A Noite Da Tormenta

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Era uma noite escura e chuvosa. Eu estava em casa sozinho, minha esposa e filha tinham ido ao shopping center fazer compras. A solidão e a tempestade formavam um momento perfeito para escrever.

Neste dia eu estava escrevendo uma história para o blog chamada "Uma Verdadeira Obra de Arte", que eu postei algum tempo atrás, apesar do que me aconteceu nessa noite. Senti como se estivesse tocando em coisas que não deveria.

Eu me lembro bem, olhei para o relógio, eram umas 9 horas e eu estava escrevendo a parte onde o personagem principal fazia um ritual satânico. As imagens do ritual rodavam na minha cabeça como um filme e eu ia adicionando algumas coisas, retirando outras e modificando a ordem com que as ações eram executadas. Lá fora, raios e trovões caiam um atrás do outro enquanto eu escrevia:

"Ele despejou o sangue em cima da bíblia o que fez gerar uma explosão..." - minha escrita foi interrompida por uma queda de energia.

A escuridão me envolveu. Eu olhei a minha volta, com os olhos ainda acostumados a luz e eu não enxergava nada, somente escutava a tempestade lá fora e meus cachorros, Rocky e Luna, correndo em minha direção assustados.

O fato de eu não ter salvo o arquivo não preocupou no momento. Eu estava mais preocupado em socorrer os cachorros e procurar meu celular para iluminar a sala, pois silhuetas sinistras me cercavam.

Quando escrevo eu me concentro tanto na história que sinto como se estivesse participando de tudo. A tensão deixou minha imaginação fértil e os móveis e objetos tomavam formas que deixavam desconfortável.

O meu celular estava em cima da minha mesa então não foi difícil encontrá-lo. Os cachorros já estavam do meu lado quando eu liguei a lanterna do telefone. Andei até a cozinha, olhei pela janela que dava para a frente da casa para confirmar que a energia tinha caído em toda vizinhança.

A única luz que eu vi parecia vir da lanterna do meu vizinho da frente que estava na varanda olhando a vizinhança. Ele deve ter visto a luz do meu celular por que acenou em minha direção e desapareceu atrás das plantas no seu jardim.

Peguei um saco de doritos no armário e sentei no sofá. Rocky e Luna suplicavam por um pouco do meu petisco, e às vezes, eu jogava um punhado para os dois.

Pelo celular entrei no site de notícias locais, fui na sessão do tempo e coloquei o vídeo da previsão. O meteorologista me deu a má notícia que a tempestade duraria até o dia seguinte. Liguei para minha esposa, mas o celular estava desligado, tentei o da minha filha e também não tive sucesso.

- Bom meus filhos - disse eu olhando para os cachorros - parece que a energia não volta hoje. - completei desolado.

Eu queria terminar de escrever aquela historia, eu estava empolgado. As vezes eu escrevo e fico tão empolgado que eu não consigo deixar de pensar na história até eu terminar de escrevê-la.

Continuei a formular a cena do ritual na minha cabeça e ali fiquei por um bom tempo. A tempestade lá fora continuava. Rocky e Luna estavam inquietos, pensei que era por causa da chuva, afinal, que cachorro não tem medo de tempestades ?

Rocky deu um pulo do sofá e foi até a porta de vidro da sala que dá para o quintal. Ele começou a latir, ficou de pé e as vezes olhava para trás, pedindo para que eu abrisse a porta.

Luna foi logo em seguida e começou a fazer o mesmo. Os dois latiam com raiva, pensei que havia um gato lá fora. Então eu levantei e fui até a porta, os cachorros se prepararam pensando que eu iria abri-la. Olhei para fora, mas, não vi nada. Voltei para o sofá e arrastei eles comigo.

Continuei a fazer algumas anotações pelo celular. Quando de novo os cachorros pularam em direção a porta e começaram a latir. Dessa vez corri também na expectativa de ver um gato correndo.

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