II

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                                                                            Angeline

  Acordei em algum lugar, aparentemente no meio de uma floresta, pela falta de sons urbanos e o excesso de sons de animais e pássaros. Ainda estava meio zonza e minha cabeça latejava, levantei da cama, que parecia excessivamente com aquelas de prisão, estava escuro e eu não enxergava nada. Com o tempo meus olhos se acostumaram a escuridão e logo percebi que estava em uma cela.

  Aceitando que não sairia dali sozinha voltei a me deitar e acabei por dormir da exaustão de ter corrido tudo aquilo. Quando senti o brilho do sol no meu rosto e vi uma porta aberta, mas ela levava a uma escada. Estou em um porão, huh?

  Mas meus pensamentos foram abruptamente interrompidos, por um limpar de garganta, rapidamente olhei ao redor e vi aquele homem ainda nas mesmas vestes do dia anterior.

-Já acordou? 

-Sim...- respondi sem falar mais nada apenas para preservar sua aparente calma

-Não posso deixa-la sair viva daqui , mas posso te deixar "viver" aqui, mas você vai me obedecer e fazer os trabalhos da casa.

 Olho meio perdida ainda, isso queria dizer que não teria chance de eu voltar a minha antiga vida? Tudo bem sabemos que você a odiava de qualquer forma.

-Você me ouviu?

-C-claro...- Digo tememdo sua reação.

 Ele me analisa por severos segundos que mais me pareceram horas.

-Bem sei o que vai escolher, então vou apenas te avisar; se você fizer qualquer gracinha, tentar fujir, pedir socorro ou me desobedecer; vou te matar. Fui claro?

-Sim.

-Ótimo.

  Assim que ele termina de falar vejo-o puxar um molho de chaves do bolso, e abrir a porta da cela, na qual eu estava presa, abriu-a e me guiou ate a parte superior da casa.

  Segui-o sem pestanejar ou teimar, pois já sabia o que poderia me acontecer, e faria o máximo para evitar.

   Ao subir as escadas do porão, saímos em uma sala pequena, onde havia uma televisão antiga que ficava de costas a porta, a qual parecia levar para fora, a sua frente havia um sofá preto, com um tapete cinza claro aos pés e ao lado um pequeno Puff também preto, as paredes de um branco nuvem visivelmente desgastado, onde a direita haviam mais três portas marrons escuro velhas, a esquerda havia uma pequena extensão da sala, onde ficava na parede de mesma cor, uma pequena cozinha de moveis consideravelmente antigos e um pouco afrente do fogãozinho ficava a mesa.

  -Você deverá limpar a casa inteira, mas nunca, nunca, entre na última porta a direita.  Você irá dormir na cela em que estava, não vou fecha-la, mas a casa será sempre trancada, então nem pense em fugir! Você não vai conseguir. Você me entendeu?   

-Claro.- Respondo agora mais calma sabendo que ele não era instável.

  Dias se passaram, já a essa altura eu havia desistido de procurar uma saída ao perceber que ele era extremamente precavido quanto a mim e a tudo. Quando ele estava na casa, passava muito tempo com a televisão ligada, sentado no sofá central, apenas desenhando em um pequeno  caderno que sempre estava em suas mãos como um tesouro, o qual ele nunca se deixaria perder.

  Passaram-se algumas semanas desde que vim parar aqui, e eu já havia descoberto seu nome, Helen, mas em um único desenho do caderninho que aproveitei para dar uma olhada em uma das saídas dele na qual ele o havia esquecido, estava assinado com um nome fictício. "Bloody Painter". Nada mudaria o fato de que ele desenhava muito bem mesmo que coisas não muito convencionais.

  Coloquei o caderninho de volta ao lugar que peguei e voltei aos trabalhos. Já anoite, quando eu havia acabado de preparar o jantar ele chegou, com seu traje costumeiro, mas havia uma mancha enorme de sangue no grande sobretudo que ele usava. Ao ver aquilo arregalei os olhos e minha voz se negou a sair.

-Não imagine coisas, o sangue não é meu, assim não tente nada entendeu?

  Disse ele com um tom grave e de comando. Nunca tentaria, mesmo ferido você tem quase duas vezes meu tamanho, me pegaria igual. Pensei, mas não falei nada, se ele se sentisse contrariado não seria bom para mim.

  Estava perdida em pensamentos quando fui interrompida ao vê-lo retirando o sobretudo juntamente a mascara que ele nunca tirava próximo a mim, e o que eu vi foi... Impressionante?

Um Romance IncomumOnde histórias criam vida. Descubra agora