Reversos √

♠Prólogo

Em ti os nossos antepassados
puseram a sua confiança;
confiaram, e os livraste.
Salmos 22:4

Poderia ser em uma tarde qualquer com o sol quase desaparecendo de vista, o céu atingindo a cor rubra enquanto acompanhava roboticamente a procissão fúnebre das pessoas.

O tempo parecia colaborar especialmente em dias lúgubres; mostrando o compartilhamento da tristeza emaranhada pela saudade. O choro mais doloroso era dele. Os pequenos e a mulher tentavam apaziguar o mínimo de dor possível. Os olhares de pena irritavam o rapaz que desejava ver pelo menos parte da empatia na maioria dos rostos.

No entanto, a marcha prosseguiu. Já, defronte á sepultura, o pastor proferiu algumas palavras de consolo mas ele encontrava-se disperso. Olhava fixamente para o céu escuro prevendo a torrente de chuva chegando.

- Em João catorze, Jesus disse: Não se turbe vosso coração. Crede em Deus e também em mim. Na casa de meu pai há muitas moradas, se não fosse assim eu não teria dito. Vou preparar-vos o lugar, eu virei e os levarei para mim mesmo.

Um dos amigos espirrou alto, atraindo atenção dos demais telespectadores. Encontrou o olhar severo de Paulo que meneou a cabeça.

- Querido pai - o pastor findou a mensagem com a oração. - Nós te agradecemos porquê promestestes que não nos deixaria órfãos. Como prometestes enviastes o consolador. Te peço para confortar os corações doridos por essa perda mas também traga alívio, pois, sabemos que agora Dulce repousa em teus braços de amor. Amém.

Theo ajoelhou-se na grama verde. Todos sabiam que provavelmente ele era o que mais sofria. Durante toda a vida a bondosa senhora não somente trabalhou para ele como cuidou do mesmo como se fosse um filho.

- Lamento pela perda, amigo. - Disse Aaron, batendo de leve no ombro do rapaz petrificado. Logo, os outros também disseram algumas palavras para então, confortar Theo.

Aquela manhã pareceu ter congelado no tempo. Tudo o que ele sentia era a nostalgia o rondando.

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Reminiscências

O mesmo par de olhos o perseguia em qualquer lugar que ele ia. Estreitos como as de uma serpente peçonhenta. Sagazes como a águia caçadora. Estranhava tal comportamento daquele garoto.

Frequentemente visitava o local, especificamente todas as tardes. Instalava-se no refeitório, isolado das demais crianças mas sua atenção era o menino loiro ousado e corajoso.

Sua peraonalidade o irritava, embora nunca tivessem trocado uma palavra sequer. Logo, mais no anoitecer o temido garoto despedia-se do diretor e ia embora, apreciando as expressões  sonhadoras dos outros de poderem também circularem livremente.

Fazia questão de estufar o peito e verificar se o semblante daquele menino manifestava o mesmo desejo. Porém, trincava os dentes. A criança possuía algo estonteante. Não precisava sorrir para mostrar que era feliz. E aqueles globos azul cintilante parecia enxergar toda a sua alma infectada.

Sentia-se mal. Monstro. Injustiçado. Errado. Mas também era uma criança quase adolescente. Não era justo ele ser feliz num confinamento enquanto o interior dele afogava em um emaranhado de dor. Ódio. Solidão.

Sim, talvez estivesse louco. Mas o que lhe tornaram jamais poderia ser desfeito. Bem, esse foi o juramento de sangue, precisou mostrar o quão forte era e a capacidade de liderar diante daqueles adultos asquerosos.

O mal deve ser visto como algo bom. Segure a mão fria e negra para sentir a força que emana dentro da alma de guerreiro. O bem é fraco. O amor paradoxo. Não se deixe dominar por nenhum deles.

Ele repetiu aquelas palavras olhando para aquela inocência que deveria lhe pertencer. Gostava de ser temido mas almejou experimentar nem que fosse por um instante o que significava amar.

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Olá, amores. Espero que estejam bem. Deixando uma degustaçãozinha para vocês. Logo, focarei nesse livro.
Quem acompanhou a antiga versão vai compreender algumas lacunas incompletas deixadas na história. Espero que gostem dessa reforma. Não se esqueçam de votar e opinar. Beijos e se cuidem. Que Deus nos proteja e abençoe 😘