Capítulo cinco: chifres como o diabo.

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   ― Eu nunca esperei tanto pra algo! ― Nilo reclamava enquanto batia o copo sobre a mesa antiga de madeira.

― Como você é extramamente mimado. ― Sol não tinha paciências para exigências vazias, ainda mais vindas de Nilo.

― Estamos aqui há horas! ― Gritou ele afim de que o garçom ouvisse e fosse ao encontro deles. ― Mas o que esperar de uma espelunca que tem luz neon?

― Pare de gritar. ­― Sussurra Sol.

― E que o banheiro é simplesmente imundo. ­― Comenta Estrela, chegando do local mencionado com uma expressão de nojo estampada. Checando com os olhos o solado de seu salto.

― Você está morta. Mortos não urinam. ­― Comenta Nilo.

― Banheiro também tem espelhos, e preciso deles para...

― Inflar seu ego? ― Nilo interrompeu a fala dela.

― Retocar a maquiagem. ― Ela corrigiu.

O bar não era muito aconchegante, mas fora o único que acharam a beira da estrada, no caminho até Terra Nova. Construído de madeira, era escuro por dentro, iluminado apenas pelas luzes neons no teto e no balcão. Nas prateleiras, também de madeira, que ficavam na parede, nas costas do balcão, separados apenas pelo garçom, havia alguns pregos grandes, cujos alguns estavam com panos pendurados, usados para limpar o balcão. Além dos três irmãos, ocupavam aquele ambiente apenas o funcionário e um cliente que já estava de saída.

― Obrigado. ― Obrigado você. Espero-te amanhã senhor Williams. ― Tchau garoto. ― Despediam-se o funcionário e o senhor que aparentemente visitava o estabelecimento todos os dias.

― Acho que a gasolina está acabando. ­―Disse Nilo ouvindo a porta do bar fechar.

― É serio que está dizendo isso agora? Passamos por um posto a uns dez quilômetros.

― E provavelmente só haverá outro na cidade. ­― Completou Sol, a fala de Estrela.

― Eu perguntei a este idiota como estava o tanque, ele disse que estava cheio.

― A dez quilômetros estava.

Sol ergue-se da mesa, enquanto os irmãos discutiam e caminhou até o balcão. Sentou-se em um dos bancos, que rodeava a parte externa. Apoiou seus cotovelos sobre a madeira e a cabeça na palma da mão, enquanto sorria para o rapaz que servia os drinks.

― Você poderia me informar onde fica o posto de gasolina mais próximo? ― Sol perguntou.

― A uns doze quilômetros, na chegada da cidade vizinha.

― Droga! ­―Exclamou com raiva. Contudo, ao perceber o olhar apreensivo do rapaz, voltou a esbanjar um sorriso malicioso. ―É que acabei ficando sem gasolina, sabe? Porém eu acho que vi uma caminhonete ali fora. É sua?

― É sim. ― Disse o menino orgulhoso. Havia comprado com seu trabalho aquele carro.

― Um lindo carro. ―Elogiou completo de interesse. ― Seria muito abuso meu pedir uma carona? ― Sol olhou o garoto dos pés a cabeça, erguendo as sobrancelhas ao chegar à altura de sua boca.

― É que... ― Por mais que o rapaz tentasse dizer não, algo no olhar de Sol o atraia de uma forma tão intensa, que seu cérebro, agora, mal juntava palavras para uma frase.

― Eu ficaria muito, muito grato.

― Claro! Tudo bem. ―Afirmou tão animado, que mal conteve um sorriso.

― Eu posso ir dirigindo? Afinal você trabalhou o dia todo e tem o caminho de volta, que é bem longo.

― Sim! ­― Tirou as chaves de dentro do bolso, levando-as até as mãos do vampiro.

Os pedidos de Sol mal eram finalizados e as respostas já estavam prontas. O garoto estava tão cheio de luxuria, que não percebeu que os olhos mágicos do rapaz a sua frente, o hipnotizava.

Sol não segurou as chaves, mas sim a mão de Marcos. Puxou-o lentamente para mais e mais perto, e o pobre jovem era atraído como um imã. Perto o suficiente para seus lábios estarem a centímetros de distancia. Entretanto Sol o empurrou, com tanta força, que sua cabeça se chocou contra um dos grandes pregos da prateleira. Com a rapidez do arremesso, a chave foi jogada pelo rapaz e o vampiro pego-a no ar. Sague escorria pela boca do rapaz, enquanto seus olhos arregalados não entendiam o motivo.

Sol ergue as sobrancelhas, vendo o garoto dar seus últimos suspiros. Estica-se um pouco e penetra suas unhas no braço da vitima.

― Coloque-o na camionete. ― Ordenou aos irmãos.

― Por que o marcou? ― Questionou Estrela.

― Ele é o primeiro ser humano não desprezível que eu conheço. Ele tem potencial. Sem contar que gerar ele será um passatempo agradável para nossa mãe, enquanto não pegamos a garota.

― E você quer transar com ele. ­―Completou Estrela.

― E eu quero transar com ele.

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