5. Mãos

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As primeiras daquele dia
Eram largas e de nós calejados
Os outros, quase assim
Fingindo ser bem apessoados.

A porta era logo empurrada
Sem realmente fechar
Uma urgência de botões e zíperes
Com muito pouco a desvendar.

O aço frio das alianças
Perfeito para me queimar
As unhas dos dedos nus
Sempre prontas para arranhar.

Puxavam, batiam, espalmavam
Eu, um instrumento de percussão
Grunhiam, urravam, gemiam
Vocalistas dessa curiosa canção.

No final, outro par na coleção
Guardadas quase que sem querer
Rastejando até o fundo da mente
De onde era difícil esquecer.

E mesmo durante o sono
As mãos ainda me assombravam
Com um passar de dedos ligeiro
O lucro do dia contavam.

Um Monstro Chamado DevaneioOnde histórias criam vida. Descubra agora