem abertas. Roy e Nigel conferiram, todas estavam trancadas, até mesmo a do banheiro, o que eu era um tanto incomum para um apartamento no quarto andar. Outra coisa incomum era um colchão de pé na parede da sala, todavia assim que retiraram do lugar, ficou claro. Era uma maneira barata de abafar qualquer som que viesse de dentro do quarto.

"Ela está aqui dentro, eu sinto isso." Miranda murmurou. Ela se locomoveu pelo cômodo, vasculhando rapidamente enquanto tentava encontrar uma chave ou qualquer coisa do tipo enquanto Roy observava o modelo de fechadura, que era mais complicado de abrir que o primeiro.

Perto da porta de entrada, em cima de uma mesinha, uma pontinha de metal escondida debaixo de um livro chamou sua atenção e Miranda teve certeza que era a chave certa. Seus dedos tremiam tanto que ela simplesmente estregou o objeto na mão de Roy e esperou alguns segundos.

O coração dos três estavam disparados, havia um medo claro sobre o que encontrariam, uma tensão quase palpável no ar e, ao mesmo tempo a vontade de estarem errados, disso ser apenas um engano.

O motorista empurrou a porta com cuidado, por medo de ter algo bloqueando a passagem, porém, o que lhes encontrou foi uma total escuridão e assim que a luz fraca invadiu o quarto a figura curvada em cima da cama ficou clara.

Era Andrea.

Eles infelizmente não estavam enganados e absolutamente nada os teria preparado para a cena que encontraram.

As roupas da jovem estavam rasgadas, nada cobria suas partes íntimas e o cheiro de sexo estava forte. O estomago de Miranda revirou e a ira se fez presente de maneira como nunca em sua vida. Ela saiu do quarto chorando, ao mesmo tempo se odiando por não conseguir ser forte o suficiente nesse momento. A cada vez que ela fechava os olhos tentando parar as lágrimas que brotavam descontroladamente, imagens de uma Andrea frágil e chorando em seus braços pareciam queimar em suas retinas. A jovem que ainda conseguia sorrir das graças de suas filhas, interagir de forma amável com Donatella e se manter sustentando mesmo com uma demanda como a que a editora exigia.

Uma Lua Por VezOnde histórias criam vida. Descubra agora