Capítulo 6 - Não engoli essa

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E o telefone tocou. Uma... Duas... Três vezes. Eu já estava começando a ficar nervosa. Sempre que ligava para a Delfina, ela atendia na hora, tipo, sem ter que esperar muito. E era difícil não ser ela a atender, porque quase sempre que alguém liga na casa dos Alzamendi, é para falar com a Delfina. Digamos que ela seja meio “Pop”.


Por fim, o telefone foi atendido, mas dessa vez pela irmã caçula da Delfina, Amanda. Parecia que quanto mais desesperada eu ficava, mais o mundo conspirava contra mim. Eu precisava disso, tipo, AGORA. Será que é tão difícil entender isso?

- Alô? – a voz infantil falou do outro lado da linha.

- Eu posso falar com a Delfina?

- Quem é?

- A Ámbar. – tinha certeza que falar meu nome inteiro era menos do que desnecessário.

- Só um minuto.

Ouviu-se um som de, provavelmente, o telefone sendo colocado em cima de uma mesa ou algo do gênero e um grito de rachar os ouvidos que eu não consegui desvendar o que significava. E depois outro, só que um pouco mais distante... Barulho de telefone sendo desligado e enfim...

- Heey! – a doce e animada voz da Delfina ecoou pelo telefone.

- DELFINA! – eu dei um berro. Foi mal, mas eu estava “meio” desesperada.

- Calma garota! Eu também estou com saudade, foram... – ela deu uma pausa – Sete horas bem longas! – ela disse isso com total sarcasmo.

- Não é isso! Eu preciso da sua ajuda, agora! – fui direto ao assunto, sem enrolar, por favor!

Ouve outra pausa:

- Estou indo aí. – e a ligação caiu.

Vinte minutos depois Delfina estava sentada na minha cama, fitando-me com certo interesse. Eu estava meio apreensiva agora, mas contei-lhe todo o encontro com o Simón - mas obviamente – sem antes implorar-lhe para não contar para ninguém – pelo menos não em detalhes, assim como eu tinha dito a ela!

- Então ele te deu um puta beijo e depois foi embora...? – ela perguntou como se fosse a coisa mais esquisita de todas... Ah, qual é, diga-me algo que eu não saiba!

- Por aí... – ela fez uma careta – é! Tudo bem! Admito, foi isso! Eu não sei o que pensar! – afundei-me nos travesseiros em total desespero!

- Sinceramente, nem eu! – não sei por que, mas não acreditei no que ela disse. A Delfina muda o tom de voz quando mente... Ela fica um pouco mais aguda, o que infelizmente a entrega na hora.

Levantei a cabeça e semicerrei os olhos para ela, totalmente desconfiada.

- Tem certeza, Delfina?

Ela arregalou os olhos e corou, virando a cabeça instantaneamente, tentando esconder seus expressivos olhos de mim. Tarde demais. Eu me sentei:

– O que você está escondendo de mim? – silêncio – Delfina, por favor... Eu preciso saber de tudo! – mais silêncio – DELFINA! – eu gritei.

Chega de esconde-esconde, preciso da verdade...! As pessoas ficam me poupando, escondendo as coisas de mim, achando que já passei por muita coisa e que não preciso de mais. Eu odeio quando mentem para mim! Qual é o propósito da verdade se as pessoas só contam mentiras? Qual é a graça delas? Eu sei que essa situação em si é uma besteira para ficar brava, mas chega de mentiras! TODAS! Ninguém vai lucrar com elas, muito menos eu!

- Você não vai gostar! – ela disse com a voz baixa, controlada.

- Eu. Preciso. Saber. AGORA! – eu estava realmente estressada!

AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora