De Castigo com Kara Danvers

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O médico recomendou uma semana de repouso para Lena, para que seus ferimentos melhorassem e não tivesse nenhuma hemorragia interna, o que para ela seria um martírio, que só se fazia menor pela presença de Kara.

A cabana com um mobília rústica e muito aconchegante, diferente de seu apartamento, tornava seus dias de castigo mais agradáveis também.

Kara saía para fazer as compras, ela sempre voltava o mais rápido que podia e isso era muito rápido mesmo. Tinha medo que Lillian a encontrasse, mesmo Lena garantindo que isso jamais aconteceu e que não viria a acontecer. Realmente ninguém imaginaria a poderosa Lena Luthor em um lugar tão pequeno e cheio de natureza como aquele. Havia até uma casa na árvore, onde Kara "se escondia" para pintar e colocar seus pensamentos em ordem enquanto Lena dormia, ou entrava para dentro de um dos seus livros.

- As coisas nunca são normais quando se trata de mim, era pra ser só uma noite de diversão tomando sorvete no parque.

- Você fala como se fosse a Supergirl - a loira respondeu gentilmente com um sorriso - Não tem culpa por ser sequestrada, Lena. Teremos outras noites para tomarmos sorvete no parque, agora apenas descanse.

- Você quer beber alguma coisa? Talvez um vinho.

- Vinho parece bom.

- Eu vou buscar.

- Não esqueça que não pode pegar coisas pesadas - Kara se inclinou para vigiá-la enquanto a morena caminhava para a cozinha.

- Você não tem como medir o peso de algo da mesma forma, mas uma garrafa de vinho não está na lista de coisas que não posso levantar, Kara.

- Eu devia ter pedido uma referência disso ao seu médico.

- Você fala sério?

- Falo bem sério, Lena Luthor! Eu posso fazer uma pergunta?

- Diga - Lena voltava com uma taça quase cheia, da qual bebeu um gole antes de largar na pequena mesa de centro - E eu não estou morrendo, Kara!

Depois de servir outra taça com vinho e a entregar para a outra garota, Lena se sentou nas inúmeras almofadas macias espalhadas pelo tapete, a uma distância apenas segura o suficiente da lareira acesa e lançou a ela um olhar intrigado.

- Por que sua mãe adotiva faria isso? E ok, essas perguntas podem parecer bobas, todos sabem que a família Luthor, quero dizer, seu irmão Lex... - Kara vacilava por receio do que queria dizer.

- Você quer saber por que ela tentou matar você? O motivo de todas as armas. É totalmente compreensível, sei que só quer ajudar as pessoas.

- Você sabe? Como? Por que você é tão diferente deles?

- Todo mundo saberia se a conhecesse - disse depois de desviar o olhar e sacudir a cabeça negativamente em um gesto suave, voltando a encará-la - Não sei dizer por que querem te machucar, talvez eles pensem que são o poder aqui, mas não podem ser mais poderosos do que você, ninguém pode! E quanto a mim... As pessoas são diferentes! Não acho que Lex seria capaz de matar o Superman, mesmo que ele possa fazer isso. Os dois tem esse conflito, mas um já salvou a vida do outro e não consigo imaginar o que fariam caso isso terminasse definitivamente. Quanto a Lillian, não sei o que esperar.

A loira estava atenta e o assunto parecia a interessar muito, mas logo percebeu que ele poderia ser nocivo de alguma forma à Lena.

- É melhor falarmos de outra coisa - ela se sentou mais perto - Vamos falar de algo bom.

- Você?

As duas trocaram olhares e um sorriso divertido.

- Eu? Eu sou um desastre no seu mundo, mas não conta pra ninguém.

- Você é um desastre? Eu sou uma tsunami!

"Você com certeza é!"

Elas conversaram até o fogo quase apagar completamente e a garrafa estar perto de terminar. Deitadas sobre as almofadas, trocaram inúmeras perguntas que sanavam a curiosidade de Lena a respeito dos superpoderes e o planeta Krypton, assim como as curiosidades de Kara sobre as viagens de Lena, a vida diferente que ela tinha e até mesmo sobre a Terra e coisas comuns para os humanos.

- Você pode beber vinho tomando todos esses remédios?

- Não.

- Lena!!!! - Kara se sentou em súbito, boquiaberta.

- Não estou bebendo vinho! É suco de uva.

- O quê? Você... Você me deixou beber essa garrafa toda sozinha?

A única resposta foi uma gargalhada de Lena, que nem se deu ao trabalho de sentar também.

- Você está rindo? Eu não acredito que você tinha intenções de me deixar bêbada sozinha!

- Você mesma disse que não é afetada por essas coisas da mesma forma.

- Eu quis dizer comida! Açúcar, gorduras... Não álcool! Com álcool as coisas são... Sinistras!

- Não podia dizer pra você parar de beber, é falta de educação. - Kara lançou seu olhar desconfiado - Não quis te deixar bêbada de modo algum e nem vou aproveitar o fato de estar alta para tentar te beijar, ou qualquer coisa assim, só vem aqui e fica comigo.

Lena a puxou devagar até que a loira cedeu e se deitou ao seu lado. Kara a abraçou, sentindo o suéter macio da cor azul celeste, com alguns fios brancos que enfeitavam a lã, tão diferente das roupas que ela costumava usar e deitou em seu ombro em silêncio.

- Você não percebeu a diferença entre o vinho e o suco de uva? Pelo aroma, não é possível?

- Bem, sim... Mas o seu perfume é mais forte, confunde meu olfato. Er... Quer dizer, acho que é a sua loção de banho? De cereja.

- Não usei nenhuma loção de banho, é o sabonete líquido.

- Entendi.

- E não poderia ter notado pela cor?

- Poderia, mas não me atentei muito a sua taça. Quer saber sobre as coisas que posso fazer? Uma vez perdi os poderes por usá-los demais. Foi como se tivesse descarregado completamente e fiquei quase dois dias como uma humana. O que eu tenho a dizer é: vocês não enxergam, não sentem, não escutam nem 10%. Mas eu não tinha poderes em Krypton, na verdade sou exatamente como você, em um planeta diferente do meu.

- Nem 10%?

- Eu diria que nem 2%.

Lena não disse mais nada, apenas se colocou a pensar sobre todas as revelações da noite e no quanto deveria ser incrível ter tantas habilidades incomuns, enquanto Kara pensava sobre como alguém, em condições fisicamente tão inferiores, poderia dar a vida pela dela e lutar tão bravamente daquela forma. Assim as duas foram se entregando ao sono ali mesmo, naquele abraço aconchegante.

Nos Olhos de Lena Luthor - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora