Agora ou Nunca

Capítulo 31

Acordo sobressaltada após mais uma noite horrível. Muitos enjôos e vômitos tem sido meus companheiros noturnos. Cada vez mais constante, o mal estar está tomando conta de mim. Já percebo um certo inchaço na região do meu ventre, é meu bebê crescendo rapidamente. Hoje é o dia da ultrassom, saberei o sexo. Ethan não para de falar nisso, está eufórico! 
"Serei o decorador desse quarto, nada pode sair errado." disse.
Me levanto e visto o robe. Desço as escadas e vou até a cozinha.
Ethan ainda deve estar dormindo, pois tudo está no mais perfeito silêncio. Ele e Marco tiveram uma discussão daquelas ontem a noite. Estão tentando se reconciliar, mas não parece estar funcionando. Sinto muito por ele, sei que o ama muito, assim como eu amo Erick. Mas o amor nem sempre é justo, veja só o meu caso...

Abro a geladeira e pego o leite. Tomo dois copos de uma só vez. Ah! Que delícia! Mal posso sentir o cheiro do café, então o leite tem sido minha forma de manter algo no estômago pela manhã. Vou até o armário e pego algumas bolachas água e sal. São leves e ajudam na digestão. As frutas também são uma boa pedida, sempre estou cheia de vontade de comer morango. Meu desejo mais estranho, esses dias, foi morango com queijo. Algumas pessoas podem achar estranho e nojento, mas caramba! A vontade de comer é terrível, parece que se você não come, vai morrer.

Sempre achei que esse negócio de desejos de grávida fosse a maior balela, besteira. Mas estou sentindo na pele os efeitos. Meus cabelos também estão caindo um pouco. Me sento no sofá e ataco as bolachas. Grávida comendo não quer guerra com ninguém. Ligo a TV e sintonizo no meu canal favorito, Discovery Home & Health, sempre passam coisas interessantes sobre família, gravidez e decoração de casas. Tudo que uma grávida sem nada para fazer precisa para se ocupar.  Assisto Irmãos a obra até pegar no sono novamente.

Acordo com um susto, a campainha tocando. Mas que droga! Amarro o robe e me dirijo até a porta. Ao abrir, um tremendo susto. A minha frente está ninguém menos do que o pai do meu bebê. Erick. Completamente atônita, encaro o perfil a minha frente. Ele veste um terno preto liso, alinhado, que o deixa lindo de morrer. Ele está mais magro. Seus olhos estão fundos e as olheiras aparecem. Não parece estar dormindo, assim como eu. Ele tem em suas mãos um buquê de rosas vermelhas. Seus olhos me fitam demoradamente. Ele tem um sorriso aos lábios. Enquanto se demora analisando meu corpo, seu olhar endurece quando percebe a protuberância em meu ventre. Então, me analisa, incrédulo. Antes que ele comece a falar, eu disparo:

- O que você quer aqui? Como me encontrou?

Ele não tira os olhos da minha barriga. Parece não acreditar no que vê.

- Você está grávida?

Sinto a cor sumir do meu rosto, o que é que eu vou dizer? Como é que vou me livrar dessa enrascada? Ele não pode saber que é pai do bebê. Decido ser rude, pois preciso que ele vá embora ou não vou resistir.

- De que isso te interessa? Eu não tenho mais nada com você. Vá embora, por favor.  

 Ele me olha triste. Como se eu tivesse lhe apunhalado.

- Kylie, por favor. Você precisa me ouvir. Eu tenho tanto para te dizer. Me deixe entrar, por favor. Você entendeu tudo errado. - pede.

Meus nervos se agitam e a raiva sobe em meu corpo.

- Errado? Oh eu entendi muito certo. Você me mandou pastar enquanto fodia aquela vadia, quando eu mais precisei você mal viu que eu estava ali. Então não acho que a errada seja eu.  - ralho.

- Não, Kylie. Não digo que você esteja errada. Mas eu posso explicar, meu amor. Por favor, me deixe entrar. Se você não quiser mais nada comigo depois disso, tudo bem, eu entenderei. Mas ao menos me ouça. - ele pede com olhos tristes, carregados de paixão, que quase me fazem desmoronar.

Estou prestes a falar que sim, quando Ethan desce as escadas e decido dar minha cartada final.

- O que está acontecendo aqui?  Quem é você? - indaga Ethan.

Erick olha para Ethan, que desceu vestindo nada menos que um calção. Em seguida, olha para mim e minha barriga. Ele entendeu o recado. Ele acha que eu e Ethan estamos vivendo juntos.

- Você... você tem outra pessoa? - pergunta ácido.

Ethan se aproxima e quando está para abrir a boca, eu respondo por ele.

- Sim, nós estamos juntos. - digo fingindo indiferença.

Vejo a vida sumir de seu rosto e ele respira fundo. Fecha os olhos por um momento, e pergunta:

- O bebê?

- É dele. - digo, com a voz firme.

Ethan chega ao meu lado e põe a mão em meus ombros. Olha para Erick e depois para mim.  Ele não diz nada, já entendeu meu jogo.

Erick me olha incrédulo, parecendo dilacerado por dentro. Se abaixa, deixa as flores aos meus pés e sai em direção ao carro. 
Sinto meus joelhos fraquejarem e sou amparada por Ethan. As lágrimas descem aos montes em meu rosto. Queimam, ardem. Lágrimas por ter mandado embora o amor da minha vida, o pai do meu filho. Erick abre a porta do carro e, uma última vez, olha para mim. Seus olhos dizem tudo, é o fim. Ele entra e o carro arranca. Não me sinto bem, a escuridão me consome e eu apago.

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Acordo em um quarto branco e sereno. A atmosfera é calma e tranquila, remete a paz. Algo que há um bom tempo eu não tenho. Olho a minha volta e Ethan está sentado ao meu lado.

-  Bom dia dorminhoca. Você me deu um baita susto.

Sorrio para ele e pego sua mão.

- O que aconteceu?

- Você teve um pico de stress e acabou desmaiando. Aquele era o pai do seu bebê, não é? - pergunta.

- Sim, era ele.

- Porque você inventou aquilo, Ky? O cara veio atrás de você. Ouvi quando ele pediu pra você o ouvir.

- Não consigo, não agora. Aliás, Obrigada por nao me dedurar. - sorrio para ele.

- Não concordo com isso, ele deve saber sobre a gravidez. O cara te ama, está na cara. E se ele estivesse fodendo aquela vadia, como você disse, ele não se daria o trabalho de vir até você. Não te olharia do jeito que olhou, não se importaria com o fato de você estar vivendo com outro homem. Não sofreria do jeito que sofreu, quando ouviu que não é o pai. Você é tola, Kylie. E vai ser muito infeliz se deixar essa chance passar. Aliás, a médica esteve aqui. É mais um motivo para você contar a verdade pro cara. - diz, com os olhos sérios.

- Porque? O que é que você está sabendo? - pergunto desesperada.

- Porque você vai precisar de ajuda, Kylie. - diz.  -  E acho que só eu não serei o suficiente.

Sinto uma cratera se abrir e parece que estou afundando.

- Ah meu deus! Tem algum problema com o meu bebê? 

- Os bebês, você quer dizer. Estão ótimos. São gêmeos.

- O QUÊ? 

- Dois meninos. Parabéns, mamãe. - Abre um sorriso.

Oh Meu Deus! Gêmeos. O que é que eu vou fazer agora?????