Capítulo dezesseis: Ela está aqui.

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   As ruas desertas daquela vizinhança deixara o ambiente bem mais sombrio. Tudo o que se ouvia da calçada eram os gritos aterrorizantes de Celeste, somente isso quebrava o silencio. Os passos rápidos dos garotos tirara-os o folego. Lívia morava ao lado dos Martin, Divina não pensou muito antes de bater em sua porta.

― Por que não nos explica a merda que está acontecendo? ­― Lívia dizia ofegante.

― Eu já te disse: eu não sei. Ela simplesmente caiu no chão e começou a gritar. ― Divina não desviava o olhar da casa, mesmo ainda se aproximando.

― E onde estão os pais dela? ― Augusto perguntou.

― O senhor Martin está tentando acalma-la. E a Dona Miriam ainda está no hospital. ― Divina parou, frente à porta de entrada, e encarou os meninos.

Os olhares assustados fitaram aquela porta por alguns segundos, antes de finalmente girar a maçaneta. Subiram as escadas, com pressa. Celeste estava no quarto, deitado sobre a cama, com seu pai segurando-a, pois a garota se debatia e suava enquanto gritava de olhos fechados: mais um pesadelo.

― Ela está chegando! ― Gritava à ruiva.

― Eu não consigo segura-la! ― Entres os dentes serrados, símbolo da força que Gabriel colocara para conter sua filha, saiu estas palavras.

― Merda! ― Augusto exclamou boquiaberto, vendo aquilo.

Os jovens correram até a cama e todos puseram seus braços contra Celeste, pressionando-a contra a cama. Mesmo a força de quatro pessoas, não conseguia segurar a garota. Ela abriu os olhos; estavam amarelos. Todos os traços de seus olhos azuis foram cedidos àquela abominação âmbar. Os demais olhos presentes naquela sala arregalaram-se, seus corações aceleraram e todos os gritos pararam.

― Ela está aqui! ― Apenas sussurrou.

Depois dos sussurros veio outro grito, mais alto, mais assustador. As duas grandes janelas de vidro, presente no quarto da garota, estouraram. Os estilhaços cobrira todo o chão do cômodo e, as cortinas, voaram como folhas.

Os olharem fora fechado, todos eles, reflexos de proteção. Contudo ao serem abertos e terem o vislumbre do caos, ficaram pasmos. Secaram, pararam. Até os suspiros ofegantes de Celeste, tornarem-se mais altos, que o medo. Olham para a moça deitada, sob vidros e espumas. Seu olhar voltara ao azul, entretanto sua face ainda mantinha o semblante assustado. Olhava catatônica para o buraco onde a janela ocupava, e sussurrava baixo.

― Filha? ― Gabriel buscou respostas, porém o que recebera foi um maior tom de voz. Deixando, agora, nítido que a garota falava baixo antes.

― Deixe-os em paz. ― Celeste repetia, como um mantra.

― O que ela está falando? ― Augusto perguntara assustado, desviando o olhar para Lívia.

― Filha, o que foi? ― Gabriel perguntara. ― Quem deve ser deixado em paz.

Ela só prosseguia repetindo.

― Celeste, por favor, você está me assustando. Fale conosco. ― Divina esforçava-se para não desabar em lagrimas. Suas falas saíram mergulhadas em tristeza e terror.

― Estão em perigo? ― Ela respondeu.

― Quem está em perigo, meu bem? ― Gabriel aproximou-se lentamente dela.

― Hospital.

― Sua mãe? ― Questionou-a.

― Mamãe... ― Seus olhos afundaram em água.

Gabriel moveu sua cabeça lentamente para trás, olhou para os garotos e abaixou sua atenção.

― Vou ao hospital, podem ficar com ela?

― Você enlouqueceu? ―Augusto alterou-se. ― Sua filha explodiu uma janela.

― Senhor Martin, ela pode só está delirando. ― Divina buscou acalma-lo.

― Eu não sei qual seria pior: Ela está delirando ou está certa. ― Entristeceu-se. ― Eu preciso ver.

― Então vamos todos. ― Lívia cruzara seus braços.

― Não, não. ― Augusto se negou.

― Se ela estiver certa e a Dona Miriam estiver passando mal, eles precisam saber. E se não, pelo menos, ela é examinada podemos saber o que aconteceu, sei lá.

― É uma boa ideia. ― Gabriel disse. ― Vai ficar tudo bem, querida. 

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