14 - A FESTA DA DISCÓRDIA

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Pai e mãe,

Queria tanto que vocês conhecessem o Zedu. Ele é tudo pra mim. Eu sou tão feliz, como nunca fui antes. Espero que vocês estejam no céu, me abençoando e cuidando de mim.

***

Deus

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Deus. Quando chove em Manaus, tudo para, principalmente, as ruas. Os ônibus param de passar e as pessoas esquecem de como se dirige. Zedu, Lucas e eu, fomos até a orla da cidade para pegar mais amostras de água. A missão foi difícil, porém, a gente conseguiu pegar tudo o que precisava.

O Zedu quase caiu, estiquei a mão, mas ele apenas ignorou. Confesso que estranhei a reação dele. Lucas viu uma espuma branca na água e correu para colher.

— O senhor está bem? — perguntei, aproveitando a brecha que Lucas nos deu.

— Estou maravilhoso, muito bem mesmo.

— Que bom. — falei o abraçando.

— E o que você fez ontem? — perguntou Zedu, sem ter qualquer tipo de reação.

— Nada demais. Depois que você saiu fiquei em casa mesmo. — contei, pegando distância dele.

— Entendi.

— O Julian, sobrinho do Carlos, chegou logo depois que você saiu. Nós ficamos jogando. — expliquei.

— Esse menino é uma presença constante agora. — ele falou, gesticulando com as mãos e andando de um lado para o outro. — Ele não se toca que você tem dono e...

— Ei, em primeiro lugar, eu não sou propriedade de ninguém. — afirmei, querendo não parecer grosseiro, mas chateado com o comentário do Zedu. — Ele é sobrinho do namorado da minha tia. Acho mais que comum isso.

— Entendi.

— Sério, Zedu? Não tô te entendendo.

De repente, Lucas apareceu desesperado. Ele viu alguém se afogando, após cair de um barco. Corremos para uma área cheia de pedras e lixo. Conseguíamos ver a embarcação de longe, porém, sem sinal de pessoas. Zedu jogou a mochila em cima de mim, tirou os sapatos e pulou na água.

Fiquei desesperado com a possibilidade dele se machucar. Eu não sou um bom nadador, então, coube a mim o papel de observador. O Zedu mergulhou e não emergiu. O meu coração foi parar na boca e a pressão subiu.

Ele emergiu e eu gritei. Com dificuldade, o meu namorado conseguiu trazer uma pessoa para a margem. Quando eles estavam em uma distância segura, o Lucas correu para ajudá-lo.

— Será que ele morreu? — perguntou Lucas, colocando o corpo do homem no chão.

— Espero que não. — disse Zedu, sentando no chão. Ele ficou ofegante e tirou a camiseta.

O homem usava uma camisa da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Ele era gordinho, ostentava uma barba cheia e para a minha surpresa: ruivo natural. Lembrei das aulas de educação física. Então, observei os movimentos do seu tórax e, também, que ele estava respirando pelo nariz. O virei na posição lateral de segurança e não demorou muito para ele recuperar a consciência.

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