Capítulo quinze: Bailar de garras

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   ― Achei que fugiria, mas vejo que é uma mulher de honra. ― Alan fala va enquanto aproximava-se de Catharina.

Os lobisomens da alcateia de Alan estavam todos atrás de seu líder. Com olhares concentrados, fitando a matilha da Loba.

O ambiente criado para aquele encontro, poderia titular-se, similar um campo de guerra. Tochas de fogo iluminavam a escuridão trazida pela noite. Posicionadas em círculos, o centro das tochas semelhava um ringue, pronto para receber uma luta que só teria um vencedor; e este, sairia com a junção de duas alcateias.

Mais cedo, naquele dia, ocorreu uma reunião com Catharina e os lobos.

― Você acha que pode vencer aquele idiota?

― Está duvidando dela, Jonas? ― Outro lobo recrutou.

― Não eu só acho que é uma probabilidade.

― Ela não é a alfa por acaso. É forte. Uma guerreira. ― Benjamin usou força na voz.

― Pare! ― Ela gritou. ― Sim, eu acho que posso vencê-lo. Porém é melhor morrer lutando do que vê-los pagar pela minha covardia. Eu sei os meus deveres com esta alcateia, com vocês, minha família.

Catharina temia a derrota, isto é fato, contudo teme mais a desonra. Lobos são ensinados, desde cedo, quão importante é esta característica no líder e nos membro. "Trair ou desonrar a matilha é digno de morte." É o que as mamas sempre ensinaram a eles. Mesmo sendo uma mulher forte, não era somente o destino de Cat em jogo, é o de todos. Nada se sabia a respeito daqueles lobos, de onde vieram ou se são do bem. Era conhecido apenas que seu alfa propôs uma luta pelas matilhas.

Quando um alfa convida outro para o "bailar de garras" ― nome dado por eles, à luta de alfas onde: o mais forte vence e se torna o chefe de ambas às matilhas e o mais fraco morre― não se pode negar. É considerado covardia e desrespeito e a grupo não atendido pode declarar guerra. Foi em um bailar de garras, que Cat assumiu a matilha, desbancando um psicopata do posto de alfa. Voltar aos tempos do comando de Mario, alfa por ela derrotado, era o medo de todos.

As mamas, ou no caso das demais alcateias um lobo jovem, é responsável pelos recados, acordos e declarações entre as matilhas. Sem ter outra opção, Cat pede para que as mamas transmitam: "o bailar fora aceito".

A chegada da noite acelerou corações. O campo foi montado. Não demorou até o líder chegasse escoltado por sua matilha.

― Achei que fugiria, mas vejo que é uma mulher de honra. ― Alan falava enquanto aproximava-se de Catharina.

― Somos banhados em honra. ― Ela respondeu. ― E vocês, também são?

― Somos lobisomens. ― Ele ressaltou. ― Honra é nossa base.

― Honra é nossa base. ― Disseram juntos.

Ele assentiu com a cabeça. Catharina olhou para as druidesas e realizou o mesmo movimento com cabeça, como um pedido silencioso de que poderia se dado inicio. As mamas tomaram nas mãos tochas, uma para cada. Ambas caminharam até o centro e ergueram o fogo.

― Que seja honrado o sangue que for derramado e o que foi. Que a força e a honra sejam os guias da luta, e que por eles, um seja escolhido; pois honra é nossa base. ― Elas disseram juntas e foram respondidas por todos, que gritaram o lema.

A saliva que Catharina engoliu por sentir sua boca secar com o peso da responsabilidade, fora como facas, cortou sua garganta, e trouxe um sabor agridoce quase irreconhecível: o medo. Enquanto Alan não apresentava expressão alguma de insegurança, ou medo.

Filid, druidesa feiticeira, soltou sua tocha e suas chamas se locomoveram do centro até as bordas, formando um circulo de fogo que seria apagado apenas com sangue de um dos alfas.

Os olhos de Catharina refletiam as chamas altas daquela roda, mas logo foram tomados por um dourado, trazido pela força do lobo. Suas unhas tornaram-se garras e sua postura mais encurvada. Fora o mesmo com Alan.

A luta começou. Os golpes eram rápidos― a velocidade dos lobisomens pode ser ampliada quando desejado― e aos poucos se tornavam apenas vultos. Entretanto os golpes e ferimentos enfraqueceram suas habilidades, e os movimentos ganharam forma definida novamente. Alan dera um chute tão forte contra o abdômen da alfa, jogando-a no chão, parecia que ela não se levantaria mais. Ela gemeu de dor, mas ergue-se, mais feroz que ante, socos, chutes e defesas que desarmaram o homem por segundos intermináveis. Os membros de ambos as alcateias gritavam. Contudo Alan desviou dos golpes e seguintes e pode reagir, chutando sua perna, com força o suficiente para desloca-la. Repetidas batidas fortes no rosto de Catharina, deixando-a de joelhos, tornou-a vulnerável. A expressão de exaustão no rosto dela parecia entregar a vitória. Quando o soco fatal parecia se aproximar, eis que a alfa arranha profundamente a perna do oponente, fazendo ficar de joelhos em sua frente. Mesmo com o rosto coberto de sangue, a expressão de raiva era nítida em Cat. Alan depositou suas unhas afiadas no abdômen da adversaria, e subiu lentamente, destruído pele e ossos, no caminhou até seu coração. Ela gritou de dor e uma lagrima escorreu pelo seu olho direito, era a tristeza pela eminente derrota. Como um último reflexo, a alfa enfiou suas garras no pescoço dele e puxou a cartilagem, arrancando fora parte de seu pescoço. Ambos caíram no chão e fogo apagou-se, em luto. 

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