Meus passos quebravam o oco silêncio da tarde na rua deserta, competindo com o fraco canto dos pássaros e os burburinhos de carros que passavam ao longe. Estava imersa em pensamentos, que só envolviam uma pessoa: Simón.
Saí da escola às pressas tentando evitá-lo ao máximo, simplesmente porque não consigo acreditar nele. Não dá. A história está muito mal contada para o meu gosto. Não faz sentido. Eu tento encaixar a peças, mas faltam muitas delas para que eu entenda o que o quebra-cabeça quer dizer. Sinto-me uma idiota parada, fitando-o com tanto interesse e sede de resolvê-lo, mas sem chegar a lugar nenhum. Eu quero o sentido de volta, antes que isso acabe comigo!Até que pude ouvir o fraco barulho de passos atrás de mim. Eram tão fracos, que seriam facilmente confundidos com os pássaros ou os carros. Mas não para mim. Depois de tudo que passei, era impossível não se perceber. Eu tenho isso na minha cabeça, de que vão vir atrás de mim para me buscar, me levar para o mesmo lugar que levaram meus pais. Não parece tão insano se você analisar bem! Eu olhei para trás, e tive que conter com extrema força o “Droga” que lutava para sair da minha boca.
Que bom. Que ótimo! Eu praticamente voei pelos corredores da escola, saí andando na rua com esse uniforme ridículo e uma mochila extremamente pesada – se bem que, eu já sou obrigada a fazer isso cinco dias por semana – peguei um caminho totalmente diferente – e agora eu não faço a mínima idéia de onde eu esteja – para evitar esse garoto e, no entanto ele está atrás de mim. É isso que eu chamo de perseguição!
Virei a cara, tentando fingir que ele era apenas mais uma pessoa qualquer, andando numa rua qualquer. Mas logo ele estava ao meu lado.
-Não acha que está meio perdida? – ele perguntou cheio de sarcasmo. Eu fiquei quieta – Quer ajuda?
-Eu sei me virar muito bem sozinha! – fui rude. De novo. – Além do mais, você não é de outra cidade? Por que se for assim, você sabe tanto quanto eu sobre as ruas daqui!
-Como você tem tanta certeza de que eu sou de outra cidade? – touchê!
-Pois é! Eu não faço a mínima idéia de onde você seja! Já notou isso? Porque eu notei muito bem!
Ele suspirou pesadamente.
-Mendonza. Mesma cidade que você, suponho, mas nasci no México.
Abri a boca, pronta para argumentar, mas acontece que eu não tinha nada para falar. Nada mesmo! Seguiu-se um silêncio bem desagradável, que ele teve a coragem de quebrar. Não sei por que ainda falo isso! É ele que sempre quebra mesmo!
-Sobre hoje na aula...
O interrompi, eu realmente estou cansada de tudo isso!
-Eu não quero falar sobre isso Simón! Ou pelo menos não com você!
Eu queria sair correndo, deixar ele ali falando sozinho. Mas não podia fazer isso.
Não podia por dois motivos:
Eu não tenho a mínima idéia de onde eu esteja;
Eu estou farta de fugir. Alguma hora eu vou ter que enfrentar isso, então porque não agora? Chega de tudo isso! Chega!
Então, eu simplesmente joguei minha mochila no chão – cansei daquele peso terrível nas minhas costas, entortando a minha coluna! Deveria ser proibido usar mochilas! – e me virei para ele, levantado a cabeça para fita-lo nos olhos – não sou eu que sou baixa, ele é que é muito alto!
-Como você ficou sabendo que eu vim de Mendonza? – aquele sorrisinho chato (e lindo) sumiu antes mesmo que eu me virasse. Bom, muito bom que ele finalmente esteja me levando a sério! – Porque, sinceramente, eu não me lembro de maneira alguma de ter te dito de onde eu vinha!
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Assassino
FanfictionÂmbar tem toda sua vida destruída em uma noite quando sai para uma festa e ao chegar em casa se depara com toda sua família assassinada. Ela se muda para uma cidadezinha, lá ela se apaixona, Será esse garoto sua salvação?