13 - COMPLICAÇÕES

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Pai e Mãe,

Eu nunca fui um garoto popular. Sempre me desprezaram em todos os lugares. Afinal, eu era diferente dos outros meninos e ninguém se aproximava de mim. Para me animar, vocês sempre faziam minhas vontades como ir ao parque de diversão ou tomar sorvete na praia. Sinto falta disso. Sinto muita falta.

***

Eu nunca desejaria que um amigo sofresse as humilhações que passei

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Eu nunca desejaria que um amigo sofresse as humilhações que passei. Ramona e Letícia estavam na frente da escola. A minha amiga tinha medo de enfrentar os comentários maldosos de todos. Até aquele ponto, todos os alunos do Colégio Dom Pedro II já sabiam que Ramona era uma hermafrodita. Agora pensa comigo, como os adolescentes reagiriam a tal informação?

Ramona e Letícia estavam paradas na frente da escadaria principal da escola. A minha amiga tinha medo de enfrentar os comentários maldosos de todos. Até aquele ponto, todos, eu disse todos, já sabiam da condição da minha amiga, ela era uma hermafrodita. E como você acha que as pessoas da escola reagiriam? Bem. Infelizmente não foi desse jeito.

— Ramona. — um dos pivetes do terceiro ano a chamou. — É verdade que o teu saco é maior que o do Brutus.

— Sai daqui, bacana! — exclamou Ramona, sem paciência para lidar com adolescentes.

— Ei, seu fuleiro! — Letícia gritou. — Sabe o que é menor que o saco do Brutus? Teu pinto. Eu sei, eu vi. — mostrando o dedo do meio para o garoto, que ficou sem graça e subiu as escadas correndo.

— Oi? — falei me aproximando e percebendo o climão. — Não vou nem perguntar se está tudo bem, já sei a resposta. Força. — pegando no ombro de Ramona.

— Gente, alguém viu o... — Zedu se aproximou sem qualquer tato e quase perguntou pelo Brutus, mas acabei fazendo uma careta engraçada e acho que o meu namorado entendeu o recado.

— Tudo bem, galera. — Ramona nos tranquilizou. — Nada do Brutus, né? Ele não atendeu minhas ligações.

— Para. Você sabe como ele funciona. Precisa de tempo. Ele precisou de muito tempo quando soube que eu era gay. — virei advogado do Brutus para amenizar o climão.

— Ei, aberração! — gritou outro garoto que nunca vimos.

— Seu filho da...

— Ei, Zedu. — pedi o segurando, porque o Zedu quase partiu para cima do garoto. — Não vale a pena.

É. Queríamos só um semestre tranquilo, porém, as mudanças estão vindo sem aviso. O Lucas nos surpreendeu positivamente. Ele não era o mesmo babaca que andava com o João. Ele defendeu a Ramona em duas oportunidades. Alguns alunos e a diretora continuavam desconfiados, só que eu o entendia.

Ficamos conversando em uma área arborizada da escola. Ele parecia nervoso e continuava pedindo desculpa pelas confusões que aprontou no início do ano. Ao mesmo tempo, percebemos várias coisas em comum como, por exemplo, o nosso amor por bandas britânicas ou preferência pelos realities de culinária.

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