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Helen

   Acordei algumas horas depois, ainda com a parte um pouco abaixo das costelas do lado direito dolorido e tudo o que havia acontecido voltava a minha memória, eu  ainda estava meio zonzo. Olhei ao meu redor e não vi Angeline, imaginei que havia voltado a cela ou ido para a sala, até ouvir um suspiro sonolento ali ao lado da cama, e para minha surpresa ela estava dormindo encostada a minha cama.

   Não esperava que alguém se preocupasse tanto por quem a raptou, mas ali estava ela dormindo tão calmamente ao lado da minha cama, depois de ter cuidado de mim como se eu não a estivesse mantendo aqui dentro sem seu consentimento. 

   Quando fui tentar me levantar da cama ela acordou as em um pulo já ficando de pé e me impedindo de faze-lo, com cara de preocupação me olhou quase que com medo, mas era visível que não era de mim e sim por mim.

-Eu estou bem, e com fome!

-Então espere aí, e não se levante ouviu? 

   Não respondi apenas fiquei ali quase que estático por ela ter falado desta maneira mesmo sabendo que posso mata-la.

   Estava em meio de pensamentos quando ela me interrompeu com uma bandeja com um suco de laranja e um prato com algumas panquecas, ela me secava com curiosidade e assim que viu que eu havia a percebido não desviou o olhar apenas sorriu calorosamente sem quaisquer aparente medo, sem qualquer motivo senti meu coração por um momento palpitar.

   Mal terminei de comer e logo ela levou tudo a cozinha e voltou com um copo de água e um remédio. 

-Tome isso, vai ficar melhor rápido.

- que é isso e onde você achou?

-No banheiro haviam alguns remédios e é para dor e cicatrização, pode confiar tenho algum costume com essas coisas e não tenho porquê te fazer mal.  

-porque você tem só não quer estar sozinha.

-Não quero te deixar sozinho, mas não deixa de ser um motivo, certo? Não querer estar sozinha de novo.

-Se você acha.- O palpitar do meu coração havia voltado por um segundo, mas logo sumido novamente

   Depois de tratar de mim e trocar as faixas que cobriam a ferida ainda nova e aberta, ela me instruiu a chama-la se precisar de algo, e foi dizendo que dormiria na sala para poder aparecer rápido se necessária.

   Dormi quase a noite toda, mas quando eram umas três e meia da manhã eu acordei com a ferida doendo, mal conseguia falar, sentia como se apertassem a região dolorida. Não conseguiria chama-la, já que minha voz não saia e eu não poderia me levantar. De vez em quando a dor era o suficiente para me fazer gemer de dor, faziam tão apenas alguns minutos que eu estava assim, mas com o pouco som que fiz Angeline já estava ali, com aqueles olhos azul claros como o céu cheios de preocupação, veio em minha direção  e desenfaixou o corte.

-Voltou a sangrar. vou precisar de uma bacia de água quente e panos para limpar, então faça o favor de pressionar com este pano para estancar e eu já volto, sim?

   Não respondi pela dor apenas fiz o que ela mandou e a vi passar a porta diversas vezes com o que havia dito que precisava. Ao parar no quarto pegou o pano que estava comigo e o colocou em uma das bacias que estavam com ela no chão e a água ficou vermelha, ela a torceu e voltou a colocar na ferida até faze-la parar de sangrar, mergulhou um dos panos em um tipo de chá que ela fez dizendo que era bom.

  Conforme ela apertava o pano com o chá rosado no corte a dor diminuía depois de alguns severos minutos a dor havia passado e ela já estava reenfaixando o corte que agora já nem sangrava mais. Assim que viu que eu estava melhor ela se levantou suspirou aliviada, como se tivesse salvado a sua pessoa mais importante, e então sorriu calorosamente aliviada. Me deu novamente remédios para a dor e eu voltei a dormir enquanto a via arrumando as coisas que ela teve de trazer ao quarto.

   Acordei tarde naquele dia, provavelmente estava muito cansado e dolorido da noite anterior. Eu não sabia onde ela estava então eu ia levantar para comer, mas um som de respiração me fez olhar novamente ao lado da cama e la estava ela, com os braços ao lado das minhas pernas com a cabeça deitada sobre os braços e meio sentada no chão.

   Desisti de levantar ao ver essa cena, não sei o que me deu, mas achei essa cena tão radiante que não quis atrapalhar, fiquei apenas apreciando algo tão raro quanto alguém se preocupar comigo o suficiente para se cansar e dormir desta forma.

   Num impulso,que não sei da onde veio, passei a acariciar seus belos cabelos marrons até...

Um Romance IncomumOnde histórias criam vida. Descubra agora