10 - UM DIA PRECISO IR

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Pai e mãe,

Não dormi muito bem, tive alguns pesadelos. Sonhei com a noite em que vocês morreram. Por que isso teve que acontecer comigo? Não consigo entender.

***

Zedu acordou e não havia ninguém no meu quarto

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Zedu acordou e não havia ninguém no meu quarto. Eu desci cedo para fazer café, afinal, saco vazio não para em pé. Ele tomou banho, desceu e sentou à mesa. A minha família tentou ser a mais discreta possível. Fiz um leve terrorismo com os meus irmãos, porém, não foi necessário tomar atitudes drásticas. Os pestinhas se comportaram bem.

Como o dia estava sendo atípico, a tia Olívia nos levou para a escola. Os olhos do Zedu passaram o dia marejados. O dia parecia não ter fim. O meu namorado queria encontrar o pai, mas ainda faltavam algumas horas para o fim da aula.

Até tentamos algumas táticas para distraí-lo, só que nada funcionava. No intervalo, ele quase não comeu e se isolou de nós. O deixei sozinho para não atrapalhar os seus pensamentos, mas não tirou os olhos dele.

Não tivemos aula no quarto período, ou seja, mais espera. Nós ficamos conversando no pátio do colégio. O Zedu nem parecia estar no mesmo ambiente. Sempre distante. Um semblante desesperado. É como se ele estivesse no escuro, sem ter como sair.

— Desculpa gente, mas estou realmente preocupado. — Zedu se justificou, mesmo não sendo necessário.

— Não precisa se desculpar. A gente entende. — garantiu Ramona, que estava sentada ao lado de Brutus.

— Importante agora é manter o pensamento positivo, viu. — afirmou Letícia dando um sorriso animador.

— Com certeza. O importante é que ele vai receber o tratamento. — disse Brutus.

— Estamos aqui. — falei me agachando perto do Zedu. — Todos nós, por você. Não vamos te deixar cair.

— Eu tenho os melhores amigos do mundo. — Zedu soltou, sem controlar às lágrimas.

Demos um forte abraço coletivo no meu namorado. Se eu tivesse amigos na época em que meus pais morreram, talvez, tudo tivesse sido diferente. Infelizmente, quando alguém passa por um momento de dificuldade o mundo não para. No escritório, Carlos chegou todo feliz e mostrou o convite para a sua colação de grau.

A minha tia ia ter que organizar um encontro de todos os líderes da empresa onde trabalhava. Ela contou com ajuda dos responsáveis do marketing e assessoria de comunicação. Afinal, ela não sabia o que era necessário para fazer esses eventos.

— Você pode levar os seus sobrinhos. — salientou Carlos deixando os convites sob a mesa e abraçando titia.

— Eles vão adorar. Parabéns, estou tão orgulhosa de você. — ela falou beijando Carlos.

— Pensei que beijos fossem proibidos no escritório.

— Hoje pode.

Mundico foi ao hospital, mas, dessa vez, o motivo era para ser celebrado. Ele se livraria do gesso, que tanto o incomodava. No consultório, Mundico pensou em todas as oportunidades que perdeu graças ao acidente. Quem o acompanhou ao consultório foi Diana, sua irmã mais velha.

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