Pinte-me!

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"Nota: Tem safadeza demais nisso aqui, beijos!"

- Eu já estou há tempo demais no seu apartamento, Kara. Quando chegar em casa, não vou saber o lugar das coisas.

- Bom, você está há tempo demais aqui por insistência minha e a culpa é toda minha!

- Completamente sua! Me ganhou em uma chantagem emocional muito baixa dizendo que não conseguiria ficar sozinha, agora que voltou.

- Não, na verdade VOCÊ concluiu que eu não conseguiria. O único argumento que usei foi que adoraria passar mais tempo com você, mais do que adoro o sorvete do parque, muito mais!

- Isso é ainda pior!

- Você se arrepende? Não gostou de ficar aqui comigo? Não gostou de me ver pintar? Ou do som dos pássaros que sempre tem de manhã e no fim da tarde?

- É claro que não me arrependo e eu nem sei se quero ir embora, na verdade. Só fico receosa de que você enjoe da minha companhia, ou queira ficar sozinha.

- Eu detesto ficar sozinha, é assustador! - a loira se jogou no sofá e agarrou uma das almofadas, a colocando em seu colo e abraçando de leve, como se o ato em si a fizesse sentir mais protegida.

- Assustador? Você... Eu desisto! Desisto de tentar entender por que alguém com superpoderes se sentiria assustada com algo.

- O medo nem sempre é algo tangível, que se pode ser explicado, Lena.

- De qualquer forma, a maioria dos humanos tenta ser forte e ignorar completamente todos os medos - Lena se rendeu e sentou no mesmo sofá - Isso me faz lembrar de uma história triste.

- Estou pronta pra chorar.

A morena se colocou a pensar, como se absorvesse ao máximo cada pequena lembrança, enquanto começava a falar.

- Quando eu era criança, ia com minha mãe visitar um casal de senhores que moravam num pequeno sítio. Eles tinham um pássaro numa gaiola, não consigo lembrar que pássaro era, mas tinha penas amarelas. A gaiola ficava sempre coberta por um pano, deixando o interior escuro. Quando minha mãe perguntou o motivo, disseram que ele gostava do escuro, pois quando retiravam o pano, o animal começava a gritar, mas eu sabia que os pássaros cantavam quando estavam alegres e que o isolamento o deixara profundamente triste. Demorei a entender como era possível que eu com tão pouca idade sabia o óbvio, mas aquelas pessoas em uma vida inteira não foram capazes de ver o mal que faziam por pura ignorância e ainda assim, pensavam estar fazendo algo bom.

- Nossa... Eu nem sei o que dizer, Lena - a fala de Kara foi sumindo e ela ficou a pensar sobre o que acabara de ouvir.

Mais tarde: Lena's POV

Os olhos azuis de Kara se prenderam em mim como nunca fizeram antes e quando percebi, prendia a respiração por tempo demais sem nem sequer notar. O silencio se fez, mas não conseguia pensar sobre isso, meus pensamentos estavam tomados com devaneios sobre seus lábios, a vontade de beijá-la que me consumia como um pequeno pedaço de papel, que queima mesmo sem encostar na chama.

Ela largou o pincel ainda molhado de tinta, levantando-se e deixando a tela que pintava de lado, desviei o olhar para suas mãos levemente sujas de tinta em diferentes tons, que demonstravam que mesmo Kara, com sua delicadeza e concentração invejáveis, permitia entregar-se ao que fazia com maestria: pintar.

Demorei em encarar seus olhos e senti aquele frio na barriga ao ver que ela continuava a se aproximar, apesar disso, dei um passo a frente e quase encostei meu corpo ao dela. Meus lábios tremeram, vacilantes, antes de duas únicas palavras escaparem por eles em um sussurro:

Nos Olhos de Lena Luthor - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora