Agora ou Nunca

Capítulo 4

Passei a noite revisando relatórios e contratos para ver se não tinham nenhuma irregularidade. Organizei a agenda de compromissos do Sr Lemanz e me aprontei para dormir.
Lisa não está em casa, raramente a vi essa semana. Ela está saindo com Rodrigo, o irmão de Erick e eles parecem estar bem próximos. Quando chego ao meu quarto e me ajeito na cama fico pensando nos últimos acontecimentos. Porque será que esse desgraçado me beijou se já tinha compromisso?
Porra! Acorda, Kylie. É óbvio que ele tem várias mulheres!
Um cara lindo, rico e inteligente não fica muito tempo no mercado, nem desacompanhado.
Tenho que focar no meu trabalho. Foi só um beijo e não posso me apegar nisso.

***

Abro os olhos e parece que dormi somente cinco minutos. Estou acabada! Me levanto e vou até o banheiro cuidar de minha higiene. Quando volto ao quarto, vou ao closet escolher o look de hoje. Opto por uma saia de couro preta, com uma blusa branca de chiffon com mangas. Scarpin preto e maquiagem delicada. Me olho no espelho e aprovo minha própria escolha. Para não correr o risco de me atrasar, pego minhas anotações e me dirijo até a Lemanz.
Cheguei adiantada em 30 minutos.
Vou até minha mesa e começo a organizar os conteúdos das primeiras reuniões e compromissos do Sr Lemanz no dia.
Falando no diabo...

- Bom dia, Srta Clark. Caiu da cama? - diz com um ar zombeteiro.

- Não senhor. Tem um equipamento mágico que se chama despertador. - digo, cortando ele.

- Ótimo, espero que você o use com frequência. - diz, ríspido. Parece que não gostou da minha observação - Quais são os primeiros compromissos de hoje, Clark? - pergunta se sentando.

Vou até ele com as planilhas e gráficos e com a agenda das reuniões. Ao me dirigir até sua mesa sinto seus olhos em meu corpo. O calor sobe pelas minhas veias e se espalha. Como pode! Balanço a cabeça para espantar os pensamentos e levo até ele os papéis.

- Tomei a liberdade de analisar os contratos e relatórios. Vejo que em duas obras há um problema que pode atrasar a entrega dos imóveis. Isso não seria nem um pouco bom para o Marketing. Promessa de entrega tem que ser cumprida para não haver desconforto entre nossos clientes e a empresa não perder a credibilidade. Nas duas o problema é o mesmo que lidamos na reunião com a OAS. Falta de pessoal para corte de gastos. - digo apontando para os papéis.

Erick me olha surpreso e pega os papéis nas mãos analisando minha observação.

- Muito bem, Srta Clark. Ótima observação. Redija um pedido de adicional de pessoal nessas duas obras, por favor. - diz, olhando para minha saia com um olhar lascivo.

- Sim senhor.

- Qual é a primeira reunião de hoje?

- Com o pessoal do RH senhor. O diretor de pessoal deseja propor um aumento a um determinado setor e para cobrir os custos gostaria de eliminar um setor e demitir algumas pessoas. - digo, amuada. Que ridículo. Demitir um setor inteiro para pagar um pouco mais a um bando de manda chuvas.

Percebendo minha irritação, Erick fala:

- Você não concorda? - indaga.

- Não, não concordo mas não acho que seja especialista no assunto, então...

- Fale comigo, Clark. Porque não concorda? - pergunta com os olhos em mim de um jeito que me faz contorcer os dedos dos pés.

- Não acho certo demitir um setor inteiro de pessoas que dão duro para chegar onde chegaram só para aumentar o ego de uns e outros que já ganham suficientemente bem, visto que essa empresa neo é conhecida por salários ruins. Acho ridículo. - digo confiante.

- Compartilho se sua opinião, senhorita. Encontrar boas pessoas que acrescentam na empresa é extremamente difícil. Fazer as pessoas ficarem felizes na empresa que trabalham não é uma tarefa fácil. Eu já fui funcionário um dia. Muito desvalorizado e mal pago. Por isso uma das prioridades da Lemanz é tratar seu colaborador com dignidade. Pessoas felizes dao resultados melhores. - diz com as maos nos bolsos, se aproximando de mim. Perto o bastante pra me deixar vermelha feito um pimentão. Quando sinto seu hálito em meu pescoço eu luto pra não sucumbir ao desejo de puxar seus cabelos e lhe dar um beijo. - E você, Clark?  Está feliz trabalhando pra mim? - sussurra em meu ouvido. Seus dedos passeiam pelas laterais da minha saia deixando pontos incandescente por onde passam.

