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Meta: 100 comentários (de recompensa eu posto mais)

Hihihi

_______

Uma vez, sozinha eu descobri que ter paciência era uma das coisas mais importantes que um ser humano pode apreciar na sua própria vida de aprendizagem. Todo mundo que me conhece bem já notou isso em mim.

Eu não tenho a necessidade urgente de viver apressando, apenas quando são coisas daquelas que a gente não pode deixar para a última hora, como um emprego ou até mesmo a escola. Isso, na verdade, está mais para responsabilidade, e você justamente precisa ter paciência com ela.

Uma hora vem as férias para quem tá cansado, e no filme Divertidamente - sim, aquele de desenho animado - tem um exemplo perfeito disso; A felicidade não chega se a tristeza não trabalhar antes. Ter paciência é essencial. Sem ela, ninguém passa pelos piores momentos; com vida. O -

Ao ouvir o som próximo de mim, virei para conferir o que era, e sorri quando Camz subiu na carroceria da minha picape logo depois de jogar a mochila ali dentro, por fim sentando ao meu lado.

"Oi, Lauren."

"Oi, Camila." Ela devolveu meu gesto anterior.

"Sua última aula foi educação física?" Assenti.

"Menti que estava passando mal..."

"E está fazendo o que aqui?"

"Fiquei te esperando para ver se precisa de carona." Camz sorriu mais, se aproximando e abraçando meu corpo, ou ao menos se acomodando no mesmo.

"Você estava escrevendo?" Assenti, apoiando minha cabeça na de Camila, esperando sua mão, que tinha total liberdade para tomar o que antes eu usava para colocar meus pensamentos aleatórios. Meu bloco de notas do celular.

Camz começou a ler, e posso garantir que adoro essa cara que ela faz quando está pensando. Sua boca contorceu um leve sorriso e minha melhor amiga me encarou, assim que terminou a breve leitura.

"Eu amo cada neurônio da sua cabeça." Ao ter meu celular de volta, Camila se afastou e olhou ao redor, rindo em seguida. "Estou achando incrível estar aqui com você enquanto pessoas passam por nós e olham estranho- HEY, DO QUE ESTÁ RINDO?!"

"Camz, deixa eles olharem..." Gargalhei. Quando digo que seu temperamento é meio explosivo, não estou mentindo. Mas esse era um lado totalmente fácil a perdoar. É até engraçado...

"Sabe... aceito a carona. E um sorvete-"

"Eu ofereço a mão e você quer meu braço e o resto do corpo, né?!"

"Não, eu pago dessa vez. Em troca da carona." Fingi pensar por alguns segundos, e antes que Camila se irritasse com minha atuação pensativa, sorri e passei para o lado de fora da carroceria da picape, a ajudando em seguida, e pegando nossas mochilas.

"Quantas bolas você lambe?" Brinquei. Camila me deu um tapa realmente forte, me arrancando uma gargalhada, e saiu fazendo birra, como sempre.

***

Eu gosto de ter as pessoas queridas por perto.

O fato de só ter criado novas amigas por culpa de Camila, tem a ver com minha noção de quem era importante para mim, e quem eu considerava na minha vida.

Eu não me sentia confortável perto de outras garotas porque eu não era como elas, mas ao mesmo tempo, acontecia igual com os meninos, mas sim pois eu não sei nada de futebol, ou qualquer outro esporte...

Não querendo ser sexista, porém é comum vermos caras que gostam desse tipo de coisa. Garotas também gostam, mas na verdade, da mesma forma não me serviria, pois o ponto é que eu não curto. Então de qualquer jeito, independente o gênero, isso não era um ponto a se discutir no meu caso. E eu simplesmente não encontrava um durante toda minha pré adolescência.

Meu irmão me ensinou a jogar video game uma vez, e eu até achei que poderia ser uma solução de fuga, mas simplesmente cansei. Nesse mesmo ano, comecei a notar mais Camila, que desde sempre esteve comigo - Fomos vizinhas durante a infância e nossos pais eram amigos, o que nos levava a brincar juntas muitas vezes -. Minha atenção começou a lhe pertencer mais, e com isso, descobri que ter amigos era mais fácil do que eu imaginava.

Eu não preciso de um assunto em comum. Eu preciso de gente que me conte coisas e me ouça também, e é assim que eu olho para latina e as razões pelas quais ela é minha melhor amiga. Eu nunca vou me desesperar por alguém, porque eu tenho ela.

"No que está pensando?" Perguntou, sorrindo com vestígios do sorvete e banana no canto da boca. Devolvi seu gesto e peguei um guardanapo, me esticando sobre a mesa para limpar aquela parte.

"Que você é uma das pessoas mais importantes da minha vida." Amassei o guardanapo, e no mesmo instante Camila segurou minha mão, olhando fundo em meus olhos, enquanto seu rubor aparecia em suas bochechas.

Sorri ao observar nossas mãos sobre a mesa, agora com ela fazendo pequenas carícias nos nós dos meus dedos.

"Amo você." Disse. E eu perdi totalmente meu chão.

"Também amo você, Camz." Apertei de leve sua mão e tirei a minha, para conseguir comer meu sorvete, pois estava quase derretendo e eu não queria melecar tudo.

"Talvez devêssemos dizer isso mais vezes..."

"Você está na fase da carência porque parou de ter encontros?!" Camila preencheu meus ouvidos com sua risada, negando no final.

"Eu estou muito bem, Jauregui. E por incrível que pareça, eu ainda não me senti sozinha-"

"Vai ver isso é porque você me tem."

"É." Camila franziu o cenho e ficou olhando para um ponto fixo, até eu chamar sua atenção.

"Quer que eu deixe uma mensagem para seus pais?"

"O que?"

"É. Que você foi viajar para muito longe e tals..." A Latina virou os olhos e foi minha vez de rir, assistindo seu sorriso no final.

***

Parei minha picape no meio fio da casa de Camila, e esperei ela se recompor da risada que eu causei quando comecei a filosofar umas viagens que Dinah usava para argumentar sobre a terra ser plana.

Não que alguma de nós acreditava nisso, mas como futura juiza, Jane amava criar argumentos para todos os lados, e Dinah é fodidamente inteligente, pois tem bastante facilidade nesse lance. E eu gosto de trazer esses assuntos pois amo filosofia.

Enfim, Dinah poderia te fazer acreditar em qualquer coisa se quisesse, usando seu poder de argumento, mesmo que as vezes ele pareça engraçado.

"Então cuidado para não cair no precipício do final da terra enquanto for embora." Camz disse, agora me fazendo rir também.

"Que nada, estou usando cinto de segurança." Minha melhor amiga sorriu, soltando o seu e abrindo a porta da picape.

Todavia, repentinamente ela segurou meu queixo e roubou um rápido selinho, que me deixou completamente perdida.

Antes que saísse, segurei sua mão e Camila me encarou, cerrando os olhos.

"O que foi isso?" Gargalhou.

"Brincadeirinha..." Assenti lentamente, soltando sua mão e vendo o gesto de sua cabeça ao que negava e virava os olhos.

"Eu não sabia que a gente brincava dessas coisas, mas okay. Isso não é o fim do mundo." Admiti.

"É, não é como se você fosse cair num precipício cheio de monstros e-" Então eu não segurei minha risada, ouvindo Camila fazer o mesmo, enquanto meus olhos fechavam tamanho sorriso.

Dinah havia nos contado que a terra era plana, e no final dela, muitos marinheiros antigamente acreditavam que havia um precipício com monstros.

Mas enfim.

"Até mais, Camz..." Falei, me contendo ao menos um pouco.

"Tchau, Lauren..."

Kissy Kissy Boo Boo - Camren IntersexualOnde histórias criam vida. Descubra agora