Angeline
Talvez eu acorde agora, levante em um susto no quarto de Helen e tudo o que acabou de acontecer foi apenas um sonho, talvez eu não havia me tornado um assassina ou uma ladra, talvez. Já não sabia de nada me sentia mal por ter levado 0alguma comida e dinheiro da casa, mas eu me sentia ainda pior por não me sentir péssima por ter matado alguém, eu estava completamente indiferente mesmo com o turbilhão de informações na minha cabeça, mesmo depois de ter matado duas pessoas tão friamente. Eu não conseguia me importar! Você sabia que ia acontecer! Você não estava para ir com o slenderman? Pois então não mudou nada!
O resto do caminho ficamos em silêncio não sabia ao certo o que eu estava sentindo, mas sabia que eu nunca seria a mesma.
Chegamos em casa tarde e decidimos aquecer as panelas do almoço do dia anterior. Continuavamos em silêncio, mas já não era um silêncio constrangedor, era como se estivéssemos assim há muito mais tempo. Comemos e logo fomos para o quarto, ambos estávamos cansados e queríamos deitar, deitei-me ao seu lado apoiando-me em seu braço, eu podia sentir seus batimentos, e sentir sua respiração calma em meu ouvido.
Não sei exatamente porque, mas me levantei e o observei por algum tempo ele me olhava, também, nos olhos; cravei meus olhos em suas pérolas azul escuro que me observavam. Levantei-me um pouco o suficiente para estar na altura de seu rosto, assim por fim o beijando.
Não queria mais saber de o quão errada eu poderia estar a vida só me castigou mesmo que eu nunca tenha feito algo errado. Agora eu queria que o mundo se ferrase! Havia me cansado de tudo e quase desistido da vida até ele.
Ele mesmo que sendo meu raptor me salvou de mim mesma. Ele não demorou para retribuir o beijo e assim continuamos, eu agora estava deitada de bruços contra seu largo peitoral, mas continuava beijando-o, ele colocou seus braços ao redor da minha cintura. Amava ter alguém só meu, como nunca antes tive. Fui criada por meu pai, minha madrasta e minha avó, que era mãe da minha mãe, que havia morrido num suposto acidente, mas eu sabia que ela tinha se matado ao descobrir a infidelidade de meu pai. Fui maltratada por todos que eu conheci como se aquilo tivesse sido minha culpa, mas agora eu não aturaria mais nada daquilo.
Agora eu tinha um amor, e um motivo para querer continuar! Ele me beijava fervorosamente, ficamos assim por um tempo até que ficamos sem folego, nos entreolhamos e sorrimos, deitei-me novamente ao seu lado e o assisti cair no sono, logo depois eu também adormeci. Acordei não muito tempo depois por uma rajada de vento que entrou pela porta, olhei ele de novo e o ouvi resmungar, ele também deve estar com frio, vendo a situação ri baixo e puxei o edredom por cima de nós, assim voltando a dormir.
Acordei cedo, ele não estava mais na cama, senti meu coração dar um pulo, já estava com os meus batimentos a mil quase suando frio. Você sabe que ele pode só ter levantado, né?
-Helen...?- Perguntei com algo de angustia na voz.
Mas logo o vi parar na porta, com um leve sorriso nos lábios. Meus batimentos voltaram ao normal, assim podendo me acalmar.
-O que foi?- Perguntou Helen, meio desentendido.
-Não... Não foi nada- sorri calma e calorosamente.
Ele me olhou confuso, mas logo mudou de semblante ao me ver levantar e ir em sua direção, parei em sua frente e o abracei por alguns segundos, logo fui até a cozinha, bebi um copo de água, com goles grandes para me acalmar mais rapidamente.
Não sei porque estava tão aflita, eu apenas estava. Me sentei no puff da sala e esperei alguns momentos, até vê-lo ir de uma parte da casa a outra quase que correndo.
-O que foi?- Perguntei meio confusa.
Helen
Acordei cedo naquele dia, fui direto para o banheiro e comecei esconder algumas telas que estavam espalhadas pela casa.
Enquanto o fazia vi Angeline acordar e agir algo estranho, mas agora não me importei demasiadamente com seu comportamento, afinal de contas ela foi a um dos meus trabalhos ontem, não acho que isso faça bem a pessoas normais, não que ela seja, mas foi a primeira vez que ela matou alguém.
-O que foi?
-Não é... Um amigo vai vir aqui hoje, ele gosta de mexer com as minhas pinturas, então não vou deixar para os olhos dele.
Ela riu baixo, e me lançou um olhar quase que dizendo: "Infantil!" Não falei nada, sequer respondi tal olhar apenas voltei para o que estava fazendo. Mas ela não demorou para se levantar e me ajudar a coloca-las todas no quarto das telas, então ela começou a limpar e arrumar a casa, o que ela não havia feito a algum tempo por ter ficado cuidando de mim.
Ela arrumou tudo e logo entrou no banheiro, ela passou um bom tempo lá dentro.