Capitulo 37

104 7 0
                                        

POV ERICK

A caminho de casa. Era la que eu queria estar e nao no meio de reuniões da empresa e audiências para oficializar o divórcio. Concordei em, se ela tornar tudo amigável,  dar fatias gordas de dinheiro para me ver livre de uma vez por todas de Donatella.
Ela relutou em aceitar o dinheiro, ficou inventando maluquices como "vamos tentar novamente", "me de mais uma chance" e eu não conseguia ouvir cada palavra que saia da boca dela sem sentir nojo e repulsa.

Ela trocou tudo o que tínhamos por sexo com um funcionário meu e ainda quer uma segunda chance. Seria cômico se não fosse ridículo. O que eu tive com Donatella não passou de uma paixão adolescente que na minha cabeça se disfarçou de amor. Não era nada parecido com o que eu sinto por Kylie. Não era esse amor avassalador que me faz perder as estribeiras só de ver alguem simplesmente olhar para ela. Não era esse desejo que me faz querer possuí-la em qualquer lugar, não importando o fato de se alguém vai nos pegar ou não. Não era esse carinho intenso, que me fazia querer cuidar dela como se fosse a obra de arte mais preciosa que esse planeta já viu. Nem perto da felicidade que eu sinto, de saber que agora ela ainda espera filhos meus, frutos desse nosso grande amor.

Minha relação com Donatella era diferente. Não notaria se ela pintasse o cabelo ou as unhas, se vestisse algo diferente, não acho que repararia. Ela estava comigo pelo dinheiro e sexo quente, não acho que estava apaixonada por mim. Até porque quem ama não trai e ela não pensou duas vezes em me meter chifres. Pouco antes de eu descobrir seu caso, estávamos como dois estranhos convivendo na mesma casa. Não transávamos há tempos, reconheço que possa ter uma parcela de culpa no fim do casamento, porque simplesmente não tinha mais interesse da minha parte.

Hoje, só tenho desprezo por ela, pelas coisas que diz a mim e principalmente a Kylie. Donatella se mostrou uma pessoa fria e calculista, passaria por cima de quem fosse para conseguir o que deseja. Se já não fosse macaco velho diria que isso me assusta, mas procuro manter a cabeça aberta e pensar que o dinheiro pode comprar sua loucura. Assim espero.

A reunião com os acionistas correu de vento em popa. Fechamos mais uma construção milionária no Arizona. Um resort e um condomínio fechado.  Ainda tenho mais duas reuniões hoje e a audiência para finalizar de vez essa história de divórcio. E aí, estarei livre para viver minha vida com a mulher que amo de verdade e meus filhos. Já não suporto a idéia de eu estar aqui e eles na Califórnia. Mas para a felicidade plena acontecer, tenho que resolver a vida aqui em NY primeiro. 

Andrea, minha nova secretária bate a porta.

- Entre, por favor. - digo.

Ela entra sorrateiramente e sorri.

- Sr. Lemanz, o pessoal da reunião das três horas já o aguarda na sala de reuniões.

- Obrigada, Andrea. Já irei para lá. - respondo.

Ela sai e fecha a porta atrás de si.

Vou até o banheiro do meu escritório e paro em frente ao espelho. Ajeito o paletó, o cabelo e confiro a aparência, para ver se está tudo em ordem. Me dirijo até a sala de reuniões e, quando chego, encontro todos a minha espera. Os chineses estão querendo fechar diversos contratos com nossa empresa. Cada um deles merece ser analisado minuciosamente, para ver se os lucros irão valer a pena. É sobre isso que iremos discutir agora. Paro na ponta da mesa, meu lugar, me sento e digo saudosamente:

- Boa tarde, senhores. Vamos dar início. Heloísa, poderia apresentar as pautas, por favor? - pergunto.

Ela me olha, sorri e assente. 

- Sim senhor. - Ela se levanta e distribui a todos uma folha com o conteúdo da reunião. Em seguida, volta a seu lugar e começa. - Caros senhores, como já é de conhecimento de todos, o conteúdo desta folha detalha a proposta que a Shanghai Engineer Enterprise gostaria de fazer a Lemanz. Eles propõe a construção de três complexos de edifícios em Las Vegas, um condomínio fechado em Aspen e uma megapropriedade em Calabasas. O orçamento total oferecido é de 3 bilhões de dólares. - Diz. - A condição para o fechamento do negócio e o emprego total e sem limites do valor orçamentário é de que a Lemanz projete os ambientes para serem totalmente sustentáveis. A empresa Lemanz oferece total construção e entrega da obra em um ano e dois meses. - finaliza.

