Muito aquém de onde nossas expectativas podem chegar, está a facilidade em nos conformarmos com o medíocre, com o básico. Somos ordinários na supercífie e profundos em um conteúdo quase inalcansável. Se queremos amor, o queremos para amanhã e com um ritual próprio, acompanhado de festa e vestido branco para complementar o figurino. Se queremos luxo, o queremos na forma de suaves prestações ao longo do ano, de modo a não impactar no nosso orçamento. E se queremos desafios? Ah, esses devem vir sempre cercados de obstáculos "possíveis" de serem ultrapassados, porque, se forem muito altos, dá preguiça de saltar...
E na trilha sonora de tudo o que é ordinário estamos escutando o ritmo do "instantâneo", que dá ao compasso da canção, o tom frenético de uma aula de spinning. Mas, quando pensamos na melodia... Cadê a melodia? Melodia geralmente não é ordinária, tem cadência própria e combina com o amor verdadeiro. Essa sim dá trabalho. Então colocamos uma pitada no meio da canção, e seguimos rotineiramente no passo da multidão, que dança igualmente ensaiada, o mesmo ritmo do próximo carnaval.
E nessa avenida de pequenos seres alienados está a nova moda de prazer: a banalização das emoções que consegue transformar até o gozo em um reflexo hormonal e ordinário...
Fui! (Encontrar minha essência dentro de toda a minha "ordinariedade"...)
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Crônicas da Maria Scarlet
General FictionCrônicas retiradas do blog www.mariascarlet.com, da autora Cris Coelho. As crônicas são apresentadas por uma personagem chamada "Maria Scarlet", um espírito vagante que observa atentamente as mudanças sociais e comportamentais contemporâneas e anal...