Capítulo 10 - Não pode ser

63 7 0
                                    

Eu não era a única urrando de medo. Vovó e tia Sheron também estavam. Todos pensavam o mesmo que eu, aparentemente, até Simón. Queríamos dar um fim nisso tudo. Respirar em paz de novo, o que significava que tinham policiais de Mendonza por todo lado. Pelo menos do meu lado. Simón e eu raramente ficávamos sozinhos e devo confessar que isso era muito irritante. A paz, nosso alvo principal, parecia longe de ser alcançada com esses caras me importunando. Realmente enchia. Mas como Vovó Rosa insistia, era necessário. Então que assim seja.

Era para ser um dia como qualquer outro, a chatice da escola, um monte de professores enchendo o saco por causa do vestibular, pessoas dormindo e deixando um ar sonolento pela sala... por sorte era sexta.

Eu e Simón voltávamos da escola num caminho totalmente diferente para ambos como sempre. Conversávamos animadamente sobre um livro que virara filme e estava em cartas aqui na Argentina. Era uma pena que os filmes e livros demorassem tanto para chegar, sempre quando vamos ler/ver, já tem pessoas comentando por toda parte, que já assistiram e sabem da história toda, sem contar na espera.

Até que o assunto acabou. Tinha um policial andando do outro lado da rua, tentando dar-nos privacidade. Bem, não estava dando certo. Conclui isso quando Simón se abaixou até sua boca estar a centímetros do meu ouvido:

- Hoje vamos sair só eu e você, sem esses caras! Precisamos urgente de privacidade e eu preciso conversar com você! – assumiu a postura normal.

Olhei para ele sério, era a primeira vez que o Simón vinha com essa de “conversar com você”, o que estava me deixando notavelmente nervosa. Dizem que quando um garoto quer conversar com você, é bem provável que ele te dê um chute. Eles sempre tentam ser cuidadosos e carinhosos, mas sempre despedaçam seu coração em montes. Homens... sempre cruéis.

Pensei nisso o caminho todo para casa, sem me importar de conversar com Simón direito. Não, um chute agora não, por favor! Principalmente agora que estava quase confirmado que eu o amava. Agora não!

Não almocei, perdera totalmente o apetite, só corri para o meu quarto e puxei o telefone. Dessa vez tive sorte, a Delfina atendeu bem rápido.

- Alô?

- Delfina, me ajuda! – eu quase gritei!

- Calma garota! O que foi agora? O que o Simón fez? – ela já estava aprendendo!

- Ele disse que tinha que conversar comigo sem aqueles policiais! – eu estava quase em prantos.

- Como assim conversar?

- Exatamente! Acho que ele vai me chutar!

- Ah, não Ámbar! Não pode ser! Vocês ficam tão fofos juntos! Parece que ele realmente gosta de você! – ela falava aquilo em tom de argumento.

- Não é o que parece! – eu estava praticamente chorando.

- Calma, respira! – ela notou – vai ficar tudo bem! Talvez ele só queira conversar, conversinha de boa! Nada demais! Respira!

Eu assenti e sussurrei um “tchau” antes de desligar o telefone as pressas. Eu precisava chorar urgentemente.

Não sei quanto tempo fiquei chorando, só sei que quando dei por mim já eram 17:30. Simón dissera que passava aqui as 18:00. Me arrumei sem pressa, pondo as primeiras roupas que apareceram na minha frente e pareciam combinar. Não estava com muito humor para me trocar. Engraçado, não? É o que acontece quando alguém está prestes a levar um chute. Lindo!

Logo a campainha tocou.

- Deixa que eu atendo! – Gritei para minha tia.

Eu abri a porta, Simón entrou e me arrastou para o meu quarto. Fiquei confusa.

AssassinoOnde histórias criam vida. Descubra agora