06 - A CALMARIA ANTES DA TEMPESTADE

225 23 12
                                    

Pai e mãe,

Chegou a última noite de festival. Vocês adorariam a energia dessa cidade. Aquela manhã estava nublada e o clima estava delicioso. Estou com muitas saudades de vocês.


***

Zedu e eu, eu e Zedu

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Zedu e eu, eu e Zedu. Nossa ainda não acreditava que estava namorando aquele menino, logo eu, um completo azarão. A gente decidiu ir nadar em uma das praias da cidade de Parintins.

Confesso, que tirar a blusa na frente dos outros ainda é uma coisa difícil, mas o Zedu sabia o que fazer para contornar a situação. Fora que os meus amigos não ligavam para a minha aparência, queriam apenas estar perto de mim, sem qualquer tipo de preconceito.


A água estava quentinha, então entrar não foi um problema, as temperaturas dos rios na Amazônia mudam drasticamente. Me aproximei de Zedu e dei a mão para ele, por baixo d'água, claro, a gente ainda não tinha coragem de mostrar o nosso amor para o mundo, principalmente, para os homofóbicos.

— E você soube alguma coisa da noite mágica entre o Brutus e a Ramona? — perguntei para Zedu, enquanto acariciava sua mão esquerda.

— Não. Acho que não rolou nada.

— Como assim? — perguntei, estranhando que Brutus não conseguiu sua noite de amor.

— Se tivesse rolado, o Brutus já teria me contado. — afirmou Zedu me puxando para perto dele.

— Vocês dois são muito amigos, né?

— Sim. Temos muita coisa em comum. — contou Zedu, lembrando as aventuras que viveu ao lado do Brutus, algumas que nem as meninas sabiam. — E os seus amigos do Rio? Nunca falou de ninguém.

— Zero amigos. Sempre fui muito estranho para as pessoas, ainda mais com a titia mudando de emprego constantemente. — falei, tentando não parecer carente demais.

— Que chato. — Zedu falou se aproximando e me abraçando. — Mas agora você tem a mim, seu melhor amigo, e claro, o resto da turma também.

— Você não tem ideia de como isso é importante para mim.

Realmente, agora eu tenho amigos. Não sou mais uma pessoa solitária, recebo um carinho genuíno e que aquece o meu coração. Às vezes me pego pensando, eu fui contra a viagem para Manaus, porém, apesar de tudo, essa cidade só trouxe coisas boas.

Ao contrário de mim, acho que o Zedu não teria problemas em se adaptar em outras escolas. Ele é um cara esperto, gentil e, que apesar de caladão, tem um ótimo traquejo social. Sério, esse menino consegue fluir em qualquer conversa.

— Acho que nessa situação você se daria bem, digo, melhor do que eu. Afinal, você faz amizade com todo mundo. — comentei, enquanto acariciava a cintura do meu namorado.

— Só no momento em que te conheci. Você sabe que fez a minha vida girar em 360º graus, né? Lembro que fiquei curioso para saber quem você era, então, te vi consertando aquele armário no pátio da tua casa e me aproximei. A Giovanna estava puta e esbravejou alguma coisa para você. Antes de falar, eu te observei por uns dois minutos. Acho que, acho não, eu tenho certeza que me apaixonei naquele instante. — revelou Zedu, lembrando com perfeição a primeira vez que nos falamos, tirando o primeiro encontro que foi quando a Letícia acertou uma bola no meu rosto.

Amor de Peso 2Onde histórias criam vida. Descubra agora