sadness

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  - renjun, renjun! - eu te cumprimentei, deixando meu sorriso invadir tua primavera.

  - ah, oi jaemin.

  - tudo bem? você parece triste.
 
  - pareço? ah, eu só dormi mal, nada demais.

  - tem certeza? - eu sentia tua tristeza, sabia que teus olhos primaveril não vibravam tanto como ontem, queria desvendar-te, queria colher tuas flores coloridas. pois eu sentia, renjun, sentia as tuas mágoas perdidas.

  - eu discuti com meus pais... nada demais. - tu disseste, com o olhar dançando entre teus sapatos.

em meio as minhas palavras perdidas, eu senti as típicas mãos envolverem minha cintura, senti o calor de teus lábios em meu pescoço e senti, enfim, nossa galáxia completa mais uma vez.

  - oi renjun. - jeno disse, deixando seu melhor sorriso vibrar pelo ar.
 
quando nossos olhares se encontraram, nosso inverno se transformou na primavera completa, com todas suas flores e ventos suaves, com seu sol quente o suficiente para nos trazer calor, eu senti, senti a êxtase novamente, e dessa vez ela foi dobrada, pois eu sentia a euforia de teu corpo e de jeno, sentia todo o nosso calor entrar em combustão e nosso amor se transformar em incêndio descontrolado, queimando nossas florestas e deixando para trás nossas cinzas, porém não era ruim, o calor não nos sufocava, ele aquecia, trazendo conforto, nosso inverno frio tornou a se aquecer, o cobertor nos envolvia e o chocolate quente em nossas mãos esquentava nossos dedos trêmulos.

  - uau... seus olhos eles... estão rosas... - renjun dizia, meio desacreditado. - mas não eram azul?

encarei a nova cor no olhar de jeno, e, mesmo parecendo impossível, me apaixonei mais uma vez por sua nova coloração, achando adorável como a sua tempestade tornou-se chuva de verão.

  - renjun, você é nosso soulmate. - eu disse, sentindo jeno assentir em seguida.

  - o que? mas é impossível, vocês são soulmates.

  - você sente o que sentimos, renjun. e sabe muito bem disso, não adianta fugir. - eu sorri, relembrando-me da minha própria filosofia. - a tua primavera invadiu nosso inverno.

  - mas...

  - está com medo. nós sabemos. - jeno começou, indo para o lado do garoto assustado, e eu amei ver o jeito que suas mãos deslizaram por tuas costas, confortando-te. - mas nós também. estamos dispostos a tentar fazer essa bagunça funcionar.

  - olhe teus olhos, renjun. - eu completei, retirando o celular de meu bolso e abrindo a câmera frontal. - são rosas como a primavera. eles brilham com nosso encontro.

  renjun se viu, e eu pude sentir a êxtase que percorreu teu corpo, pude sentir a alegria repentina por ter se livrado, finalmente, dos olhos melancólicos que tanto lhe atormentavam.

eu conhecia tua dor, renjun. e estava disposto a muda-la.

  - eles são tão bonitos... - o sorriso em teu rosto trouxe a nós a felicidade, o buraco negro em nossa galáxia havia sido fechado, as estrelas voltaram a brilhar, eclodindo em nosso céu e se escondendo em tua primavera. - mas eu não posso estar com vocês...

  - por que? - perguntamos em uníssono enquanto víamos a tua flor de cerejeira murchar.

  - simplesmente não posso. não é certo. - tu dizias, a sua melancolia invadindo nossos sistemas, trazendo a nós a tão famigerada avalanche, derrubando nossas estruturas antes tão bem construídas.

  - renjun, você quer isso, nós podemos sentir. - jeno se impôs, querendo fazer com que a nossa felicidade invadisse nosso soulmate.
 
  - me desculpa jeno, jaemin. - tu disseste, com tuas flores de cerejeira murchando conforme o respingo solitário descia por suas feições aprazíveis.

tu fugisse de nós, fugisse de nosso inverno melodioso, nosso olhar já não era mais o rosa puro e intacto de segundos atrás, já não era a primavera sutil e sim azul tempestuoso, nos fazendo provar de sua tormenta, nos fazendo afogar em teus mares e se perder em tua nevasca. e teus olhos, meu anjo, tornaram-se opacos novamente, frios e sem vida como uma vez foram, então por que? sei que os odeia tanto quanto eu odiei meus próprios, então por que não aceita nosso inverno? por que não aceita as roupas quentes que lhe acobertam de nosso frio intenso e por que foges de nossa calmaria?

  - renjun... - deixei que um muxoxo escapasse de meus lábios solitários, que logo foram tomados pelos selares suaves de jeno.

o azul em teus olhos era profundo, escuro, quase como o fundo de um oceano inexplorado, e eu sabia que os meus estariam iguais.

  - vamos falar com ele, sim?

  - ele não nos quer, jeno! recusa-se a admitir nossa ligação!

  - acalme-se meu anjo, se problemas foram criados com certeza lhe há uma solução.

  - queria que desfrutássemos de nossa coloração primaveril. - eu suspirei. - teus olhos eram tão bonitos, nono. ainda são, mesmo com nosso azul melancólico.

  - os teus também, nana.

❛  wildfire | norenmin¡ ❜Onde histórias criam vida. Descubra agora