1° Capítulo

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Capítulos não revisados
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É da humilhação que ela ganha o pão!

- Micaela! tu és mesmo inútil, como é que não consegues segurar num prato sem deixá-lo cair e quebrar-se? - questionou a Miranda, fazendo cara feia para a garota que sem querer deixou um prato cair no chão da cozinha.

      - Desculpe-me tia Minda, eu limpo isto. -disse a menina inclinando para fazer a limpeza, recolhendo os pedacinhos do prato que estavam no chão.

      - Seja rápida sua imprestável. Não quero que os meus convidados vejam uma bagunça destas.  -disse ela ajeitando o vestido que era extremamente caro, fino e elegante  para alguém que tem reclamado diariamente por falta de valores monetários - E depois conversamos sobre o castigo que tomarás. Agora tenho de receber os meus convidados. E recolhe direito este lixo. -disse ela virando-se, indo na direção da porta.

      A garota, continuou com os seus afazeres, perguntando-se sobre o castigo que receberá hoje. Por mais que ela saiba que a tia não será nem um pouco delicada na punição. Ela sendo ela, já sofreu várias formas de humilhação e desprezo mostrado pela tia na frente dos convidados que tem se intensificado depois da morte do seu pai/tio Fernando. A única forma que ela encontrou de suportar o sofrimento, foi tentar ignorar. Ignorância esta que sempre quando descoberta pela tia, leva mais punição.

      No momento, a coisa que mais preocupava-na, era a inquietação que não a deixara em paz. - Quem são meus pais? -porquê é que eles abandonaram-me? -Porquê eles nunca procuraram por mim? Porquê nunca soube nada deles?

      E no meio delas, ela via se imaginando com a sua família, como as coisas seriam diferentes se eles não tivessem-a abandonado. É muito sofrimento para a garota. Desde o dia em que o senhor Fernando faleceu, a vida da garota virou de cabeça para baixo. Primeiramente, no último dia de vida do senhor Fernando, ela soube que não era filha daquele casal. Ela sempre desconfiava da forma que a Miranda tratava-na. Quanto ao senhor Fernando, era ele que gostava dela, era ele que ajudava-a, era ele que dizia que ela não estava sozinha e que tudo daria certo!  Mas agora, com a morte da única pessoa que a apoiava, tudo na vida dela parou. A escola, as amizades com amiguinhos da zona, sonhos, esperança e vários coisas que acreditava. Morreram junto do senhor que a mais de 16 anos o chamara de pai.

      Terminado, dirigiu-se ao seu quarto. Nunca entendera o porquê da mudança, tão drástica e repentina da tia  depois da morte do Sr.Fernando. Certo que ela nunca importou-se em saber o porquê dela odiá-la, ela gostava da tia,  mesmo ela sabendo que a Miranda era uma ignorante que não merecera amor de alguém.

      Era normal ela continuar na escola! Mas não. Era normal ela ter amigos! Mas não.
Era normal ela ter sonhos e esperança de talvez uma vida melhor, que aquela miséria que era submetida a viver, no final não passara de uma simples lembrança. Mas não! A desgraçada da Miranda, encarregou-se de envenenar a cabeça da pequena mocinha. Sempre que ela podia, gritava o quão inútil a garota não prestava. Ela não tinha direito a fala, não tinha direito em contradizê-la, não tinha direito a reclamações, não tinha direito a nada. Apenas obedecê-la, se não, a garota moraria na rua sem nenhuma veste e sem alimentos. E mesmo com todo esse sofrimento, Miranda era a única pessoa que lhe tinha restado na vida. Por isso, não tinha, não sabia e nem queria odea-la.

       Contudo, ela aceitou aquela nova vida. Era só ela aceitar que a vida dela correria um pouco melhor e tranquila. E o facto dela ser a nova empregada da casa, não tem sido tão sufocante do que ser privada do mundo lá fora. De meses para cá, ela tem exercido essas funções tranquilamente sem os "porquês" de ter que ser ela a exercer aquelas funções.  Ela estava bem com a vida e bem com ela mesma. Isso fisicamente porque psicologicamente a única palavra que martelava a sua mente era o "PORQUÊ". Agora, limpar aquela casa, era mais prazeroso do que ficar no mesmo ambiente que aquela senhora mal amada.

       Talvez ela devesse parar de reclamar um pouco, e concentrar-se em fazer o que a tia a dissera a duas semanas atrás ao trazer o belo vestido que estava na cama a espera de ser usado.

      - Daqui a uma semana, iremos  mudar-nos daqui, mas para que isso aconteça, tu voltares a frequentar a escola, terás que comportar-se muito bem no jantar que teremos em duas semanas. -lembrou a garota, ainda admirando o belo vestido a sua frente.

      - Hoje terei de ser bem educada para que tudo dê certo. Não quero perder esta chance de viver coisas novas. -disse ela ainda tocando de lave no vestido para não suja-lo.

VENDIDA A UM ESTRANHO (Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora