O problema da minha cabeça é que ela me usa como pedestal. Sou obrigado a sair na rua com essa coisa horrenda acima do meu pescoço.
Ela é cruel. Um antro de escuridão. Uma doida que me obriga a usar palavras como "antro" e que vive repetindo que eu sou muito louco pra perceber minhas próprias loucuras.
"Isso nem faz sentido!", eu digo.
"Exatamente!", ela grita de volta e se retira antes que eu possa rebater.
Ela é inconveniente. Me aconselha a destrancar a porta para hóspedes que nunca tem a intenção de ficar e então me julga por eu sempre acabar vazio.
Ela é estranha. Não chora mais em filmes tristes e sempre tira um tempo pra se culpar por isso. Entretanto, não há prazer maior para ela do que inventar finais engenhosamente sangrentos e cheios de vítimas fatais.
É sabe o que é pior. Ela vive enquanto eu viver, mas...
Alguém pode fazer o favor de cortar essa parasita desgraçada de mim!!!
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Um Monstro Chamado Devaneio
DiversosEsse é um livro de coisas avulsas, lotado das mais estranhas contradições. Onde um neto procura um título com a ajuda do avô ranzinza e o número zero é capaz de mostrar seu valor. Onde um figurante no fundo da cena consegue lugar de fala e um rapaz...