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Eu preferia estar em casa.

Um programa como netflix e besteiras para comer parecia um caso tão especial na minha mente, mas algo meio utópico quando todas as minhas amigas querem jogar boliche, numa daquelas vontades espontâneas que a vida as vezes traz. E sim, eu fui arrastada pra isso.

Eu gosto de boliche, mas não sou tão boa. Nenhuma de nós, aliás. Mas é engraçado. Ver Normani jogar a bola na pista do lado e derrubar os pinos de um estranho foi o melhor momento.

Ally até tentou, mas a bola mais leve nunca chegava a tempo, e nisso, ela precissava segurar com as duas mãos, e seu lançamento acabava sendo fraco demais.

Dinah prendeu os dedos nos buracos da bola e um funcionário veio ajudar.

Camila, surpreendentemente, era a melhor de nós, mesmo não fazendo as posturas engraçadas que o cara da outra pista fazia nos strikes dele. Ela era como todos seus gestos, naturais e perfeitos. Mas tropeçou e deslizou algumas vezes, não se pode negar.

"Eu quero jogar sinuca." Apontei para a mesa num canto mais distante, perto do bar. Ally levantou os dedos no ar e os balançou, comemorando algo que finalmente era de seu agrado. Normani aceitou e ela e Dinah formariam uma equipe, contra eu e a baixinha. Camz alegou estar cansada de ganhar, e quem somos nós para julgar?

Netflix, então, me pareceu um plano a ser concluído quando eu voltasse para casa.

Dinah tinha estatura para comprar o que quisesse. Com seu corpão e suas feições, nenhum barman desconfiou dela ser menor de idade, por isso ela conseguia bebida alcóolica para as garotas mais uma vez, e assim como das outras, eu não fazia parte daquilo. Embora Dinah fosse a mais embriagada, Camila não perdia o posto de segundo lugar. A gente riu quando a latina se desequilibrou num daqueles banquinhos mais altos, mas no fim, estava tudo certo.

"Acho que nunca a vi tão bêbada." Mani comentou. Ela estava passando um pouco daquele giz na ponta de seu taco, prontamente ao meu lado. Sorri e assenti, pois era óbvio que falava de Camila. Dinah ficava bêbada o tempo todo.

"Camz me disse que só gosta quando somos só... nós." A negra cerrou os olhos, rindo no final.

"Bom saber disso..." A encarei.

"Por quê?!" Normani pigarreou.

"Nada. Você também não bebe muito-"

"Eu prefiro dirigir com segurança... e não curto muito depender dos outros pra ir e vir." Logo a frente, Ally usava um molde triangular para ajeitar as bolas acima da mesa, enquanto Dinah e Camila conversavam.

"Eu tenho uma pergunta." Encarei minha amiga, vendo seu semblante malicioso.

"Já que você tem tanta certeza... o que quer perguntar?"

"Você e Camila se beijaram aquele outro dia-"

"De novo alguém perguntando sobre isso... olha, somos amigas. Aquilo foi uma brincadeira e é claro que tem amigos que brincam disso. Não é nada demais-"

"Mas você daria uns pegas nela? Tipo... de verdade?" Arregalei meus olhos, negando rapidamente e tirando aquela imagem da minha cabeça antes que virasse uma loucura.

Acho que continuei negando pelos próximos dois minutos, enquanto Normani tentava argumentar prós e contras, e mesmo assim eu me fechava quanto aquele assunto.

Não que eu veja problemas, mas eu não quero que Camila seja uma das que eu 'dou uns pega' ou algo do tipo. A gente não está a esse nível! Nem nunca estivemos! Eu a amo com todo meu ser, tenho um carinho maior do que imenso pela nossa amizade, cujo chega ser até mais do que discutível, e a resposta é óbvia. Camila se envolve com quem ela quer, e eu não sou uma dessas pessoas. Sou a que consola depois pelos erros, ou que parabeniza e fica feliz pelo sucesso.

"Eu não a beijaria por nada dessa vida."

"Mas e se acabar acontecendo?"

"Ai vai ter tido uma razão e um sentimento por ela, e o caso será outro totalmente diferente, Mani." Ela assentiu, se aproximando da mesa para dar a primeira tacada. "Afinal, por que você e Dinah querem saber a mesma coisa, basicamente?!"

"Ah... Acho que... bate uma esperança. Um sentimento de que vocês são mais shippaveis do que imaginávamos e sei lá." Mani bateu na bola branca, e sorriu quando uma das outras caiu num dos buracos. "Dinah-"  Chamou. "...as menores são nossas."

***

Com um placar vitorioso, onde eu e Ally deixamos Dinah e Normani no chinelo, estavamos com a bola preta na mesa, e o outro time ainda tinha cinco delas.

"Eu preciso ir ao banheiro-" Ally falou. Dinah, brava por estar perdendo, não demorou a falar.

"Logo agora, Allyson?!" Ally riu e encarou a mais alta disafiadoramente.

"Por que?! Uma saidinha minha não vai fazer diferença no placar. Continuaremos ganhando de vocês duas até se Camila entrar no meu lugar-"

"Eu aceito." Então houve a gargalhada de todas nós, e a cara de bunda que Allyson fez, pois estava brincando e sabia que Camila poderia estragar tudo, contando o números de tacadas que ainda poderiam acontecer no jogo.

"Ela aceita, Allyson. O que você vai fazer, uh?!" Dinah provocou. A baixinha bufou e virou.

"Eu vou ao banheiro." E quando entregou o taco para Camila, por muito pouco não pegou na cabeça da mesma, que errou a mira na hora de segurar o objeto. Acho que todas nós gargalhamos, vendo Allyson se afastar, não sem antes dar o dedo do meio.

"E como segura isso?" Camila perguntou, olhando o objeto e colocando sobre a mesa o lado mais grosso.

"Não, Camz. Usa o outro lado..." Me aproximei da Latina e mostrei como fazia com os dedos, e ela repetiu meu gesto. Só segurei sua mão para colocar mais alinhada com a direção da bola branca e onde ela deveria bater.

"Não tira a mão, preciso de ajuda." Pediu.

"Eu estou te encoxando-" Sorri, me afastando. Camz me encarou por cima de seus ombros e piscou o olho direito, rindo em seguida. "Você consegue sozinha... acerte a bola preta."

Camila bateu e gargalhou quando conseguiu acertar a última bola no buraco, ouvindo as reclamações de Dinah e as gargalhadas minhas e de Normani.

"Não é possível! Camila está tão bêbada que a mira dela corrigiu, ficou boa e ela acertou isso!" Mani comentou.

***

Camila precisou ser carregada até meu carro, pois as pedras do calçamento estavam atrapalhando todo o seu equilíbrio. Além disso, ela estava tão bêbada que decidi leva-la para casa e poupar um pequeno sermão de seus pais. Não que tia Sinu e tio Ale fossem superprotetores e tals, Camila só estava realmente bêbada.

E isso era difícil de notar, enquanto ela dormia no banco do carona.

Ditigir foi tranquilo, exceto pelos momentos que ela me chamava, ria, e voltava a dormir.

Quando chegamos na minha casa, toquei seu braço e ela murmurou qualquer coisa.

"Camz, chegamos..."

"Isso é bom..." Camila deitou seu corpo no meu e suspirou. "Boa noite."

"Eu juro que te amo muito pra lidar com esse tipo de coisa..." Comentei, rindo sozinha, e notando ela sorrir em seguida.

Kissy Kissy Boo Boo - Camren IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora