Era tarde da noite.
Ele estava no bar, bebendo um bom whisky. A garota o olhava insistentemente. Ele lutava com todas as forças para controlar seu impulso de se levantar, sentar ao seu lado e puxar assunto, mas sabia que não adiantaria e mais cedo ou mais tarde tentaria uma aproximação. Mas ele gostava disso. Esse jogo de olhares era definitivamente uma das coisas de que mais lhe atraia. Deu mais um gole no copo.
Diabos. Ele sabia que não adiantaria nada ficar esperando. Teria que seguir seu instinto. Tomou coragem, levantou e sem dizer uma palavra sentou ao lado dela.
- Noite fria não? – disse para puxar assunto.
- Um pouco. – Respondeu a garota – Meu nome é Karen e o seu?
Ele respondeu e começaram a conversar. Falaram sobre os mais variados assuntos. Política, religião, misticismo. Parecia que se conheciam há anos. Tudo entre os dois era fenomenal. As garrafas de cerveja e copos de caipirinha não paravam de chegar à mesa. Após algumas insinuações e indiretas, ele sugeriu que fossem para um lugar mais reservado. Pedido que ela aceitou prontamente.
Seu carro estava um pouco longe, por isso foram andando pelas ruas escuras da madrugada. Começaram a se beijar em um beco escuro, próximo ao lugar onde se encontrava o carro dele.
Mãos avançavam por ambos os corpos com paixão e ardor. O tesão ia subindo por ambos. De repente, sem que ele percebesse, já estava colocando a mão por dentro de seu próprio agasalho e puxando algo.
-AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH. – foi o grito horrível que se seguiu.
O homem chegou em sua casa. Numa das mãos segurava um facão ensanguentado. Na outra, um embrulho que ainda pingava o precioso líquido vermelho. Pegou uma chave em cima da mesa e abriu a porta de um quarto. Em todas as paredes do quarto, haviam diversos seios, nos mais diversos formatos e tamanhos. Negros, brancos, rosados, escuros, grandes, pequenos. Alguns recortes em cima da mesa mostravam reportagens sobre um serial killer, que havia sido denominado “o caçador de peitos” por sempre cortar rudemente com uma faca os seios de suas vítimas. Ele abriu o embrulho, pegou sua nova aquisição e colou em um dos poucos lugares da parede em que ainda não haviam seios. Ficou parado admirando sua obra. Sabia que mais cedo ou mais tarde a vontade viria novamente, não importa o quanto ele fosse lutar contra ela, o quanto achasse aquilo doentio. A vontade era sempre mais forte que ele.
E a vontade veio. Algumas semanas após o ultimo ataque. Lá estava ele, mais uma vez no bar. Uma ruiva descomunal não parava de trocar olhares com ele. Era a parte que ele mais gostava. Escolher sua próxima vítima. Entre um gole e outro do whisky se aproximou da mulher.
Conversaram sobre tudo. Essa mulher tinha algo de diferente, ele pensava. A conversa com ela fluía mais fácil que o normal. Ele quase não queria fazer aquilo novamente. Quase.
Após pouco tempo de conversa, sugeriu que fossem para outro lugar. A mulher prontamente aceitou. O carro dele estava um pouco longe, então teriam que andar algumas quadras na madrugada escura e vazia.
O tesão começou a crescer entre eles. Começaram a se beijar em um beco qualquer, escuro e vazio.
Mãos avançavam por ambos os corpos. De repente, sem que percebesse, as mãos já estavam novamente na faca.
- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH – um grito horrível se seguiu, mais angustiante que o anterior.
E no dia seguinte, a notícia da primeira página do jornal dizia: “A colecionadora de pintos ataca novamente”.