NO PALÁCIO DE AGNOR HESS

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A lua nova brilhava pálida no céu, e as estrelas reluziam quando finalmente chegaram aos portões da grande muralha que circundava o palácio da cidade verde. Ali morava Agnor Hess, o velho Rei da cidade, e dali ele praticava todo o seu governo, saindo raramente para visitar os estabelecimentos da cidade, principalmente o centro de formação de guerreiros, onde os jovens rapazes eram recrutados e treinados para servir à cidade verde em momentos de batalha, ou mesmo para circundar as muralhas externas como garantia de segurança.
    O rei Hess governava a cidade Hessyl a cinco dezenas de anos, e o nome da cidade foi dado pelo seu povo em sua homenagem, pois antes de se tornar Rei, foi um grande herói que lutou bravamente na última batalha. Cinco décadas antes da chegada dos viajantes à cidade verde nesta noite iluminada pelas estrelas, estourava uma grande guerra, pois Allanus decidiu que o Grande Cristal seria seu por completo, para que pudesse utilizá-lo para o mal, ou caso não pudesse, ao menos destruí-lo com suas próprias mãos.
    Mas Arganus e Ellenor, anjos de Glorienn, decidiram que isso jamais aconteceria. Anjos eles eram, e Arganus foi aquele que quebrou as barreiras espaciais e pegou do grande Sol uma chama viva, pois o Sol em si não podia iluminar Lagoonya. Ele, então, pôs a grande chama a uma certa distância da superfície de Lagoonya, em Novaluz, de modo que ele pudesse circundar o mundo e iluminar todas as terras. A chama então cresceu, e tomou a proporção do grande Sol do “mundo real” de onde veio Safira, ou Christine Wishes, melhor dizendo. No entanto, por maior que a chama fosse, não era capaz de iluminar todas as terras ao mesmo tempo, e por algumas horas do dia, ele se entristecia de proporcionar apenas escuridão para os Mythra. Mas se alegrou quando descobriu que Ellenor havia captado parte da luz do Sol de Lagoonya em uma grande joia, enorme em tamanho, mas muito menor do que o Sol, pois este se tornara príncipe dos céus, e a princesa, intitulada Lua de Lagoonya, brilhava pálida no céu nas horas em que o Sol estava longe, iluminando outras terras.
    Os dois anjos, orgulhosos de tudo o que haviam trazido ao mundo, de modo algum poderia admitir que Allanus sozinho pudesse destruir, e pediram autorização para Glorienn para defender as terras. Assim disse a Deusa:
    - Lagoonya foi criada por minhas mãos, com o auxílio de minhas primeiras criações, Arganus e Ellenor, vocês meus anjos, e de longe governamos e controlamos tudo o que acontece. Os Mythras também são nossa criação, e nossa primeira criação que caminha sobre a terra, dotados de metabolismo, através de materiais de galáxia vizinha. O Grande Cristal sempre manteve a vida de tudo o que respira, e também a estrutura das montanhas e demais paisagens, também nossas criações. Mas a terra não é nossa, apesar de a termos criado, pois o fizemos para que nossas criações pudessem existir e viver, e a eles Lagoonya pertence em essência. Existe uma grande força e um grande poder nos corações de homens e Mythras, capazes de combater Allanus e seus servos, pois de mim ele herdou parte do poder de criação, até mesmo mais do que vocês, Arganus e Ellenor, mas seu poder será rebaixado perante ao grande dom de nossa criação.
    - E que dom é esse, minha Deusa, que os torna suficientes para deter o mal? – perguntou Arganus – Fico triste e desapontado de imaginar que muitas vidas ali serão tiradas, e muito sangue será derramado.
    - Muitas vidas de homens se perderão, mas seus corpos serão decompostos na terra, e toda sua energia encherá a terra de vida, e dará ainda mais força para o crescimento e vitalidade daqueles seres que não correm para se proteger, mas que garantem a beleza e a qualidade de vida de homens e Mythras. Esses últimos, por sua vez, também têm seus corpos decompostos, mas sua energia alimenta o Grande Cristal. No entanto, eles não são apenas um invólucro, com o poder de tomar a forma de animais: existe algo dentro deles, uma energia diferente, uma chama de vida, a que chamamos Lumis, e entre os homens é conhecida como Alma. Mas os Mythras não deixam o mundo, pois foram por mim designados a defender todos os elementos e formas de vida de Lagoonya. Mas infelizmente os inimigos têm artifícios maléficos, e podem, pela espada, tirar a vida de meus amados guardiões. A Lumis, então, retorna para a superfície do mundo, em Paradisa, de onde sentamos e observamos toda a vida de nossas criações acontecer. Podem eles, também, optar por vagar pela terra, não mais de forma visível, a fim de utilizar sua energia para defender aquilo que amam, podendo transitar livremente entre Lagoonya e Paradisa.
    - Compreendo, minha Deusa, e o quão magnífica é sua criação – disse Ellenor – mas ainda não compreendo o dom a que se refere. Os Mythras são poderosos, e possuem o dom de viver enquanto Lagoonya viver, mas seu poder é muito inferior ao de nós anjos, classe a qual Allanus pertence.
    - Mythras e homens defendem suas terras com amor, e amam tudo aquilo que defendem. O amor é uma arma mais poderosa do que qualquer arma que a melhor das forjas pode produzir. Até mesmo o cetro do grande Feiticeiro pode ser facilmente quebrado quando em confronto com guerreiros da Luz, dotados de amor. Allanus também teve esta arma, mas deixou pra trás, e tudo o que ele conquista, deseja destruir, por em chamas. O desejo pela vida o abandonou completamente, e suas metas resumem-se apenas em matar, corromper, queimar e decair. Amar, o grande dom de Mythras e homens.
    Ellenor e Arganus então compreenderam o desejo e os desígnios de Glorienn em relação ao mundo, e então, desceram até a terra e despertaram no coração de seus filhos a chama do amor, e então homens e Mythras decidiram lutar para se proteger e proteger suas amadas terras.

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⏰ Última atualização: Oct 14, 2018 ⏰

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Safira - Quando a Magia e a Morte se UnemOnde histórias criam vida. Descubra agora