Epílogo

755 129 35
                                    

Um ano depois

Acordo pestanejando um pouco. Esfrego os olhos encarando minha bela adormecida ainda viajando no sono. Esboço um sorriso de contentamento. Nos casamos quatro meses depois de iniciarmos o namoro.

Foi algo mais entre família e amigos, do jeito que Rúbia queria. Por um momento lembrei de Nathan quando olhei para a mesa onde meus amigos estavam, mas sei que no último momento ele mostrou-se arrependido e não digo isso só porque entrou na minha frente para me salvar da morte.

Ele realmente não queria aquele tipo de vida, mas sabia que seria pior se fugisse naquele momento e decidiu fugir de nós, ciente que encontraríamos todos.

Ainda penso como tudo seria diferente se ele simplesmente se entregasse. Também penso que ele talvez não quisesse redenção pelo que fez.

Rúbia segurou minha mão quando meu olhar tornou-se vago. A olhei com ternura enquanto um sorriso torcia meus lábios.

Acaricio o rosto dela, recordando desses momentos. Obviamente não estava mais preso no passado. Ás vezes, batia essa nostalgia e as hipóteses de como seria se tudo fosse diferente.

- Bom dia. - Ela remexeu na cama sem abrir os olhos.

- Bom dia, querida. - Beijo seus lábios.

- Ainda não escovei os dentes. - Reclamou corada de vergonha. Ela ainda não havia se acostumado totalmente com algumas coisas e mostrava-se envergonhada. Eu achava ainda mais linda a cor que realçava sua pele de chocolate.

- E daí? Já conhecemos tudo um do outro mesmo.

- Hunf. Vou fazer isso agora mesmo. - Disse irritada com o rosto ruborizado,

Ri quando ela correu para a suíte tentando baixar a barra da camisola.

- Também te amo. - Falei em alta voz a seguindo segundos depois.

Abri a porta sorrateiro, a encontrando debruçada sobre a pia.

- Amor, não precisa ficar tímida.

Mas ela continuou debruçada sem mover nenhum músculo.

- Rúbia, qual o problema? - O sorriso morreu nos meus lábios. A segurei pelos ombros notando sua escova recém-lavada.

Seu rosto se contorcia de dor, meu coração pesou mil toneladas. Não podia ser ataque epilético. Ela foi curada disso antes de nos casarmos, inclusive os exames foram realizados em mais de três clínicas.

Meu Deus, que não seja alguma outra doença, orei em pensamento.

- Aonde está doendo?

Ela respirou fundo antes do corpo amolecer e cair pra trás, a segurei á tempo.

- Meu Deus. - A peguei no colo, levando-a de volta pra cama. - Rúbia. Rúbia, acorda, pelo amor de Deus.

Eu nem sabia o que fazer, as instruções básicas de primeiros socorros escaparam da minha cabeça.
Aflito, peguei o celular, prestes a chamar pelo SAMU. Levo um susto quando ela simplesmente começa a gargalhar ainda de olhos fechados.

Acho que se fosse valer aquele ditado: boca fechada não entra mosquito, teria entrado uns dez. Fiquei estático, observando-a rolar na cama de tanto rir ao ponto de sair lágrimas nos olhos.

- Te trolei. Te trolei. - Cantarolou se levantando no pulo e apontando o dedo na minha direção.

Quando finalmente sinto as pernas, me jogo sobre a cama respirando fundo.

- Rúbia...eu pensei que...

Ela fez biquinho, rindo da minha expressão de bravo.

- Você caiu direitinho. Ahá. Uhú.

Esfreguei o rosto, meneando a cabeça e me dirigindo á suíte para escovar os dentes e tomar um banho. Meu coração ainda estava disparado. O que deu naquela maluca para agir assim?

Acabei sorrindo após recuperar-se do choque. Ela queria descontar em mim a vergonha que sentiu minutos atrás.

- Amor, estou com fome. Vamos fazer nosso devocional primeiro. - A escutei do outro lado.

- Por que não se junta á mim?

Ela bufou.

- Hoje não, mocinho.

- Que pena!

Me enrolei na toalha enquanto enxugava o cabelo. Saí da suíte a encontrando vestida.

- Vai trabalhar tarde hoje?

- Vou lá pelas dez horas para uma reunião com a gerente. As meninas já estão lá.

- Hum...as vantagens de ser chefe, não é?

Ela abriu aquele lindo sorriso que eu tanto amo e jogou um roupão na minha direção.

- Vista isso, por enquanto. - Pigarreou.

- Tudo bem. Vamos orar.

....

- Estou com fome, amor. Aline preparou um café da manhã suculento.

Aline cozinhava e limpava a casa quando não estávamos presentes.

- Ela já tomou café?

- Sim, ela saiu para fazer compras.

- Ela pode participar do café com a gente.

- Eu disse isso á ela. - Rúbia suspirou fundo, bagunçando meu cabelo. - Mas ela ainda está se acostumando, amor.

- Hum...

- Agora vamos. Meu estômago está roncando.

Antes que ela saísse do quarto, segurei sua mão a puxando de volta. Ela arregalou os olhos diante de minha expressão divertida.

- O que está fazendo?

- Eu não me esqueci da trolagem. - Sussurrei no seu ouvido. Vi quando sua pele se arrepiou completamente.

- Ah, é? E o que vai fazer, delegado?

- Estou considerando as hipóteses. - Respondi, mordendo levemente o lóbulo de sua orelha. - Você cometeu um crime gravíssimo contra a lei.

- Hum...vai me prender?

- Claro que vou. Vai ficar presa até pagar sua fiança.

Rúbia aquecia meu coração todos os dias. Tínhamos nossos momentos de desentendimento como todo casal, mas aprendemos com nossos pais a evitarmos discussões se estivermos raivosos ou estressados.

Resolvíamos nossos problemas depois de nos acalmarmos. Graças a Deus tudo ocorria bem. Mesmo com o reversos da vida, ainda sim ela é um milagre do nosso Criador.

- Amo tanto você, morena. - A puxei para mais perto de mim, beijando seus lábios carnudos outra vez.

- Eu também te amo, meu delegado.


Então, gente, o epílogo foi pequeno mesmo, até porque todo mundo gosta de saber um pouco sobre a vida de casados das personagens.
Eu pensei em terminar esse livro de uma forma totalmente diferente mas decidi ingressar nesse clichê rsrsrsrs
Eu tenho demorado um pouco nas postagens por questões pessoais mas estou organizando as engrenagens para que elas funcionem perfeitamente.
O livro é focado em Paulo, por isso, não coloquei ponto de vista de Rúbia e nem a aparição contínua de outras personagens.
Espero que tenham gostado. Milhões de beijos para vocês e aguardo todos na minha próxima obra: Divinamente inesperado.

Reversos √Onde histórias criam vida. Descubra agora