Nos olhos de Lena Luthor

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O sol já subia para iluminar as montanhas quando Lena acordou e encontrou Kara sentada na varanda, pintando uma tela. Ficou um tempo ali a observar a concentração que a outra garota tinha enquanto deslizava o pincel com movimentos suaves pelo tecido, parecendo flutuar em vez de estar sendo segurado por alguém. Era estranho vê-la sem seus habituais óculos enquanto realizava qualquer tarefa, já que o que se esperava, era que Kara não enxergasse sem eles. A verdade é que o chumbo na armação ajudava a controlar seus poderes de certa forma, os neutralizar, para que não saísse disparando sua visão de calor intencionalmente.

De repente um vento forte começou a soprar e o sol, lentamente desapareceu por trás das nuvens. Kara colocou a tela, seus materiais e uma poltrona, presentes na varanda, para dentro e fechou a enorme porta de vidro, observando os grossos pingos de chuva que começavam a cair, logo se transformando em uma chuva forte e incessante, como se tivessem aberto uma torneira no céu.

Lena alternou seu olhar da tela incrivelmente detalhada da paisagem das montanhas ao fundo da cabana para Kara, com os cabelos presos em um coque, ela ainda segurava um dos pincéis, provavelmente sem perceber que o fazia, enquanto observava a chuva correndo pelo vidro.

O celular tocou ao lado de Lena e ela o segurou, chamando a atenção de Kara.

- Você tem uma mensagem... - Ao baixar os olhos para a tela, a morena de repente perdeu a fala.

Era uma mensagem de Max:

"Você já acertou as contas com o demônio em pessoa (Lena Luthor)? Disse a ela tudo o que queria dizer e acabou com a farsa dela? Volte logo, sinto sua falta."

Algo doeu dentro dela, uma dor física e muito maior do que as que haviam sido provocadas por Lillian em seu sequestro. Lena simplesmente não conseguia pensar e saiu pela outra porta, andando sem rumo e sentindo a chuva fria acalmar ao menos um pouco seus sentimentos bagunçados.

Kara não havia conseguido se mover até que Lena saísse, quando então pegou o celular para ler rapidamente a mensagem e ir atrás dela.

- Lena, você precisa voltar pra dentro, não pode ficar na chuva.

- Preciso ficar sozinha.

- Eu vou embora se você preferir, mas saiba que sobre a mensagem, nunca me direcionei a você daquela forma, as pessoas apenas comentam sobre sua fama.
Lena se virou em um suspiro cansado, sua respiração estava ofegante e seu corpo lutava contra o frio.

- E sobre o conteúdo da mensagem? Que contas você teria a acertar comigo? É sobre o Superman? Eu sei lá o que vocês são...

- Não, não é sobre Kal-El. Você pode por favor entrar pra conversarmos lá dentro?

A morena tinha medo de que novamente tudo não passasse de um teatro, uma cena montada por Kara, de repente, desconfiava de tudo, de seu jeito meigo e doce, sua timidez excessiva e principalmente o fato de ter invadido a L-Corp no dia em que se conheceram e se sentia uma tola, mentalmente se repreendendo por tudo o que sentia.

Kara não estava muito diferente. As piadas de mal gosto que fazia com Max sobre Lena, já lhe incomodavam bastante, havia criado com ela, uma afeição que não sabia explicar, além de ter visto que era uma pessoa completamente diferente do que havia imaginado.

- Você pode entrar, eu vou ficar aqui.

Dessa vez Kara quem estava ofegante, quase desesperada e sem saber como agir. Ela pegou uma enorme rocha que fazia parte da decoração natural do lugar e a lançou para cima, mesmo com toda a chuva, foi possível ver a gigantesca pedra subir no ar e cair novamente, a loira a congelou com um sopro e desferiu um soco contra, fazendo com que se partisse em várias pedrinhas menores que rolaram pelo chão. A kryptoniana se aproximou com os olhos reluzindo, como se estivesse prestes a liberar o laser de calor e a encarou de perto. Lena observou a cena imóvel, mas não teve o instinto de correr ou dizer algo, apenas encarou os olhos azuis até ver a luz sumir deles.

- Acha que eu não poderia matar você se quisesse? Eu poderia ter qualquer coisa de você! Não é possível que pense que alguém como eu iria preferir mentir e fingir esse tempo todo, com a infinidade de coisas que sou capaz de fazer.

O que Kara dizia pareceu muito lógico para Lena, ainda que seu medo continuasse lá. Por que alguém com tanto poder iria precisar camuflar quem era? Ela era como uma deusa na Terra. A morena desviou o olhar brevemente para a blusa de Kara e se arrependeu no mesmo instante ao ver o tecido molhado colado ao corpo, marcando os seios perfeitos. Imediatamente virou o rosto para encarar qualquer outra coisa e tentar tirar aquela visão de sua mente.

A loira entendeu que palavra alguma naquele momento iria conseguir dizer o que ela realmente sentia com todos os recentes acontecimentos e apenas deixou escapar em um sussurro baixo - Eu amo você, Lena! - Antes de se aproximar dela com mais um passo, um movimento mútuo feito também por Lena, onde seus corpos se bateram e seus lábios se encontraram.

Dessa vez, o beijo era intenso, principalmente da parte de Kara, que estava disposta a demonstrar por meio deste, tudo o que Lena a fazia sentir, todo o lado feroz que nem mesmo ela sabia que existia e que apenas Lena despertava de forma tão natural. Suas línguas se entrelaçaram em um beijo molhado arrancando um gemido baixo de Lena, que já não sentia frio nem mesmo com a chuva ainda caindo com força sobre ela.

Kara colocou um dos braços em volta da cintura da morena e a tirou do chão, voando apenas alguns centímetros da grama, o suficiente para levá-la de volta para dentro de costas, sem que nem percebesse. Já do lado de dentro, a garota de aço se apressava em tirar as roupas de Lena, preocupada com o que poderia acontecer a ela se ficasse tanto tempo molhada, claro, não era o único motivo, mas em sua mente pensava que sim. Depois de ajudá-la a tirar o suéter azul e a blusa branca que vestia por baixo, teve sua blusa também tirada e seus corpos se uniram novamente em um abraço forte. Kara direcionou sua visão de calor para a lareira, a deixando tomada por chamas fortes que começavam a estalar a lenha e fechou os olhos, sentindo sua pele nua e quente contra a de Lena, aparentemente mais quente ainda, os seios fartos que pressionavam os seus e a respiração irregular de ambas, o som mais alto presente ali.

Depois do longo abraço, Lena andou novamente ao tapete cheio de almofadas, sem afastar seu corpo do de Kara e a empurrou sutilmente para que se deitasse, bem devagar. A kryptoniana, que podia ser realmente uma deusa na Terra tamanho o seu poder, mesmo que ainda não tivesse sequer conhecimento de sua amplitude, observou cada detalhe do rosto da mulher a sua frente, dos fios escuros de seu cabelo, que ainda pingavam água da chuva, até seus olhos verdes e enquanto se deitava sobre as almofadas lentamente, percebeu pela segunda vez nos olhos de Lena Luthor, que ela a dominava sem nenhuma força e que faria qualquer coisa por ela!

Nos Olhos de Lena Luthor - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora