Perfume de Bandido

Capítulo 25

                           Thaís

   Nove meses completos hoje e minha pequena Pérola poderia nascer a qualquer momento, confesso que não estava preparada para isso pelo fato das crianças, Alice estava cada dia mais terrível agora com quase um ano e só gostava de ficar no chão engatinhando pela casa toda e se pendurando nos lugares mas graças a deus Caio mesmo com 5 anos me ajudava muito brincando com a irmã, eles tinham uma ligação muito forte. Hoje era meu dia de ficar o dia todo sozinha com as crianças, DG tá resolvendo muita coisa na boca e vive estressado e pra não me estressar prefiro que ele fique por lá mesmo. Estava em casa dando o lanchinho da tarde pras crianças quando Letícia entrou com João e FB.

Thaís: Tão fazendo oque aqui ? - falei quando eles entraram na cozinha  -
Letícia: Tem gente querendo invadir o morro - arregalei os olhos -
Thaís: Cadê o DG ?
FB: Tá na boca, fiquem aqui e não saem daqui de jeito nenhum até a gente voltar - assentimos e ele saiu -
Letícia: Vou colocar uns algodão no ouvidinho dele - subimos com as crianças pro meu quarto -
Thaís: Coloca ele aí deitadinho - coloquei um filme pro Caio e fiz a Alice dormir colocando algodão nos seus ouvidos deitando ela do lado do João que dormia tranquilo - quem você acha que é que tá querendo invadir ?
Letícia: Não sei direito, FB disse que tem um novo morro rival que quer de todo jeito a Rocinha - logo ouvimos fogos serem lançados ao seu avisando que tinha gente invadindo e segundos depois ouvimos os tiros -

               Parecia que eles nunca acabavam já estava escuro e nada, depois de quase duas horas eles acabaram, Letícia ficou com as crianças no quarto e acabaram pegando no sono mas eu estava inquieta e a bebê também não parava de mexer na minha barriga, liguei várias vezes pro DG e ele não atendia nem os meninos então resolvi descer pra sala abrindo a porta, o morro estava quieto e ninguém estava na rua, senti um vento gelado e por impulso sai de casa e comecei a andar pelo morro em direção a boca, estava andando devagar e atenta até que senti uma pontada muito forte me fazendo segurar minha barriga.

Thaís: Filha agora não - foi em vão falar isso que logo senti o líquido escorrer pelas minhas pernas, minha bolsa tinha estourado. Senti outra pontada e prendi o grito, resolvi voltar pra casa mais quando percebi vi que já estava meio longe então fui descendo pra boca, parei em um beco pra recuperar o fôlego sentindo outra pontada que estava ficando mais forte e intensa me fazendo pingar de suor, quando resolvi sair do beco os tiros voltaram e agora pareciam mais perto me fazendo ficar assustada, quando tomei coragem sai do beco olhando ao redor e vi uma casa em reforma e parecia estar vazia então corri o máximo que pude até lá entrando, achei um cômodo que havia um colchão e uns lençóis então deitei lá, eu senti como se tivesse que empurrar. Empurrava quando vinha uma contração, tentava não gritar e mordia minha mão, ouvi um barulho estranho como se alguém estivesse entrando na casa me fazendo ficar desesperada, o barulho dos passos ficava mais alto. - quem tá aí ?
DG: Thaís ? - ele entrou e me senti aliviada - oque tá fazendo aqui ? Meu deus oque e isso ?
Thaís: Resolvi te procurar e nossa filha achou melhor nascer agora - ele agachou do meu lado -
DG: Eu preciso te levar pro hospital - tentou me pegar -
Thaís: Não vai dá tempo, eu sinto ela vai nascer agora - ele me olhava espantado - você vai ter que fazer
DG: Thaís vamos pro hospital dá tempo - ele estava desesperado - 
Thaís: Liga pra alguém
DG: A bateria acabou
Thais: Me dá essa merda aqui - peguei atacando no chão - eu não tô aguentando mais, tô sentindo que a bebê vai nascer a qualquer momento, eu tô com muita dor - segurei sua mão - você vai fazer o parto
DG: Eu não sei fazer isso Thaís
Thais: Mais você vai porque você precisa salvar nós duas, ela tem que nascer - me ajeitei - pega os lençóis e coloca eles debaixo de mim - ele fez oque eu pedi e eu levantei o vestido - tira minha calcinha
DG: Meu Deus - ele falou assim que tirou minha calcinha - a cabeça, já dá pra ver
Thaís: Tá vindo outra, eu vou empurrar - fiz força
DG: Faz mais força amor, você consegue
Thaís: Aaaaaaaaah - empurrava -
DG: Vai Thaís - empurrei com toda a minha força e logo sentindo um vazio - ela nasceu, nossa filha nasceu amor - levantou ela e seu chorinho preencheu aquele quarto -
Thaís: Meu amor - ele me entregou ela que estava cheia de sangue - minha menina
DG: Você foi maravilhosa amor - ele chorava - eu te amo
Thaís: Eu te amo, obrigado - dei um selinho nele, sentia que algo saia de mim, escorria - amor tem algo de errado
DG: Você tá sangrando muito - ele me olhou espantado -
Thaís: Pega ela, não quero deixá-la cair - sentia meu corpo amolecer - cobre bem ela
DG: Thaís não posso te deixar aqui
Thaís: Por favor - minha voz saiu falha - eu vou ficar bem - ele me olhou aflito mas saiu de lá com a nossa filha em seu colo e um frio me atingiu me fazendo apagar -