Com um lampejo de bom senso, dou alguns passos para frente para me livrar de seu toque.
Só então respondo:

- Sim senhor, a oportunidade é muito boa. Nossa próxima reunião é em 10 minutos. Devemos ir, meu chefe não tolera atrasos. - digo em tom de deboche, pegando os papéis da mesa e me dirigindo a sala de reuniões e o deixando sozinho na sala.

Distribuo a pauta da reunião na mesa e ele entra feito um furacão. Os executivos se levantam para recebê-lo e só se sentam depois de ele já ter sentado. Continuo distribuindo as pautas para os executivos, quando sinto uma mão em minha bunda. Dou um pulo de surpresa e encontro o olhar de um dos executivos seguindo onde ele depositou aquela porra daquela mão.

- Mas que porra é essa? - trovejo. - Se quiser continuar com as mãos intactas sugiro nunca mais passar a mão em min, nojento. - digo feito um bicho.

- Clark, que porra é essa? - rosna Erick.

- Seu executivo aqui apalpou minha bunda! Sem o menor pudor e vergonha na cara! Não estou brincando aqui, estou trabalhando e exijo respeito. Você sabe, Sr Lemanz, pessoas felizes dao melhor resultado - Zombo.

Com os olhos pegando fogo ele olha para o executivo com tanto ódio como nunca o vi.

- A próxima vez que você encostar nela será a última vez que terá as duas mãos. Esse comportamento é inaceitável. Fui claro? - rosna.

- S- Sim senhor. Desculpe. - diz o cara, se encolhendo na cadeira.

- Não é pra mim que você tem que pedir desculpas. Foi na bunda dela que você passou a mão. - troveja Erick.

- Perdão, Senhorita. Foi uma atitude abominável. - diz, olhando pra mim.

Ignoro suas desculpas e continuo distribuindo os papéis. Irritada feito um cão raivoso, me sento na cadeira sentindo meu rosto queimar. Não olho para Erick nem para ninguém. Foco nos papéis com a raiva me consumindo. Em outras épocas eu teria avançado no sujeito e feito ele implorar para parar. Erick percebe minha cara e chega mais perto para sussurrar em meu ouvido.

- Relaxe. Feche os olhos e se concentre em seu trabalho. Não deixe essa merda atingir você. Você é muito mais do que isso. - diz suavemente. Sua voz é um bálsamo e me acalma quase que instantaneamente.

Me concentro na reunião, que corre maravilhosamente bem depois desse lamentável episódio. Quando terminamos, os executivos saem e eu e Erick ficamos na sala. Recolho os papéis enquanto sinto seus olhos me seguirem. Quando nossos olhos se encontram, o olhar dele é carregado de luxúria.
Ele suspira e se levanta, vindo até mim. Quando me debrucei sobre a mesa para pegar um último papel, sinto seu corpo atrás de mim. Lentamente, me endireitei e eu o sinto colado em minhas costas. Consigo sentir sua ereção na minha bunda. Ele chega mais perto e com a boca em meu ouvido diz:

- Você está usando essa porra de saia pra me deixar maluco, só pode, porra. - diz com a voz rouca me fazendo minhas pernas ficarem moles.

- Erick...

- Fiquei louco quando vi que ele tinha passado a mão em você. Porra! Tao linda...- pousa a mão em minha cintura, me deixando inebriada e entregue.

A vontade de pular nesse homem e inspirar seu cheiro Divino é como uma droga. Uma porra de uma droga na qual eu sinto estar viciada. No entanto, a realidade nos atinge como um balde de água fria quando um dos executivos bate a porta da sala de reuniões.

Erick sai de trás de mim e eu tento recuperar minha dignidade, sei que minha cara deve estar vermelha pra caralho. Minha calcinha praticamente não existe mais, sinto o meio das minhas pernas encharcado. Porra!

Quando o executivo entra para falar com Erick, me dirijo até a porta e a fecho atrás de mim. Não sou nem louca de olhar para ele, sei que posso perder o controle. Vou até nossa sala cambaleando sobre os saltos e pensando que porra foi essa?

***