Capítulo 12 - Consequências dos erros

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No canto direito havia um menino – Alto, robusto, cabelos loiros e olhos negros. Sua pele era branca e pálida. Devia ter a mesma idade do Simón. Tinha ar de marmanjo, talvez fosse o cigarro em sua boca – e uma menina – cabelos mais negros que os do Simón, com enormes olhos castanhos. A pele era bem morena, quase negra. Tinha tamanho médio, 15, 16 anos no máximo.


De repente percebi de onde eu os conhecia, foram eles que me seguiram naquele dia.

Como se lesse meus pensamentos, a garota se aproximou e disse:

- Isso mesmo, você já deve ter nos reconhecido, fomos nós que te seguimos. – reconheci a voz dela, ela atendera ao telefone quando perdoei Simón - Posso te contar um segredo?

Ela se aproximou mais ainda e se curvou, até seus lábios ficarem a centímetros do meu ouvido.

– Fomos nós que batizamos sua bebida. – Depois se levantou e começou a andar de um lado para o outro – e também fomos nós que matamos aquele policial perto da sua escola!

Então ela deu um pulinho dramático para trás enquanto colocava a mão na boca, fingindo espanto.

- Opa, essa você não sabia! – depois abanou a mão para o lado – Ah, ia ficar sem saber mesmo.

O garoto deu um sorriso sarcástico e cruel e tirou o cigarro da boca:

- Na verdade eu matei! Ela só segurou enquanto eu dava as facadas.

Estremeci de medo e me encolhi mais na parede onde estava encostada. Eles não precisavam me dizer, eu sabia perfeitamente o que ia acontecer ali.

A garota riu, mas não sem antes abrir uma carranca para o menino. Eu queria gritar, mas o pano em minha boca não permitia.

- Bem, vamos direto ao assunto. – ela puxou uma faca que estava presa em seu cinto e lágrimas amedrontadas escorreram pelo meu rosto – Vamos te matar. Era para o Simón fazer isso, mas ele é um fraco com coração e se apaixonou por você, então vamos fazer o trabalho dele antes que ele morra por causa disso! – Ela deu um sorrisinho simpático, como se esperasse que eu a agradecesse por isso. – Além do mais, é divertido!

E com essa deixa veio em minha direção. Primeiro deu um chute em minha barriga, o que me fez cair de lado. Em desespero por fugir, apoiei meus pés na parede pegando impulso para longe. Eu sabia que isso só ampliaria minha dor e adiaria o inevitável, mas não morreria sem lutar.

A garota me alcançou em duas passadas e me chutou três vezes, antes de se abaixar e socar a minha cara. Eu esperneei o máximo que pude – o que não era muito – tentando lutar com as mãos presas.

Ao lado, o garoto ria divertido, como se tudo aquilo fosse hilário. Não duvidava que para ele fosse.

Eu sabia que era inútil lutar, mas não parei. Durante toda a luta eu pensei em meus pais e meu irmão e em como seria bom vê-los de novo.

Eu sentiria falta de Simón, mas era melhor assim. Não era correto que ficássemos juntos, mas agora eu estava pagando o preço pelo meu grave erro. E ele pagaria o dele.

Não nos veríamos de novo, então concentrei meus pensamentos nele durante aqueles 5 minutos que passei apanhando. Assim era fácil suportar a dor, assim era possível aceitar a dor, mesmo que a chance de ignorá-la fosse inexistente.

Então, como se estivesse ouvindo meus pensamentos, a voz de Simón soou dentro da sala depois de um forte estrondo.

- Mas que raios...

Depois, não havia mais nada tampando minha boca e não tinha mais nada me causando mais dor.

Eu abri os olhos para entender o que se passava e me deparei com uma cena bem estranha.

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