A Mulher Do Parque

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Todas as noites, um empresário para em uma cafeteria de um subúrbio pobre da cidade. Prefere esse local por ser um lugar simples e já está cansado dos seus companheiros de trabalho falando sobre negócios: até mesmo depois do expediente, continuam tratando do mesmo assunto. Isso chega a ser estressante para o homem, que quer apenas sossego.

O empresário pede uma xícara de café forte e ovos mexidos. O velho que ali trabalha, e que também é proprietário, não demora muito para entregar o pedido ao homem que espera. Enquanto degusta o seu pedido, algo chama sua atenção — ele repara que há uma mulher do outro lado do quarteirão.

Ela está parada observando algo, quase imóvel. Usa um vestido longo, que é bagunçado com o toque do vento, e seus cabelos negros encostam embaixo de sua cintura.

Nunca tinha visto alguém com tanta beleza na cidade. Ela parecia observar algo dentro do parque, pois estava do lado de fora olhando para algo que, possivelmente, estaria ali.

Quando o homem se distraiu com o dono da cafeteria, percebe que a mulher havia sumido da mesma maneira que surgiu. Na noite seguinte, no mesmo horário, o homem vê a mulher observando algo que estava dentro do parque.

Ela usava o mesmo vestido da noite anterior. O homem não faz ideia do que a mulher faz ali, apenas continua fascinado com sua beleza.

Nas noites seguintes, o homem passou a sonhar com a mulher do parque, parecendo estar vivendo uma paixão platônica. A mulher não sai de sua cabeça, impedindo o homem até de conseguir trabalhar direito, pensando na mulher misteriosa. Passou a frequentar a cafeteria todas as noites, nem tanto para comer, mas sim para admirar a mulher.

O homem estava decidido de que, essa noite, não ficaria apenas observando aquela bela mulher. Tomaria coragem para ir até o seu encontro. Ele, após ver que a moça havia surgido, começou a caminhar na rua deserta e parou ao lado dela, que não olhou para ele, mas sim para algo como faz todas as noites dentro do parque.

O homem não consegue dizer o que sente pela mulher. Suas palavras saem trêmulas. Ele pergunta o que ela faz ali e a mulher aponta para algo em meio a alguns arbustos. Um barulho é escutado. Era um pouco baixo e abafado: parecia ser uma criança chorando. O homem, preocupado, tratou de entrar no parque, que se encontrava fechado.

Após entrar no parque, o barulho de choro é mais audível ao homem. Parece que vem de um monte de arbustos. Ele começa a removê-los e nota que se tratava de um poço.

O som de choro, de repente, some. O homem imaginou que poderia estar vindo dali, mas o poço estava completamente preenchido por pedras e destroços, impossibilitando que a criança ali estivesse. Ao retornar aonde a mulher estava, ela havia sumido.

No dia seguinte, o homem ainda estava bastante confuso e apreensivo com o que havia acontecido na noite anterior. Ele repetiu o que fazia todas as noites anteriores: pede o café e os ovos mexidos e fica observando para ver se a mulher aparece novamente. Nada.

Ao seu lado, há alguns velhos conversando. Um deles começa a contar que os moradores da região continuam vendo o fantasma de uma mulher que fazia cinquenta anos que havia morrido. Segundo a história, após descobrir que estava sendo traída, uma mulher acabou se vingando do marido, jogando seu filho em um poço que funcionava no parque.

Quando ele descobriu, pegou sua pistola e atirou contra a mulher. Após cometer o assassinato, meteu uma bala na própria cabeça. Conta a lenda que, todas as noites, a mulher vai ao poço lamentar o que fez com o seu filho e a criança continua chorando por toda a eternidade.

Após escutar o que os homens haviam falado, o empresário não acreditava naquilo e acabou saindo desesperado do local. Na mesma noite, sonhou com a mulher como se estivesse tendo um déjà vu.

No sonho, ele a via jogando a criança no poço. Este pesadelo o atormentava todas as noites e o choro daquela inocente criança pairava em seu quarto.

Aquele homem acabará ficando louco!

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