Não sei se desmorono. Talvez tenha escolha. Edifico ou desmorono? Liberto ou aprisiono. Não sei, não sei. Estou cansada. Não vejo nem sinto o que tem para amanhã, Prevejo que o agora é compacto, e sempre será. Estou dolorida, descabida e desorientada. Estou presa, e quem sabe até amaldiçoada...
Esse ano muitos me deixaram, não morreram, apenas juntaram os próprios trapos e saírem por onde entraram, levando consigo um trapo velho que vos dei. Um maldito chamado coração. Claro que está partido. Danificado. Aliviado. Está com muita coisa. E quase nada ao mesmo tempo.
Queria acordar quieta. Estou cansada, sufocada. Quem sabe a gripe me deixa e o peso do mundo se vai por um segundo? Não é singelo. A partida dói, e digo propositalmente com o duplo sentido dessa palavra. Suspiro em silêncio. Em desespero. Em desassossego. Suspiro em busca de quem sou, mas resta pouco de mim, resta não muito o que ser. Resta quase nada, que está divido entre quase ninguém e eles quase não de importam.
Sim, viver dói. Porque não se vive sozinho. É um verbo coletivo, são ligações quebráveis, são ligações frágeis. E são tristes. Assim como eu nessa noite de domingo.
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Etcetera
PoetryEscrevo isso aos insones. Aqueles que alimentam as lamúrias enquanto os sãos adormecem. Os diurnos anoitecem E os bons padecem. Talvez escreva para ti, com quem minha freqüência de energia entre em perfeita sintonia e teus olhos se agradem do que l...