- Aos meus olhos, um ótimo negócio. Obrigada, Heloísa. Então, senhores. Como já sabem, tivemos êxito com o quesito sustentabilidade. Água totalmente reaproveitada, esgoto tratado, energia solar e áreas verdes que armonizem com o ambiente. Temos terrenos que se encaixam no requisitado e garanto aos senhores que ficarão muito felizes com o resultado. Peço que analisem por um momento o documento, as propriedades a serem construídas e o design inovador que preparamos para vocês. Se concordarem, peço que assinem e finalizaremos um promissor acordo. - concluo.

Aguardo uns minutos enquando eles leem minuciosamente tudo que lhes foi apresentado, as cláusulas do contrato e as fotos do design e dos terrenos onde serão construídas as propriedades solicitadas. Em seguida, eles começam a assinar o documento, fechando conosco um acordo bilionário. Hoje é um grande dia. Satisfeito, me levanto e cumprimento a todos.

- Obrigada, senhores. Lhes garanto a entrega de propriedades magníficas, com o selo de qualidade e inovação da Lemanz. Até a próxima. - me levanto e me dirijo até a minha sala.

Mal me sento na cadeira e meu celular vibra em meu bolso. Uma felicidade repentina corre por minhas veias enquanto eu penso que possa ser Kylie, mas é logo substituída por curiosidade quando vejo o nome de Ethan na tela.

- Alô? 

- Erick! - ele grita afobado. - Você precisa vir pra cá agora. - o medo em sua voz faz meu corpo congelar da cabeça aos últimos dedos dos meus pés. - Kylie sumiu. - grita.

Sinto o sangue sumir do meu rosto e a sensação de medo se eleva as alturas.

- O QUE? Como assim sumiu? - pergunto apavorado.

- Fui a feira comprar frutas para ela, quando voltei a casa estava aberta, a porta escancarada e o pequeno pote de melancias que ela estava comendo quando saí estava jogado no chão na porta. Sem sinal dela pela casa! Pelo amor de deus, venha pra cá. Não estou com um bom pressentimento sobre isso! - ele pede.

- Estou indo pra aí agora, Ethan. Por favor, procure por ela, ligue para a polícia! - digo e desligo.

Saio as pressas de minha sala, a porta batendo atrás de mim. 

Andrea se levanta apavorada e me olha.

- Andrea, cancele todos os meus compromissos. Aconteceu algo que requer minha atenção urgente. Não sei quando volto. - passo por  ela feito um furacão e não espero resposta.

Enquanto o elevador desce feito uma tartaruga, pego o celular e ligo para Jake, o motorista.

- Jake prepare o carro, precisamos voar até o aeroporto. Avise Leon que o avião deve estar pronto quando chegarmos. Vamos para North Highlands. - digo e desligo.

O elevador parece demorar uma eternidade até chegar ao térreo, aumentando meu desespero. Como assim ela sumiu? Mas que droga! Rezo para que não tenham feito nada de mal com meu anjo. Eu não sobreviveria. Corro desesperado até o carro, entro e já saio falando.

- Jake, voe por favor! É caso de vida ou morte! 

- Sim senhor. - Observando meu estado, ele entende o recado e acelera o Bentley rumo ao aeroporto John F. Kennedy.

O caminho é tranquilo, o trânsito está leve, graças a Deus. Pegamos alguns atalhos para despistar o engarrafamento e logo chegamos ao aeroporto. O avião já está a postos.

- Jake, prepare um carro em North Highlands, não podemos perder um segundo sequer. - digo.

- Sim senhor. Boa viagem, senhor.  - diz e se afasta.

Entro no avião, sento-me na poltrona e aperto os cintos. Cinco minutos depois estamos no ar rumo a Kylie. Pela janela, meus pensamentos voam junto. Ela tem que estar bem. Eu vou fazer o possível e o impossível para encontrá-la. E quem a raptou irá pagar caro, muito caro.


-


Agora ou NuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora