Sou Luna

Capítulo 8

Finalmente, saímos do shopping, e claro que não sairia com as mãos a abanarem.
-Queres vir à minha casa? -Convidou a Bianca.
-Deixa-me só avisar a minha mãe.
Por mera coincidência, meu telemóvel tocou e, era a minha mãe.
-“Oi, mãe! Já ia chamar-te”
-“Oi, filha! Queria te dizer que não é uma boa ideia de vires agora para casa.” – Aconselhou a mãe com uma voz de choro.
-“Mãe, o que está acontecendo? Estás a chorar?” -Estava confusa.
-“Nada, filha. Pergunta à Bianca se poderias ficar com ela em sua casa…”
-“Não, mãe. Vou para casa agora mesmo.”
-“Luna! Obedeça a sua mãe” -Disse a mãe gritando.
-“Está bem, mas depois quero que me explicas o que está acontecendo.”
-“Amo-te, minha querida”
-“Eu também, mãe.”
…
- O que está acontecendo com a sua mãe, Luna? -Perguntou a Bianca preocupada.
-Não faço a mínima ideia. -Ainda estava confusa. -A mãe disse para não ir para casa agora.
-Algo de errado não está certo. Então, vamos para a minha casa.
…
Chamamos um táxi, e dentro de poucos minutos chegamos na casa da Bianca.
-Boa tarde, minhas meninas! -Saudou a Dona Carol, mãe da Bianca.
-Boa tarde, Dona Carol! -Cumprimentei-a.
-Já falei para chamares-me apenas de Carol.
-Desculpa-me, é que não consigo.
-Mãe, a Luna irá almoçar aqui… pode ser? -Perguntou a Bianca.
-Mas que pergunta é essa? Luna, és sempre bem-vinda.
-Obrigada, Dona Carol… quero dizer, Carol.
…
Fomos direto para o quarto da Bianca, descarregar as nossas cargas.
-Preferes ficar de uniforme ou queres que te empresto umas roupas? -Perguntou a Bianca.
-Acho que vou ter que aceitar as tuas roupas… estou louca para tirar esse uniforme.
-Podes escolher no closet.
-Nossa, só tens roupa curta?
-Eu gosto. Enquanto trocas de roupa, vou buscar o nosso almoço
…
-Nossa, amiga Ficas bem de shortinho, amiga! -Elogiou a Bianca. -Deverias vestir-se mais vezes de shortinho... exibir essas pernas.
-Não gosto.
-Aff, amiga! – Resmungou a Bianca.
…
-A comida estava deliciosa. -Estava satisfeita. -Congratulações a cozinheira.
-Pois, estava mesmo.
-Deixa-me ligar à minha mãe.
...
-Então?
-Está desligado.
-Tenta relaxar um pouco, amiga. Sei que estou sendo um pouco egoísta, mas ficar preocupada não irá ajudar em nada.
-É, tens razão.
-Vamos ver um filme pornô?
-Pornô? Gostas destas coisas? – Perguntei com uma cara repugnante.
-Adoro. -Respondeu a Bianca com uma cara safada.
-Tu e o Pedro, merecem-se. -Debochei.
-Então, Vamos dançar! – Alegou a Bianca, colocando “Funk”. -Vamos, amiga! Rebola esse rabo…
-Não estou com vontade.
-Deixa de frescuras! -Disse a Bianca puxando-me da cama.
Aos poucos, começava a sentir a música e o corpo respondia… sem perceber, entrei no clima, já estava a rebolar que nem a Bianca… descendo, subindo, empinando e rebolando.
-Oi, querido! -Disse a Bianca pulando em cima do Pedro.
-Pedro? – Estava atônita.
-E Henrique. -Completou o Pedro.
-Henrique? -Agora estava chocada. – O que está acontecendo Bianca.
-Foi eu que os chamei, amiga! Para distrair-te um pouco.
-Deverias ter me avisado. -Estava toda envergonhada.
-Não teria piada! - Alegou a Bianca as gargalhadas.
-Não sabia que tu sabias rebolar. -Disse o Henrique.
-Meu Deus, que vergonha! -Estava completamente corada.
-Gostei de ver! -Debochou o Pedro. -Carinha de santinha, mas rebola que nem uma pecadora.
-Dirijam-se à fezes! -Utilizei eufemismo. O que queria dizer era “Vão à merda”.
-Calma, amiga! -Disse a Bianca as gargalhadas.
…
-Vamos jogar “Verdade ou desafio”? -Sugeriu a Bianca toda animada.
-Só se for agora! -Concordou o Pedro.
Jogar “Verdade ou desafio com o Pedro e a Bianca? Com certeza, irá dar merda.
…
Após termos aceitado, sentamo-nos em roda com uma garrafa no meio.
Bianca, gira a garrafa dando início ao jogo.
-Ah, esqueci! Temos direito à três verdades. -Disse a Bianca enquanto a garrafa girava.
Devo ser muito azarenta.
A garrafa pára justo em mim.
-Verdade. -Disse.
-Gostas de alguém? -Perguntou a Bianca.
Encarei a Bianca.
-Sim. -Respondi.
Bianca voltou a girar a garrafa e voltou a parar em mim.
-Ah, não! Não é justo. -Resmunguei. -Verdade.
-Conhecemo-lo? – Perguntou o Pedro.
Já entendi o jogos deles. Querem me desmascarar.
-Sim. -Respondi seco.
Pedro girou a garrafa. Só que dessa vez parou no Henrique.
Desafio não! Implorava nos meus pensamentos.
-Desafio. -Disse o Henrique.
Não! Logo encarei os dois e eles encararam-me. Ficaram, os dois, em silêncio. Isto é tortura.
-Bianca! Não queres desafiar o Henrique? -Perguntou a Bianca.
Sim, isto é tortura.
-Desafio-te a… - Estava tão nervosa que mal saiam as palavras.
“Desafio-te a beijares-me”. Minha vontade era dizer isto em voz alta.
-Desafio-te a gritar bem alto que és gay!
-Estás a brincar, certo? -Perguntou o Henrique.
-Nope! Nunca falei tão sério na minha vida!
-Ok.- disse o Henrique dirigindo-se à janela. -SOU GAY!
-És doida, Luna? -Disse a Bianca as gargalhadas.
-Satisfeita? -Perguntou o Henrique.
-Muito. -Respondi.
Henrique girou a garrafa e parou no Pedro.
-Desafio.
-Assim é que é, querido. -Disse a Bianca. -Desafio-te a uma rapidinha no banheiro.
-Vocês não perdem uma oportunidade de transarem. -Comentei.
-A vida é curta, então curta! -Disse o Pedro.
-Pois é. -Afirmou o Henrique.
-Não se esqueçam de usar preservativos! -Aconselhei.
-Sempre, amiga! – Disse a Bianca, piscando-me um olho.
…
Mais uma vez, estamos sozinhos.
Instalou-se um silêncio constrangedor.