Cap II

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- Você deveria agradecer a minha mãe, se eu não tivesse nascido,  você estaria ensopada agora. - Disse um garoto alto, de cabelos escuros, e com a pele mais pálida que Sakura já havia visto em toda sua vida. E que tinha acabado de a salvar de um banho de lama.

- Mas antes teria de agradecer ao fabricante, por ter feito o guarda-chuva. - Sakura disse levantando o queixo.

- Não importa, foi minha mãe quem comprou.

- Comprou de algum comerciante. - Ao vê-lo revirar os olhos, ela lhe mostrou seu melhor sorriso de vencedora.

- Você é sempre chata assim?

- Quando necessário... - Ela disse e ele começou a analisar a garota em sua frente, parando em seu colo.

- Será que podia... - Sakura iria pedir para ele parar de a olhar daquele modo, mas ele a interrompeu dizendo:

- Estuda na escola Otonokizaka?

- Por quê pergunta? - Sakura pensou  que ele fosse algum tipo de tarado, e cobriu os seios com os braços em formato de "x".

- O broche. - Apontou ele para o pequeno broche metálico que se posicionava ao lado esquerdo do colo da rosada - Além do mas, é a única escola da área com uniforme desse estilo.

- Na verdade eu ainda não tive de tempo de comprar todo o uniforme...

- Não lhe perguntei nada. - O olhar de tédio estampado em seu rosto lhe  fazia acreditar no que dizia.

- Apenas premeditei uma resposta.

- Nossa você é tão irritante, fala demais. O que lhe faz pensar que estou interessado em sua vida?

- Sei lá, talvez por ter ACABADO DE ME SALVAR DE UM BANHO DE LAMA.

- fui me proteger e você estava ao meu lado, simples.

- Nossa você deveria trabalhar em um circo, é tão engraçado.

- Que seja, ainda está chovendo, e você continua molhada mesmo. - Dizia o garoto enquanto se virava para ir embora, sem se importar com o fato de que uma garota pegando chuva estivesse bem na sua frente.
   Ao chegar em sua casa, Sakura foi  recebida por uma tia preocupada, dizendo que aviam ligado da escola perguntando o porque de ela ter chegado atrasada e ido embora sem dar explicações. A rosada não se importou com a bronca, achava que não gostaria do colégio, que não faria amigos ou algo do gênero.

Achava

.o00o.

   O primeiro-segundo dia de aula de Sakura foi tão tedioso quanto o restante dos dias decorrentes da semana, ela era apenas mais uma estudante qualquer na escola, andava pelos corredores com o fone de ouvido no máximo, ignorando qualquer olhar que passasse em sua direção. Na hora do intervalo, ela se sentava sozinha em uma das mesas do refeitório, comendo seu sanduíche de queijo, ela amava queijo.

Isso até uma garota decidir a chamar em mais uma das aulas chatas de filosofia.

- Você não é de falar muito, não é? - A garota a perguntou, sorrindo.

- Apenas quando necessário...

- Então se você acha necessário falar comigo, eu posso arrastar a minha carteira para mais próxima da sua.

Sakura não soube explicar bem o motivo, mas pegou toda a coragem que tinha e arrastou a carteira para o mais perto possível da garota que estava falando, talvez fosse adrenalina. Conversaram tanto que o professor ordenou que saíssem de sala, mas as duas não ligaram, no fundo era isso mesmo que queriam. Desde então não desgrudaram.

.o00o.

"17 de Mar, 2004.

Minha princesinha irá fazer 4 anos em breve, queria estar perto dela para comemorar o seu aniversário, mas as circunstâncias não me favorecem. Cuide da minha filha da melhor maneira possível, por favor, retornarei em breve.

                                Haruno Kizashi"

Sakura havia avistado a única carta que seu pai a enviou anos atrás, ela parecia estar a seduzindo, tentando-a, para que Sakura a abrisse pela milésima vez, aquela carta era o único indício que ela tinha de que as vagas lembranças de conversa com o pai não eram fruto de sua memória, de fato haviam acontecido, e aquela carta provava sua existência.  Por volta de seus 11-14 anos, no início da adolescência, Sakura ansiava por justiça, a polícia dera fim ao caso da morte de sua mãe como suicídio, mesmo com o pai a largando meses depois.  Sonhava em reencontrá-lo, quem sabe ele não teria fugido por ter sido forçado por uma trupe de bandidos ou algo assim, sonhava com o reencontro, com ele a abraçando e carregando no colo, mesmo que  já estivesse velho para isso. Mas Sakura meio que esfriou com o lance de encontrar o pai depois de tantas inúteis tentativas. Contudo, em sua cabeça sabia que ainda não tinha desistido, sonhava com alguma nova pista sobre o paradeiro de seu pai, e se ela viesse nunca iria  largar.

Nem que tivesse de dar a sua vida por isso.

   Ela estava voltando para casa um pouco mais tarde que o normal, pois havia passado um longo tempo na cafeteria ao lado da escola. Andava no meio fio, fechando os olhos toda vez que um caminhão passava rápido demais e levantava poeira, mas parou ao perceber que seus olhos migravam para um garoto que estava desfilando na rua. Ele era alto, andava com ambas as mãos no bolso, e com mochila em apenas um lado dos ombros, algo nele a parecia familiar. Um carro luxuosamente preto parou em frente ao  garoto, logo após o carro dar a partida, Sakura percebeu que o garoto não estava mais lá. Ela decidiu dar uma de Liam Neeson e começou a perseguir o carro.

Correu, correu muito.

Como nem sabia que corria antes, de vez em quando percebia uma pessoa ou duas a olhando com uma cara estranha. Toda vez que o carro parava em um sinal ou desacelerava em uma curva era como uma festa para suas pernas, que podiam parar por um mísero segundo. Ela avistou um homem de paletó e óculos preto no estilo juliet  falsificado, abrindo a porta traseira do carro de onde saiu o menino sequestrado, tentando olhar mais de perto, abrindo os arbustos e espreitando os olhos, ela tomou um susto ao ver a pessoa que estava ali presente.
O maldito menino que a salvou do banho de lama, e que supostamente morava a algumas quadras de sua casa.

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