E agora?

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Ana On:

Já tinha alguns meses que eu e a Vitória estávamos juntas, tudo era sempre tão mais lindo quando estamos juntas. O sol brilhava mais, a chuva era menos melancólica, e as tardes monótonas na minha folga era o que mais me dava paz, sempre vinha duma jornada de plantões exaustivos eu sempre me destacava de alguma forma, só que isso exigia cada vez mais de mim e poxa eu só tenho 24 anos tenho uma vida além dessa aqui no hospital.

- Dra Ana, estão te esperando na emergência. - Falou uma enfermeira.

Aí, mais uma vez meus pensamentos foram interrompidos por algum paciente acidentado, eu não os condeno eu amo muito o que faço só que eu já estou exausta dessa minha rotina aqui, depois do congresso com o Dr. Gregori nada mais de diferente aconteceu e eu não sou uma pessoa que se adapta muito bem com a rotina.

- Ele tá tendo uma parada, eu quero 2 miligramas de adrenalina e carrega em 200. - Falei para enfermeiras enquanto fazia massagem cardíaca num senhor de aparentemente 55 anos.

Aparentemente ele tinha batido o carro enquanto estava numa dessas rodovias, ele tinha o rosto bastante machucado e algumas fraturas nas pernas, como ele não estava reagindo a desfibrilação eu subi em cima da maca e com boa parte do meu peso continuei a massagem.

- Mais 2 miligramas e carrega a 250!

Me afastei e ele voltou a ter pulso, eu não poderia perdê-lo ele lembrava meu pai e o motivo pelo o qual eu lutara tanto por essa profissão, não poderia deixar a família dele sem ele assim como ficamos sem o papai. Pedi alguns exames para avaliar as condições do paciente e fui finalizar a ficha dele, vi que seu nome era Norberto e tinha 57 anos os policiais contataram a família para que viesse ao hospital e eu fui ver como ele estava, tinha tido uma concussão cerebral, fraturado o tornozelo e uma costela pedi que lhe fosse passado alguns analgésicos para o tornozelo e a costela, além da atadura e para o edema cerebral observação e coma induzido por 12 horas. Feito isso meu plantão terminou corrido como sempre, estava na recepção passando o mesmo quando Bárbara me abordou.

- Aninha meu amor, tava louca atrás de tu. - Ela falou afobada me abraçando.

- Ei Babi, o que foi mulher? - Abracei de volta.

- O que a gente sempre sonhou pode acontecer, aí eu tô tão animada aninha. - Ela falava animada andando daqui pra lá.

- Bárbara, pelo amor de Deus se acalma, o que tu tá falando? - Perguntei sem entender a felicidade.

- Ser médica sem fronteira Ana Clara, vai acontecer aqui no hospital. - Ela falava pausadamente. - Os residentes que mais se destacaram nesse ano foram convocados, e nossos nomes estão na lista!

- Co... Como assim Bárbara, quem te falou isso? - Perguntei sem acreditar.

- Dheerr NaClara, tá no painel do 5º andar desde essa madrugada todo mundo foi olhar, onde cê tá com a cabeça? - Ela falava incrédula.

- Um paciente complicado! - Falei colocando a mochila no ombro.


- Pois vai lá ver, eu vou pra casa contar pra todo mundo. - Me deu um beijo e saiu andando tão rápido quanto chegou.

Fui até o quinto andar checar as notícias da afobada da Bárbara, o caminho todo eu fiquei numa confusão sentimental sem tamanho por dois fatores, primeiro porque eu sempre sonhei com aquilo e queria muito que fosse real e segundo queria que não fosse porque eu tinha acabado de reencontrar Vitória na minha vida, fazia tão pouco tempo que não me sentia tão bem assim como estava me sentindo com ela ao meu lado que qualquer possibilidade de nos afastarmos de novo me dava um frio na barriga. Assim que a porta do elevador se abriu eu dei de cara com o painel, e lá estava, a lista dos residentes convocados para o Médico Sem Fronteiras.

Canção de HotelOnde histórias criam vida. Descubra agora