Capítulo 2 - Uma mansão desgovernada -

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1835

Nicole

Ela estava nervosa. Algo muito natural levando em consideração que este seria seu primeiro dia no novo trabalho e que não conhecia ninguém; Nicole trabalhara como criada do Conde de Langford desde a adolescência e depois de dois anos se tornara governanta.

A oportunidade de trabalhar fora, veio justamente quando aos dezesseis anos, a seguinte realidade caiu sobre ela e sua família: Apesar de ser uma jovem bonita e ter belos olhos, ela não era tão extraordinária para fisgar um homem que não precisasse de um dote e não tinha nada a oferecer a um que realmente necessitasse, sua família nunca teve posses.

Para completar a sua terrível situação, seus pais estavam ficando velhos, sua mãe adoecera e não tinham mais como trabalhar afim de manter as duas filhas.

Nicole e a irmã caçula, tiveram então uma conversa muito séria e ambas decidiram que Juliette ficaria responsável por cuidar de seus pais, enquanto Nicole trabalharia para suprir as necessidades básicas da família.

Eram muitas bocas para que apenas uma pessoa as alimentasse e a responsabilidade era um fardo demasiado pesado para ombros tão frágeis, mas todos precisam fazer sacrifícios às vezes e situações precárias exigem medidas drásticas.

Apesar de se sentir como apenas mais uma dentre tantas moças que vestiam os engomados uniformes na residência do conde, aos poucos Nicole foi ganhando a confiança da família e se tornou exímia nas tarefas que uma grande casa exige.

Outros criados passaram a procurá-la quando haviam decisões importantes a serem tomadas e sua opinião passou a ser de extrema relevância para a então governanta, a Senhora Morris.

Quando a velha mulher finalmente se aposentou, sugeriu a Lady Langford que promovesse Nicole a governanta da mansão, declarando que já a vinha treinando há bastante tempo para a nova posição, mesmo que nem mesmo a moça estivesse ciente.

Após assumir o novo cargo, Nicole o exerceu por sete longos anos nos quais trabalhou arduamente.

Infelizmente, a família do conde decidiu deixar residência na França, onde tinham raízes e a moça se viu desempregada.

Mas então, quando Nicole já sentia as garras do desespero se cravarem em suas costas, o inesperado aconteceu, Lady Langford escreveu uma carta recomendando seus serviços à Lady Caroline Calston e atual condessa de Cloehn.

As duas eram boas amigas e Lady Langford soube pela condessa que seu irmão, o marquês de Wheston precisava de uma governanta e a indicou antes de partirem para a França.

A amizade entre as famílias era tão forte que Lady Caroline acatou a sugestão; Nicole foi chamada para ocupar o cargo disponível na grande mansão e aceitou prontamente, não estava mesmo em condições de recusar o emprego já que além da óbvia necessidade o salário era exorbitante.

A única exigência que lhe fora imposta até então, era que se apresentasse o quanto antes para o trabalho. Então com apenas uma bagagem de mão, Nicole dirigiu-se a porta da mansão disposta a conhecer o novo patrão e tratar dos pormenores que fariam parte de seu cotidiano de agora em diante.

Suas mãos estavam geladas, apesar do sol quente. Causar boa impressão e manter-se empregada era de extrema importância para ela e sua família.

Desde que Nicole se tornara governanta, ela pôde dar certo conforto aos pais, arcar com despesas médicas quando foram necessárias e até economizar um pouco para imprevistos, porém agora sua mãe vivia acamada e os gastos com sua saúde haviam zerado as economias da jovem, se acabasse sendo demitida, ela sabia que as consequências seriam graves não apenas para ela, mas também para as pessoas que amava.

O Ogro e a LoucaOnde histórias criam vida. Descubra agora