Segredos do Distrito 17

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Lena acordou sozinha e nua em uma cama enorme com lençóis de seda na cor azul escuro, correu o olhar a sua volta e custou a reconhecer o quarto todo em tons escuros, muito diferente do seu, enquanto sua cabeça ainda girava com o efeito dos inúmeros drinks. Ela se jogou na cama outra vez e fechou os olhos, mas ainda tinha a sensação de estar em movimento. Repassando todos os acontecimentos que a afetavam nos últimos anos, veio a sua mente as lembranças de Lillian e de como possivelmente ela não estava morta, já que lhe dera um aviso do futuro e de repente, tudo pareceu muito óbvio. Ainda era cedo, mas seu celular não parava de vibrar. Assim que desbloqueou a tela, levantou da cama em um pulo com o susto. Na imagem, a parede da cela de Lex no último andar de um prédio de alta segurança, a frente dela estava a Supergirl levitando no ar e o segurando pela camisa com o semblante furioso: "Supergirl liberta Lex Luthor" Lena sentiu um desconforto no estômago e ficou levemente nauseada por levantar tão rapidamente, pela notícia que acabara de ler e pela ressaca da noite anterior. Passou sua localização para o motorista, mas falhou na tarefa de encontrar suas roupas, então vestiu um roupão de banho e entrou no carro o mais rápido que pôde.
Do outro lado da cidade, as câmeras tentavam capturar a imagem da heroína com sua capa vermelha, mas ela já voava muito mais alto do que o zoom poderia alcançar e já não se podia ver mais do que um ponto no céu, muito distante.
- Você não está aqui para me matar - a voz do homem expressava sua curiosidade, apesar da calma, mesmo sendo suspenso há quilômetros do solo.
- Como pode ter certeza? Eu não sou como Kal-El! Lembro muito bem de onde eu vim e este não é o meu planeta!
- Você só tem um assunto comigo e não tem nada a ver com a guerra entre humanos e alienígenas.
- Acho que você me subestima demais, Lex!
Sem pensar, a loira o soltou e cruzou os braços, se mantendo no ar no mesmo lugar e o vendo cair. Não era o certo a fazer, mas talvez estivesse descontando parte da raiva que sentia de Lena. Demorou até que ele se manifestasse, vendo que ela não saía do lugar.
- Eu posso ajudar!!!
Precisou de sua velocidade supersônica para alcançá-lo, já perto do chão.
- Fale! Você tem alguma coisa a ver com isso?
- Sim e não! Eu posso explicar se você me levar para algum lugar seguro!
Kara chegou a pensar que estava louca por pedir a ajuda de Lex Luthor e ainda seguí-lo até um de seus laboratórios, onde estaria completamente desarmada e sem poderes. Ao adentrar o extenso corredor com paredes de metal, a loira começou a sentir os efeitos dos raios que simulavam a energia do sol azul e só então percebeu a dimensão de seu problema e com quem estava lidando. Acabava de colocar sua vida e a de seu primo em risco ao libertar a única pessoa capaz de destruí-los naquele planeta. Talvez estivesse colocando em perigo inúmeras outras raças que se refugiavam na Terra, mas nada disse. Kara seguiu em silêncio com passos firmes atrás de Lex.
- Antes de começarmos, gostaria de lembrar que estamos do mesmo lado nisso, mas nossos interesses em comum não tem nada a ver com o Superman. Enquanto não misturarmos isso, tudo irá correr bem entre nós.
- Isso quer dizer que você pode tentar matá-lo e eu não devo fazer nada pra impedir?
- Sim, é exatamente isso! Mas você está vendo de uma forma muito extrema, quando na verdade, é apenas um acordo de paz. Vai entender quando eu te mostrar uma coisa.
Lex seguiu para o computador principal e sem demora conseguiu acessar os arquivos das câmeras de segurança de sua cela, que era vigiada 24hs. Chegando no dia da visita de Lena, ele parou onde ela se jogou em seus braços em uma atitude quase desesperada. A cena chocou a garota de aço, mas as coisas começavam a se encaixar para ela.
- Se você está aqui pela Lena, então temos algo em comum, mas é bom que saiba que se algo acontecer a ela, vai desejar realmente ter me matado quando podia.
Kara respirou fundo, deixando de lado todas as suas emoções e vendo que não podia voltar atrás, apenas disse em tom sério.
- Está bem, continue logo com isso!
- Suas memórias não foram tiradas de você, pela ciência do nosso planeta ao menos, isso ainda não é possível. Elas apenas foram colocadas em um compartimento do seu cérebro que você não pode acessar. É como um sonho que você não consegue lembrar, mas as memórias ainda estão lá, guardadas em algum lugar. É por isso que, às vezes, elas voltam em fragmentos de forma confusa. Por mais estranho que isso possa parecer, não desenvolvi essa técnica para usar em kryptonianos e não sei exatamente quais são os efeitos em você, também não sei se seria seguro reverter o processo, nem sequer cheguei a tentar antes que Lillian o fizesse.
Supergirl apenas o ouvia sem nada dizer, Lex nem conseguia ter certeza de que ela estava prestando atenção.
- Você tem certeza de que quer que eu tenha acesso ao seu cérebro em um super computador? - ele voltou a perguntar.
- É pra isso que estou aqui!
- Não vou voltar para aquela cela depois disso?
- Não pelas minhas mãos, mas como diz nosso acordo, não tenho nada a ver com isso se Superman o fizer.
- Está bem, vamos começar então. Diga a Lena que é uma decisão sua, caso não sobreviva.
Depois de deixar tudo documentado, eles seguiram para uma outra sala com uma tela muito maior e uma cadeira bem no centro. As amarras na cadeira foram suficientes para prender a loira, já que ela estava sem seus poderes.
Lex estava entusiasmado para testar algo que ele nem ao menos sabia que poderia dar certo, mas aparentemente deu. Ele não tinha acesso direto a todas as memórias, mas a inteligência artificial sim e o processo seria bastante demorado.
Lena não estava ciente de sua importância como pessoa, mas havia conseguido unir uma super heroína e o que talvez era o maior vilão na Terra em um ato que poderia mudar a história da humanidade e nenhum deles pensava nas consequências disso.
8 dias depois...
Não havia nenhuma notícia da Supergirl, ou de Lex Luthor desde que haviam sumido pelos céus. Lena estava a ponto de enlouquecer, mas decidiu que voltaria para a L-Corp e talvez se ocupar fosse o melhor a ser feito. As tentativas de acessar o sistema dos laboratórios para descobrir onde poderiam estar foram inúteis, ao que parecia, Lex havia colocado outros códigos os quais nem Lena poderiam acessar.
A ausência de Kara, trouxe de volta o Superman, que também se culpava por ter passado tempo demais longe sem ter ideia do que acontecia.
A morena voltou seu olhar para a sombra que cobria sua mesa e já sabia quem estava por trás dela na janela.
- Se algo acontecer a ela, eu o mato! - a voz grave surgiu em tom baixo.
- Se algo acontecer a ela, eu mesma o matarei, mas você não conseguiria fazer isso.
- Ela foi tudo o que me restou!
- Você tem o mundo todo, Superman.
A morena se virou junto com a cadeira giratória para encará-lo, mas não havia mais ninguém. Tudo o que ela pôde fazer foi soltar um suspiro longo e sentir sua garganta apertar outra vez. Ela se voltou para a mesa e encarando seu computador, teve um breve pensamento que lhe ocorreu de que o código poderia ser seu próprio aniversário. Lex a protegia antes de qualquer coisa e essa era a única coisa que ela não tentaria. Bastou uma única tentativa para que entrasse no sistema, tendo total acesso ao laboratório em que estavam e todas as câmeras, mas para a sua surpresa, todo o lugar estava vazio, mesmo tendo atividades recentes registradas.
Tudo parecia um pesadelo e cada vez que ela chegava mais perto, a situação piorava. Já era 15:00hs quando decidiu descer um pouco para tomar ar. Pela primeira vez em todos aqueles dias, Lena resolveu tentar não pensar em nada e acalmar sua mente com boas lembranças só por um segundo, lembranças de quando sua vida não era um pesadelo, apesar de parecer. Ela tinha que voltar e assim o fez, mas quando entrou novamente no prédio da L-Corp, sentiu o ar diferente. Os funcionários da recepção a encaravam de um jeito diferente, como se estivessem assustados. Lena se dirigiu direto para o balcão da recepção e não pôde deixar de perguntar.
- Aconteceu alguma coisa?
A mulher hesitou em responder, mas a resposta foi negativa, então a morena seguiu outra vez para a sua sala. Em sua mesa havia alguma coisa diferente, que ela pôde notar assim que entrou. Ao se aproximar, fixou o olhar na bandeija com café do Starbucks no seu sabor preferido e ao lado um Halls preto.
- Eu pensei que iria gostar de um café, já que sua agenda está um pouco cheia hoje. Também tomei a liberdade de trazer o seu Halls preto, espero que não se importe, senhorita Luthor - disse a garota por trás dela, ajeitando os óculos em seu rosto, num gesto tímido.
Lena apoiou uma das mãos na mesa e fechou os olhos, o ar escapou sem que ela tivesse controle e de repente, sentiu como se estivesse em um sonho bom. Demorou mais do que gostaria para responder e ainda assim, a voz não saiu em um tom muito normal.
- Obrigada, senhorita Danvers! Você sempre me surpreende!

- Obrigada, senhorita Danvers! Você sempre me surpreende!

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Nos Olhos de Lena Luthor - SupercorpOnde histórias criam vida. Descubra agora