08 - AS COISAS PODEM MUDAR

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Pai e mãe.

A rotina maluca voltou. Lá estou eu, praticamente dormindo no banheiro. Não sei como a Giovanna consegue, ela acorda 5h, eu disse 5h, só para fazer o cabelo e uma maquiagem. Graças a Deus, que o Zedu me entendia e tinha uma rotina parecida com a minha, afinal, dividir um banheiro com três irmãos não deve ser fácil.

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Encontrei meus amigos no ponto de ônibus

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Encontrei meus amigos no ponto de ônibus. Por um milagre do destino, o ônibus não veio lotado e todos conseguimos ir sentados. O lado ruim? O trânsito ruim. O Zedu aproveitou o caminho para acariciar minha mão. Uma senhora passou do nosso lado e olhou com abominação o fato de dois garotos estarem de mãos dadas.

Para o nosso azar, a tal senhora era uma pregadora e começou a distribuir folhetos de "Jesus Salva". O meu instinto foi soltar a mão do Zedu, mas querendo desafiar a mulher, o meu namorado me puxou para perto dele e sorriu. Eu sou péssimo em confrontos, principalmente quando se trata de uma pessoa mais velha.

— Não se deite com um homem como quem se deita com uma mulher. É repugnante! — gritou a plenos pulmões, olhando para a nossa direção e falando sobre como os gays decepcionavam Jesus.

Eu queria sumir. Parar o ônibus e sair correndo. O Zedu, por outro lado, segurou a minha mão com mais força e acariciava. Na minha cabeça, a viagem demorou mais tempo que o habitual. Felizmente, a mulher desceu próximo a uma famosa igreja de Manaus.

Suspirei aliviado. Depois que a adrenalina passou, o meu coração ficou apertado por causa do Zedu, afinal, a culpa dele estar com outro homem é minha. Se ele continuasse a relação com a Alicia nada disso aconteceria. Eu já estava acostumado em ser chacota e ponto de referência. Não queria o meu namorado sofrendo também.

— Ei, aquela mulher não me afetou. — afirmou Zedu, que continuava de mãos dadas comigo.

— Ok. Eu só fico preocupado e...

— Yuri, eu te amo. Você é o meu namorado. Eu não tenho motivos para ter vergonha de você. Escuta, o lance com o papai é passageiro. Em breve, vou contar e nossa relação vai poder ser mais tranquila, prometo. — Zedu conseguia dissipar qualquer medo do meu coração.

Após sermos condenados pela eternidade chegamos ao colégio. Aquela manhã estava mais quente que o normal. Na escadaria principal, alguns alunos olhavam um celular e gargalhavam. A gente perguntou do que se tratava e um colega nos mostrou uma cópia.

Para nossa surpresa, se tratava do vídeo de Lucas e João. Nos olhamos assustados, afinal, as únicas pessoas que tinham acesso ao material éramos Zedu, Brutus e eu. Segundo a Carlinha, a jornalista da escola ou fofoqueira, o próprio pai do João havia liberado o vídeo na internet.

O Lucas apareceu bem no momento em que uns garotos imitavam os seus gemidos. Ele acabou sendo hostilizado na escadaria. No fundo, eu me senti culpado, afinal, eu participei desse plano. Apesar de não desejar esse tipo de bullying para ninguém.

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