Capítulo 13

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O dia amanheceu e acordei nos braços de Erick.  As lembranças da noite passada ainda assombram minha memória. Me desvencilho de seus braços sem acordá-lo e me visto rapidamente. Pego um táxi e volto para casa, pensando o caminho todo em como eu sou uma filha da puta sortuda. Porém, toda essa sorte parece terminar na hora em que eu entro em meu apartamento. Nada poderia me preparar para a cena que eu encontraria no minuto em que abrisse a porta: Lisa chupava Yuri enquanto Rodrigo a comia por trás. Era uma porra de um ménage na minha sala!

- Mas QUE PORRA É ESSA? - gritei sem conseguir conter o riso.

- Kylie! Porra! - disse Yuri

- Puta que pariu! - falou Rodrigo

- Merda! - disse Lisa rindo muito

Como se eu tivesse jogado inseticida em baratas, cada um parou o  que estava fazendo e correram todos. Em segundos, só o que restou foram as almofadas no chão e as minhas gargalhadas. Eu não acredito que Lisa teve a cara de pau de transar com os dois irmãos! Meu deus! Essa minha amiga não existe! Vou até meu quarto e deixo minhas coisas, ainda estupefata pela cena que encontrei ao chegar. Os três meliantes foram para o quarto de Lisa e, pelo barulho da música, com certeza estavam terminando o que começaram.

Tomo um banho rápido, me visto e vou correndo para a Lemanz. Hoje temos muitas coisas importantes para resolver e tenho certeza que Erick vai estar uma arara.

Uma das construções apresentou problemas estruturais e é possível que tenha que ser demolida. O caso é sério, se o prédio já tivesse sido comercializado, muitas pessoas poderiam perder suas casas pela irresponsabilidade dos engenheiros e construtores da Lemanz. Seria um escândalo na mídia e mancharia a imagem da empresa de Erick.

Pelo que eu recebi de informações, das plantas e planilhas contendo os custos da obra, foram utilizados materiais de segunda linha na construção, para contenção de gastos, o que, por si só, já vai deixar Erick puto da vida e com razão. As obras da Lemanz são conhecidas pela excelência, os apartamentos de alto padrão, bem acabados e construídos sob minucioso controle de qualidade. Já imagino os gritos dele quando ver esses relatórios, então decido correr pra lá e preparar o terreno para receber a fera.

Chego em minha mesa e já começo a analisar os papéis detalhadamente, para dar um parecer correto a Erick. Me assusto ao ver que por uma quantidade pequena de dinheiro um prédio inteiro praticamente pronto pode vir abaixo. Se tivesse sido vendido e ocorresse uma tragedia, pessoas poderiam ter perdido a vida por pouca coisa. Meu deus! Isso é sério demais, ele vai ficar louco!

Mal acabo de pensar nele e ele chega bufando no escritório.

- Bom dia Clark - diz com a voz gélida

- Bom dia, senhor. - digo receosa. Hoje tem!

Ele se senta e olha pra mim irritadissimo.

- Já fui informado da merda, pelo menos de uma parte dela. Você já recebeu algum papel? - pergunta puto.

Me levanto levando os papéis até ele, como se minha vida dependesse disso. O dia hoje vai ser foda. Como eu previa, ele está indignado. Quando ele começa a ler os papéis eu fico a sua frente sem dar um pio. De repente, ele dá um tapa na mesa, tão alto que me faz pular de susto.

- PORRRAA!!!! Desgraçados! Filhos da puta! A porra do prédio pode ir abaixo por causa de 50 mil! Caralho! - esbraveja.

- Erick, isso é muito sério, estive lendo os relatórios, isso poderia ser um escândalo para a Lemanz! Vidas poderiam ter sido perdidas e a sua imagem e da empresa manchadas para sempre! Por causa de uma quantidade tão pequena de dinheiro. Já não é a primeira vez que eles fazem merda para cortar custos sem necessidade. Você tem que tomar uma providência! - digo

Ele me olha por um instante, absorvendo o que eu digo e dispara.

- Você acha que eu não sei, Srta Clark? Não precisa ensinar o padre a rezar a missa. - diz irado- Ligue para o comitê e os acionistas, ligue também para todos os engenheiros e empreiteiros encarregados responsáveis por essa obra. Quero todo mundo aqui e quero agora. Cabeças vão rolar. - diz ríspido.

Não ouso abrir mais minha boca, com o coice que acabei de levar é melhor se eu só respirar e obedecer por hoje.

- Sim senhor. - digo e vou até minha mesa, onde solicito as respectivas presenças que ele me pediu.
Ele sai da sala bufando e cuspindo fogo, se dirige até a sala de reuniões. Vou ao seu encalço, sem dar um pio sequer. Eu já sei o que vai acontecer nessa sala. Nunca vi Erick tão transtornado e puto.
Ele se senta a ponta da mesa de braços cruzados e olha para o nada, absorto em seus pensamentos.
Um a um, vão entrando e lotando a sala. Eles se entreolham, já sabem que vem merda por aí.

Erick se levanta, com os olhos em chama e seus olhos percorrem a sala fitando cada rosto apavorado de uma vez. Então ele fala:

- Eu quero saber de quem foi a brilhante ideia de economizar 50 mil reais em uma obra em que o custo inicial foram 12 milhões. Cinquenta mil reais na parte estrutural, na porra do material - dá um tapa na mesa e grita- Eu quero os responsáveis pela execução, eu quero quem assinou a ordem de compra do material de segunda mão. Quero nomes e quero agora. - diz com a voz cortante.

Os executivos se entreolham, pálidos. Pouco a pouco vejo a cor sumindo de seus rostos enquanto ninguém toma a frente e fala primeiro. Vendo suas caras transtornadas, Erick fica mais louco ainda.

- VAMOS PORRA! QUEM FOI? Na hora de fazer foram homens, assumam essa merda e assumam agora! - grita

Um dos executivos fala, com a voz trêmula.

- Fui eu que propus o corte, senhor. - o olhar amedrontado, perdido. Já esperando a sentença.

Erick o fulmina com os olhos.

- COM A ORDEM DE QUEM PORRA? PESSOAS PODERIAM TER MORRIDO, A PORRA DO PRÉDIO PODE DESABAR A QUALQUER MINUTO POR CAUSA DE CINQUENTA MIL. CINQUENTA MIL HERNANDES! QUE PORRA É ESSA? - grita com as mãos para o alto. Caralho, nunca o vi assim.

Ninguém responde.

Erick fica um momento em silêncio, parece pensar. Depois de alguns minutos de um silêncio sepulcral, ele abre a boca e disfere a sentença:

- Podem passar no RH e protocolar a demissão. Os responsáveis pelo prédio que será demolido serão processados na justiça por tentativa de homicídio. Nos vemos no tribunal, agora saiam da minha frente.

Todo mundo parou até de respirar. Caralho! Ele demitiu todo mundo! Os executivos se entreolham, estupefatos.
Ninguém diz uma palavra sequer. O clima é insuportável de tão tenso.

- ESTAO ESPERANDO CONVITE? SAIAM DA MINHA FRENTE AGORA!!!! - grita Erick.

Um a um eles deixam a sala como gatos fugindo do rato. Erick se apoia na mesa, em cólera. Ele bufa, indignado e sai da sala às pressas, me deixando ali, aturdida e sozinha.

Agora ou NuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora