Eu chorei como se não tivesse fim. Eu queria secar todo o meu corpo, tirar toda a água existente dentro dele, para ver se assim eu morria em paz. Queria matar aquele que me matava, assim como ele matou a minha família.
No entanto, eu o amava. E muito. Mas não podia tolerar. Não aquilo, não o que ele fez.Eu preferia que ele tivesse terminado comigo, que tivesse me dito que tinha outra, que dissesse que era meu primo interesseiro. Fizesse tudo isso de uma só vez. Que tocasse na ferida, até podia ser. Mas que apenas tocasse e não a escancarasse mais ainda.
E pior, o que sobrara – que não era muito – pertencia a ele. Todo meu coração era dele, porque eu o amava. Eu o amava muito.
Porra de mercenário idiota que roubara o meu coração!
Eu queria chutar e socar alguém – e que esse alguém fosse ele, mas se fosse, em meio aos socos e aos chutes, eu pararia para beijá-lo e pedir perdão.
Mas não era para ele me perdoar, eu que deveria perdoá-lo e não estava muito disposta a fazer isso, não mesmo.
Eu devia contar tudo à polícia, dedá-lo, fazê-lo apodrecer na cadeia, como jurei que faria com o assassino de meus pais. Ele e aqueles irmãos e pai idiotas dele!
Minha tia ficara meia hora batendo na porta trancada do quarto perguntando por que eu estava chorando e por meia hora eu a ignorara.
Meu mundo doloroso era só meu e de mais ninguém! Ninguém tinha, e jamais teria permissão para entrar nele. Ninguém invadiria meu mundo.
E agora Simón era o principal tópico dele.
Toda a dor que eu sentia, toda o sofrimento que eu estava passando... Tudo!
Era culpa dele!
Aquele assassino ordinário, lindo, maravilhoso.
Era tudo culpa dele, ele não só me fizera sofrer, como arrastara todos os meus parentes juntos. A Argentina todo estava em choque pelo massacre que acontecera em minha casa.
E era tudo culpa DELE!
DEUS COMO EU ODEIO AQUELE GAROTO! DEUS COMO EU AMO AQUELE GAROTO!
Em desespero, para extravasar minha raiva, soquei diversas e diversas vezes o meu travesseiro encharcado de lágrimas, sem hesitar, até que comecei a arrancar penas dele, mas não parei. Aquilo era bom, principalmente porque eu não tinha vontade de parar e beijá-lo! Ah sim, principalmente!
Por fim eu cansei e dormi.
Quando acordei, estava claro, como se fosse meio-dia. Levantei-me. Minhas juntas estalaram e eu gemi de dor, mas não foi por causa delas.
A claridade ofuscante estava machucando meus olhos o que me deixou verdadeiramente estressada.
Fechei a janela com violência e acendi a luz quando tudo ficou escuro. Logo eu estava deitada em minha cama chorando de novo.
Mas dessa vez, não era por mim. Era pela minha tia e minha avó que tiveram a irmã/filha, o cunhado/genro, e o sobrinho/neto brutalmente assassinados. Pelo Simón.
Simón fizera aquilo, Simón. E sabe-se lá com quantas famílias mais. Tenho certeza absoluta de que não fui a única. 18 anos, treinado desde pequeno, dá para fazer muita coisa.
E eu o amava. Eu era tão suja a ponto de amá-lo. Eu me metera com gente estúpida como ele, mas mereço um desconto. Eu não sabia quando passei a amá-lo, não fazia idéia!
Mas ainda assim, eu o odiava. Um ódio tão profundo que transformou minha vida num inferno. No entanto, o amor que competia com esse ódio era tanto, que reinava.
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Assassino
FanfictionÂmbar tem toda sua vida destruída em uma noite quando sai para uma festa e ao chegar em casa se depara com toda sua família assassinada. Ela se muda para uma cidadezinha, lá ela se apaixona, Será esse garoto sua salvação?